Pesquisa da Fiesp indica confiança e otimismo com relação ao momento atual e a 2009

08/12/2008 - 15h11

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Uma pesquisa divulgada hoje (8) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), indicou que 36% dos 1.205 empresários entrevistados pela entidade estão confiantes com relação ao momento atual e às expectativas para 2009. Entretanto, 29% responderam que estão pessimistas e 13% otimistas. Para 61%, os tributos são o maior problema para a atividade empresarial, seguido dos juros (17%) e do câmbio (14%). A pesquisa foi realizada no período de 30 de outubro a 18 de novembro.Com relação às vendas, 75% acreditam que haverá estabilidade ou aumento, enquanto 36% indicaram constância. Aqueles que acreditam na queda da rentabilidade totalizaram 29% e os que acreditam que a rentabilidade permanecerá constante são 39%. O nível de emprego na indústria deve ser maior para 20% dos entrevistados, enquanto 55% avaliam que será igual e outros 24% menor.Sobre as exportações, 40% dos entrevistados avaliaram que as taxas devem continuar no mesmo patamar de 2008 nos próximos dois anos. Aqueles que acreditam que tendem a diminuir devido ao ganho de competitividade e outros fatores são 18% para cada item. No caso das importações 23% disseram que as taxas devem aumentar, 45% acham que ficarão no mesmo patamar e 30% apontam queda.  Ao mesmo tempo em que evitou fazer projeções para o ano que vem, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que o país pode registrar crescimento zero no último trimestre de 2008 e no primeiro trimestre de 2009. “Mas falar de pessimismo não constrói nada. Não podemos pregar o otimismo enganoso nem o pessimismo desastroso. Nós temos que ter um realismo e buscar as providências, na medida em que houver necessidade”, disse o empresário. Skaf destacou a preocupação com a possibilidade de haver desvio de mercadorias asiáticas, que são vendidas no mercado europeu e americano para o Brasil a preços muito baixos, devido à queda da demanda nesses países. Para ele, é necessário criar medidas preventivas contra isso. “Nós armarmos com medidas construtivas é produtivo, se não for necessário não utiliza. Mas se for, nós teremos nossos mecanismos de defesa comercial preparados para tomar medidas rapidamente”, esclareceu Skaf.Com relação às exportações, Skaf afirmou que a volatilidade do dólar impede qualquer previsão. Mas ele disse acreditar que a moeda americana deve se estabilizar em algum momento em valores mais elevados do que os anteriores à crise econômica mundial. “Não sabemos ainda quando e em quanto vai estabilizar. Mas isso dá mais competitividade, porque aquele dólar baixo tirava a competitividade, mas por outro lado há uma crise internacional. Os mercados caem, por isso devemos estar preocupados e aceitar que há uma crise”, disse o empresário.O presidente da Fiesp ressaltou que o crédito ainda não voltou ao normal apesar das medidas do governo. Segundo Skaf, apesar da liberação dos compulsórios para os bancos injetarem crédito no mercado, há mais dificuldades e exigências por parte dessas instituições, além do custo mais alto. Ele salientou a necessidade de mais recursos para o crédito, já que muitas das empresas que tomavam recursos do exterior, em dólar, transferiram essa prática para o mercado interno, o que aumentou a demanda por crédito no país.Skaf revelou ainda que a entidade deve propor ao governo novas formas para liberar os compulsórios para o crédito de maneira que esses recursos não fiquem represados nos bancos. A proposta que deve ser levada ao governo e estudada junto com ele é a de usar esses compulsórios para financiar o governo e o governo financiar o pagamento de impostos. “É uma idéia que será aprofundada para avaliarmos se é factível, possível, legal. Vamos discutir, talvez seja um caminho”, disse.O empresário afirmou, ainda, que a indústria está lutando para manter o nível de emprego, mas admitiu que alguns setores já sentiram dificuldades, começaram a demitir e que esse processo pode aumentar no ano que vem. “Estamos lutando para minimizar, para haver compensações em outros setores”, disse Paulo Skaf.