Governistas insistem em votar reforma tributária mesmo sem acordo

27/11/2008 - 19h22

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Líderes de partidos da base aliada ao governo reuniram-se, na tarde de hoje (27)com o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para pedir empenho na votação da reforma tributária a partir da próxima semana. "Queremos votar a reforma porque é bom para a economia brasileira. A disposição do governo é votar a matéria o quanto antes", disse o líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), após a reunião com Chinaglia.Segundo Fontana, o governo aceita negociar com a oposição alguns conteúdos da proposta para votá-la nos próximos dias. Ele informou que, na terça-feira (2), os aliados terão nova reunião com os líderes da oposição para buscar acordos. Fontana afirmou que, se não se chegar a um acordo e a oposição obstruir as votações na Casa, vai dificultar a apreciação da reforma tributária.O vice-líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), informou que os líderes da base foram dizer a Chinaglia que querem votar a reforma na próxima semana. Barros disse que as negociações com a oposição vão prosseguir nos próximos dias na tentativa de fechar um acordo em torno do relatório do deputado Sandro Mabel (PR-GO). "Ainda faltam entendimentos em alguns pontos do texto a ser votado.""Devemos continuar perseguindo a votação da reforma. Temos que levar o texto principal para votação no plenário", disse o líder do PR, Luciano Castro (RR). Segundo ele, a batalha da reforma vai se dar na votação das emendas e destaques, onde são feitos os ajustes e resolvidos os interesses dos estados, dos governadores, dos prefeitos e dos empresários. Castro ressaltou que, para o governo, a votação neste ano, pelo menos do texto principal, vai sinalizar positivamente para a economia. O líder reconheceu que há posições discordantes sobre a matéria, mesmo dentro da base governista, por causa da complexidade do assunto. Ele disse que, votando-se o texto principal, a votação dos destaques pode se der em fevereiro ou março do ano que vem.O líder do PSDB, José Anibal (SP), criticou mais uma vez a pressa dos governistas em votar a reforma neste ano, em um momento de crise internacional, cujos efeitos no Brasil ainda não podem ser previstos. "Uma das piores coisas dos aliados do governo está sendo transformar a reforma tributária em uma rinha política com São Paulo", afirmou Aníbal. "Vão [os aliados do governo] tumultuar o processo o máximo, mas não vão conseguir votar."Antes de ter início a votação da reforma tributária, o Plenário da Câmara terá que votar pelo menos duas medidas provisórias, a 440 e a 443, que foram alteradas nas votações do Senado Federal. Como essas matérias estão trancando a pauta, nenhuma outra proposta poderá ser votada antes delas.A oposição promete obstruir já as votações das duas medidas provisórias. Outras três MPs aguardam votações no Senado e, se forem alteradas, voltam para novas deliberações da Câmara. Com obstrução, tem-se levando mais de sete horas para votar uma MP na Câmara.