Leilão de linhas de transmissão do Madeira obtém deságio médio de 7,15%

26/11/2008 - 17h44

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) licitou  nesta quarta-feira, em leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, com deságio médio de 7,15%, todos os sete lotes de linhas de transmissão e de subestações para implantação, operação e manutenção das instalações de transmissão que deverão integrar o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia, ao Sistema Interligado Nacional (SIN).A participação das empresas controladas pela estatal Eletrobrás foi fundamental para o êxito do leilão que obteve o menor ágio desde 2001, quando as empresas do governo ainda não podiam participar do processo.As linhas de transmissão licitadas envolvem 2.375 quilômetros de extensão serão construídas em um prazo de 36 a 50 meses a partir da assinatura dos contratos de concessão e envolvem, na estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), investimentos de R$ 7,2 bilhões.Na avaliação do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e do diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, a licitação foi  “um sucesso”, principalmente se for levado em conta a crise financeira internacional.“Eu considero que o leilão foi um sucesso. Nós estamos seguindo uma estratégia de leiloar as duas usinas, depois as linhas de interligações e depois havia uma grande discussão de você dá condições para as formas hibrida e corrente contínua de transmissão, e as condições mostraram que as linhas de transmissão de corrente contínua foi a vencedora", disse Zimmermann. Para o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, vencer as dificuldades internacionais provenientes da crise financeira mundial foi o desafio a ser vencido. "O leilão nos deixou satisfeitos, tendo em vista as dificuldades no cenário internacional. Houve deságio e o deságio significa um preço um preço tarifário menor. A menor concorrência foi em decorrência da crise e da existência de menor nebulosidade no horizonte”, disse ele. Sempre em parceria com empresas privadas, inclusive estrangeiras, as empresas estatais foram as maiores vencedoras do leilão desta quarta-feira. O Grupo Eletrobrás levou cinco dos sete lotes oferecidos no leilão, aí incluídas as principais linhas de transmissão, representado por Furnas, Chesf, Eletronorte, e Eletrosul.A Eletrobrás, sempre com menor participação nos consórcios sob o ponto de vista da disputa isolada, participou de consórcios com as empresas privadas Cteep (controlada pela colombiana ISA) a Abengoa (de capital espanhol) e a brasileira Andrade Gutierrez. A Cymi Holding, empresa de capital espanhol, arrematou sozinha os lotes B e E.Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann a maior garantia de financiamento por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)  foi fundamental para o resultado bem sucedido do leilão.Embora o modelo adotado pela Aneel para o leilão considerasse duas alternativas tecnológicas para as linhas de transmissão do Complexo do Rio Madeira (Corrente Contínua e e Hibrida (corrente contínua e corrente alternada), as propostas de corrente continua foram as vencedoras. Pouco usadas no Brasil, elas são, na avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim,  mais “adequadas” para linhas mais longas.As linhas de transmissão licitadas nesta quarta-feira interligarão as usinas Santo Antônio e Jirau, no Complexo do Rio Madeira, ao Sistema Interligado Nacional (SIN).Desde 1998, a Aneel já licitou e autorizou a construção de 34,083 mil quilômetros de linhas de transmissão, sendo que deste total 15.407 quilômetros já estão em operação. Somente este ano,  2,227 mil quilômetros de linhas foram energizados e há previsão de entrada de mais 1,730 quilômetros até o final do ano.