Mais da metade dos clientes de programa de microcrédito sobe de classe social

24/11/2008 - 18h27

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O programa CrediAmigo, criado há dez anos pelo Banco do Nordeste (BNB), levou a instituição a deter cerca de 65% do mercado de microcrédito no país. A pesquisa Microcrédito, Dinâmica Empresarial e a Nova Classe Média: Impactos do CrediAmigo, divulgada hoje (24) no Rio, mostra que o avanço do lucro médio do pequeno negócio servido pelo CrediAmigo é de 35%, com elevação do consumo das famílias de 28% depois da entrada no programa, que não tem subsídios.

 “O ganho relativo de lucro em um ano de quem é cliente do CrediAmigo, em relação a quem não é, é de 8% ”, disse o economista Marcelo Néri, chefedo Centro de  Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), ao divulgar a pesquisa. Segundo Néri, o programa, que tem forte presença no setor informal da Região Nordeste, é uma importante ferramenta de crédito para o pequeno empreendedor brasileiro pela escala que pode vir a atingir. O programa tem hoje 400 mil clientes, “mas pode crescer bastante nessa época de crise creditícia”.

A pesquisa identificou uma mobilidade social ascendente maior em relação à renda familiar entre os clientes do CrediAmigo: 55% dos pequenos empresários que pertenciam à classe E e eram clientes do programa ascenderam de classe social, enquanto na média da população, esse número é de 39%. “Ou seja, não aumenta só o lucro, mas também a renda da família como um todo.”

Outra constatação é que há uma nova agenda de política pública no país, combinada com mecanismos de mercado, que pode gerar frutos positivos no curto e médio prazos. “Ajuda-se o mercado a funcionar, mas sem tentar substituí-lo”, comentou o economista. O CrediAmigo pode ter “o tamanho do problema dos microempresários brasileiros, porque boa parte da pobreza está ligada ao setor informal. Se não houver soluções e agenda para lidar com a informalidade, a pobreza vai continuar alta no Brasil”, afirmou Néri. 

Para ele, o programa representa o caminho do meio para a resolução do problema no país, com qualidade. O CrediAmigo acabou de receber premiação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como a melhor instituição de crédito regulado da América Latina em 2008. “Falta conhecer para reconhecer e dar escala”, sugeriu o economista.

O Centro de Políticas Sociais da FGV lança na noite de hoje, no Rio, o livro Microcrédito, o Mistério Nordestino e o Grameen Brasileiro: Perfil e Performance dos Clientes do CrediAmigo.