Infraero nega pedido de demissão de Gaudenzi

20/11/2008 - 19h29

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em meio a rumores de que Sergio Gaudenzi estariaprestes a deixar a presidência da Empresa Brasileira de Infra-EstruturaAeroportuária (Infraero), a assessoria da estatal responsável poradministrar 68 dos principais aeroportos brasileiros voltou hoje (20) a negar queele tenha apresentado pedido de demissão ao ministro da Defesa,Nelson Jobim.Embora boatos sobre a substituição de Gaudenzi sejamuma constante desde que, em agosto de 2007, Jobim o convidou a deixar ocomando da Agência Espacial Brasileira para assumir a Infraero, ahipótese ganhou força após o próprio Gaudenzi declarar não ser a pessoaindicada para conduzir um eventual processo de privatização deaeroportos.Desde junho deste ano, quando o governador do Rio deJaneiro, Sérgio Cabral, defendeu que a gestão do AeroportoInternacional Antônio Carlos Jobim, o Galeão, fosse transferida para ogoverno estadual, Gaudenzi tem dito ser contrário à privatização dos poucos aeroportos lucrativosadministrados pela Infraero. No início deste mês, no entanto, ele foialém, declarando que não lhe resta outra saída senão colocar seu cargoà disposição caso o governo opte por conceder os aeroportos àiniciativa privada.“Se o caminho vai por esse lado, eu me sinto, nomínimo, na obrigação de por o cargo à disposição. O governo vai ver oque quer. Eu tenho uma posição e não recuo, porque acho que estoucerto. Então eu deixo isso aí ao presidente [Luiz Inácio Lula daSilva], ao ministro [da Defesa, Nelson Jobim], tranqüilamente”,declarou.Depois do episódio, começaram a surgir na imprensa os nomes depossíveis substitutos de Gaudenzi, quase todos ligados ao PMDB, caso doengenheiro Rogério Luiz Zeraik Abdalla e do atual diretor de operaçõesdos Correios, Marco Antônio Marques de Oliveira.Hoje, Abdalla confirmou à Agência Brasil ter sido sondadopara ocupar um cargo na diretoria da estatal, mas negou que tenham lheoferecido a presidência da empresa. Ele diz ter recusado o convite paracontinuar chefiando a assessoria da presidência da Companhia Nacionalde Abastecimento (Conab), mas confirmou o interesse do PMDB no posto aoafirmar que “com certeza, o partido irá indicar alguém que tenhasinergia com o ministro Nelson Jobim e que tenha conhecimento sobre oassunto”.A assessoria de imprensa da Infraero amenizou as declarações do presidente da estatal. “Ele disseapenas que estava deixando sua posição clara, ou seja, que não era afavor da privatização e sim da abertura de capital da empresa.Questionado se sairia por conta da privatização, ele afirmou que esta éuma decisão que não compete a ele, mas que se isso ocorrer, seu cargosempre esteve à disposição por ser de livre nomeação e de confiança dogoverno”.Indiferente às manifestações de Gaudenzi, Jobim garante que a privatização, não só do Galeão, mas também do Aeroporto deViracopos, em Campinas (SP), é certa. Segundo o ministro, embora existam estudos deviabilidade estejam sendo realizados pelo BNDES, o governo já tomou a“decisão política” de repassar os dois equipamentos para a iniciativaprivada. Para ele, a perda de receitas da Infraero será sanada com uma“reorganização interna” da estatal.Por meio de sua assessoria, o Ministério da Defesainformou não estar tratando da possível saída de Gaudenzi ou dequalquer outro diretor da estatal. Segundo a assessoria, o estudo sobrea privatização de aeroportos é uma orientação do governo e pôr o cargo à disposição por discordar do processo é uma questão de foro pessoal que não compete ao ministério comentar.