Diplomatas discutem os rumos do Brasil ante a crise mundial

08/12/2008 - 15h18

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise econômica mundial e a nova administração norte-americanageram mais incertezas do que respostas. Este foi um dos consensos nasessão que abriu, hoje(8), a 3ª Conferência Nacional de Política Externa e PolíticaInternacional, cujo tema é O Brasil no Mundo que Vem Aí, realizada no Itamaraty, noRio de Janeiro. Acadêmicose diplomatas discutiram as questões prioritárias do cenáriointernacional e da política externa brasileira ante a escolha de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos (EUA). Também foi consenso que são incertas a duração e a profundidade dessa crise financeira, que se deflagrou justamente nos Estados Unidos.  Embora com ressalvas, todos avaliaram como positiva a mudança do governo norte-americano que, com Obama à frente, vem demonstrando maior pré-disposição para o diálogo eo fortalecimento das instituições internacionais, bem como uma postura menosunilateral e mais negociadora.O embaixador do Brasil nos EUA,Antonio Patriota, acredita que haverá mais disponibilidade do futuropresidente de cooperação multilateral com o Brasil, em alguns temasrecebidos com indiferença pelo atual governo norte-americano.“Sobretudo nas áreas de mudança do clima e de combate à pobreza”,comentou. A declaração de Obama sobre o fechamento deGuantânamo foi elogiada por alguns participantes, por indicar, para eles, que ofuturo presidente terá maior respeito pelo direito internacional. Oprofessor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de SãoPaulo, Gilberto Dupas, alertou, porém, que não se deve esperar demais do futuro presidente dos EUA.“Émuito difícil que Obama mude a lógica essencial da estrutura americanade poder, das políticas de defesa e interna. Acho que as expectativasde poder devem ser relativizadas”, disse. Por outro lado, Dupas acredita que abusca de consensos relativos cria um vácuo que possibilita maiorprotagonismo do Brasil, que tem, segundo ele, vocação para gerarconsensos.   Para o secretário-geral do Ministério das RelaçõesExteriores (MRE), o embaixador Pinheiro Guimarães, o panorama atualexige do Brasil maior articulação com os “grandes Estados emdesenvolvimento, como China, Índia, Argentina, entre outros”. Segundoele, é importante também que o país mantenha os níveis de investimentoe reafirme o potencial industrial brasileiro. “A indústria é essencialpela própria distribuição da população brasileira. Cerca de 85% dapopulação vive nas cidades e o país não pode basear seu desenvolvimentoeconômico apenas na agricultura. Este é o momento de aprofundaragregação de valor na economia brasileira”.