Mais de 32 mil homens se engajam pelo fim da violência contra mulher

06/12/2008 - 12h15

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 32 mil homensassinaram a campanha Homens Unidos pelo Fim da Violênciacontra as Mulheres, que se encerra hoje (6). No Brasil, a campanha é uma realização da Rede de Homens pela Eqüidade de Gênero (Rheg) e do Instituto Papai.Hoje éo Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim daViolência Contra as Mulheres e a campanha, associada à campanhamundial "United to End Violence Against Women", lançadaem fevereiro deste ano, mobilizou líderanças nacionaispelo fim da violência contra as mulheres. A idéia dacampanha e do decreto que instituiu 6 de dezembro como o dia de mobilização dos homens pelo fim daviolência  contra a mulher surgiu no movimento social emdefesa dos direitos humanos, na discussão sobre as questõesde gênero. “E, quando falamos de gênero, estamos falandode desigualdade dentro de uma perspectiva de base machista, que nãoafeta só as mulheres, mas também os próprioshomens”, observou o coordenador da Rheg e do Instituto Papai, Benedito Medrado. Segundo a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), em todo mundo, quase metade dasmulheres assassinadas são vítimas do marido ounamorado, atual ou ex. Em alguns países, até 69% dasmulheres relatam terem sido agredidas fisicamente e 47% declaram quesua primeira relação sexual foi forçada. EmPernambuco, somente este ano, 223 mulheres foram assassinadas. “Osautores da violência contra homens são os homens e osautores da violência contra mulheres são os homens.Nosso objetivo é demonstrar que ser homem não éser violento por natureza. Os homens aprendem essa postura”,explicou. Para Medrado, essa violênciaassociada à postura machista, é construídapelos costumes. “Culturalmente, há um afastamento dos homensdo cuidar dos outros. Quando alguém nasce ou adoece em umafamília é a mulher que vai cuidar, nunca o homem.Queremos mostrar que o homem pode assumir um outro lugar nessaquestão e pode dizer não ao machismo”, exemplificou.Para a mudançade pensamento, na opinião Medrado, várias frentesprecisam ser trabalhadas e a Lei Maria da Penha, que nãopermite penas alternativas para agressores de mulheres, tem um papelfundamental. “A educaçãoé uma das frentes, mas não é a única.Outra forma é a adoção de medidas mais duras,punitivas da violência contra mulher. Nesse caso, consideramosa Lei Maria da Penha uma conquista. Procuramos demonstrar para osoutros homens que a lei [Maria da Penha] não é contra ohomem, ela é contra a violência contra a mulher e se eusou homem e tenho essa postura, ela não pode ser contra mim."Medrado destaca que a lei deve ser instrumento para mudar a realidade de violência doméstica. "Precisamos trabalhar na perspectiva das instituições ea Lei Maria da Penha é uma instituiçãoimportante para que possamos mudar a realidade da violênciadoméstica, que acontece no ambiente familiar, entrepessoas que possuem uma relação afetiva. A Lei Maria daPenha é um ponto importante para mudarmos o pensamento de queem briga de marido e mulher não se mete a colher”, ponderou.Para Medrado, o impactoda Lei Maria da Penha não pode ser traduzido somente pelonúmero de pessoas presas. “O impacto dessa lei ésimbólico e talvez ela só cause efeito na sociedadenas próximas gerações porque nossos filhos enetos nascerão em um país no qual a violênciacontra mulher é um crime específico.”