Mestres da cultura popular fazem encontro em Juazeiro do Norte (CE)

03/12/2008 - 13h55

Morillo Carvalho*
Enviado Especial
Juazeiro do Norte (CE) - Reisados, congadas, maracatus. Expressões da cultura popular brasileira que não são realizadas por artistas, mas por “brincantes”, que, por meio de seus mestres, se perpetuam na identidade do país. No Ceará, até sábado, duzentos destes mestres se reúnem para trocar conhecimentos. É o 4º Encontro Mestres do Mundo, que acontece simultaneamente nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha – região conhecida como “oásis do sertão”, o cariri cearense.A abertura oficial do evento aconteceu na noite de ontem (2). Em um grande cortejo, os mestres e seus brincantes passaram pelas ruas do centro de Juazeiro Norte, considerada como Capital da Fé – graças às romarias em honra a Padre Cícero, que é santo para quem crê, embora não reconhecido pela Igreja como tal – e como celeiro de cultura – por ser exportadora de artistas, especialmente populares.Onze mestres – cordelistas, dramistas, artistas em couro, de reisados e da cultura indígena – foram diplomados como “Tesouros Vivos da Cultura Popular”. Participaram da abertura o secretário da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Américo Córdula, a secretária adjunta de Cultura do Ceará, Delânia Azevedo, e autoridades locais.“Além de permitir que os mestres se conheçam, circulem e troquem informações, teremos a oportunidade de encontrar 260 premiados no 1º Prêmio Culturas Populares, que foi ano passado. Destes premiados, temos mestres, grupos tradicionais, associações, experiências de iniciativas públicas. Ao mesmo tempo, os mestres vão participar das rodas de mestres, que já é uma tradição do encontro”, destaca Córdula.Durante o encontro Mestres do Mundo também é realizado o Seminário Nacional de Culturas Populares. Com a participação do Ministério da Cultura, o evento, que era restrito à reunião de líderes de grupos populares apenas do Ceará até a última edição, ganha dimensão nacional. Pesquisadores de todo o país, ganhadores do Prêmio Culturas Populares, também estão no cariri.“É muito importante os mestres se conhecerem. O segmento da cultura popular sempre foi invisibilizado por políticas públicas. Além de permitir esse encontro, o evento tem a importância de debater políticas públicas que sejam voltadas para esse segmento. Já realizamos três seminários e agora estamos nos associando ao encontro que já teve três versões no Ceará", completa o secretário.Para a secretária adjunta de Cultura do Ceará, Delânia Azevedo, a realização conjunta significa a união da teoria com a prática.“Percebemos que estávamos fazendo a mesma coisa em momentos diferentes e em lugares diferentes. O encontro de mestres é mais focado na troca de saberes deles, as rodas, a sistematização desses saberes que eles trocam uns com os outros. O seminário era mais uma ação acadêmica, focada nos entendimentos do que é a cultura popular. Juntamos a teoria e a prática e eu acho que foi um gol de letra”, defende.