Jovem latino-americano é 30 vezes mais vulnerável a homicídios do que o europeu

25/11/2008 - 18h34

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os jovens latino-americanos estão muito mais gravementeexpostos ao risco de serem vítimas de homícidio do que aqueles que vivem em outros continentes. Astaxas de homicídio na América Latina duplicam atémesmo as africanas e guardam um abismo em relação aosíndices europeus. A constatação é uma das conclusões do “Mapada Violência: os Jovens na América Latina"divulgado, hoje (25), em Brasília, pela Rede de InformaçãoTecnológica Latino-Americana (Ritla), em parceria com oMinistério da Justiça e o Instituto Sangari.“A probabilidade deum jovem da América Latina morrer vítima de homicídioé 30 trinta vezes maior que a de um jovem da Europa e acima de70 vezes maior que a de jovens de países como a Grécia,Hungria, Inglaterra, Áustria, Japão ou Irlanda”,apontou o estudo. Os países da região se destacam pelas suas elevadas taxas de mortalidade por armas de fogo, tanto entre a população total  como entre os jovens. Considerados os homicídios juvenis, os paíseslatino-americanos ocupam as cinco primeiras colocações entre os 83 países abrangidos pelo levantamento. Outro indicador que confirma a posiçãodesfavorável daAmérica Latina no cenário mundial em relaçãoaos homicídios são os números apurados no Uruguai, país com menor taxa de homicídios da região. Com o índice de 4,5 homicídios por cada 100 milhabitantes o país ocupa a 35ªposição no ordenamento internacional, em um grupo detaxas moderadas a altas.Os países da região se destacam pelas suas elevadas taxas demortalidade por armas de fogo, tanto entre a população total  comoentre os jovens.O diretor de pesquisa do Instituto Sangari, Julio Jacobo, explicou que a principal causa associada aos níveis de homicídios no continente é desigualdade social. "Uma poderosa explicação da mortalidade por homicídiossão os índices de concentração de renda. Nos países que analisamos, 50% doshomcídios juvenis são explicados pela relação entre os 10% mais ricos e os 10%mais pobres. É o confronto, no mesmo espaço geográfico, entre riqueza e pobrezaque torna visível a injustiça social e provoca o drama vivido na AméricaLatina" Segundo o diretor executivoda Ritla, Jorge Werthein, soluçãopara a melhoria das taxas de mortes violentas na Américza Latina passa pelo investimento em programas que diminuama desigualdade na distribuição de renda, com geraçãode empregos e aperfeiçoamento educacional. “Precisa desenvolverfundamentalmente políticas de inclusão social, paraatender essa população jovem muito desprotegida e muito vulnerável na América Latina. Se você tempolíticas, campanhas sistemáticas de educaçãosobre o tema, tem possibilidade de melhorar. Não tem que ir aNova York ou à Europa. Pode ir à Colômbia, ondevemos programas de inclusão social exitosos. Podemosdesenvolvê-los no resto da América Latina”, argumentouWerthein.No Brasil, Wertheindestacou como ações governamentais meritóriasno enfrentamento da violência, que devem ser continuadas como oPrograma Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e ProgramaNacional de Inclusão de Jovens (ProJovem). Ele tambémelogiou aprovação da Lei Seca, que endureceu aspunições para motoristas que dirigem embriagados e temefeito potencial direto sobre o número de mortes poracidentes de trânsito, que são incluídas uma das vertentes de homicídios incluída napesquisa da Ritla. A principal fonte dedados utilizada na elaboração do estudo - que abrange afixa etária dos jovens de 15 a 24 anos - foi o Sistema deInformação Estatística da OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS).