Investigação ao assalto do BC de Fortaleza termina com 122 presos

19/11/2008 - 17h09

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A investigaçãoiniciada em agosto de 2005 pela Polícia Federal (PF) parainvestigar o assalto ao Banco Central de Fortaleza terminou com 122presos e cerca de R$ 40 milhões recuperados de um total de R$164 milhões que foram roubados. Segundo o delegado Antônio Celso,responsável pelo inquérito, o crime é o segundomaior roubo já registrado no mundo. Os ladrões cavaramum túnel de cerca de 200 metros de extensão e comprofundidade de cerca de quatro metros. Eles violaram cincocontêineres onde eram guardadas notas de R$ 50, recolhidas dosbancos para análise do estado de conservação.Dos 36 bandidosidentificados como envolvidos diretamente no crime (planejamento,escavação do túnel etc), quatro morreram e 26foram presos. Outros dois morreram sem terem suas identidadesconfirmadas e quatro ainda estão foragidos. Segundo AntônioCelso, eles podem ser presos a qualquer momento, e a investigaçãoterminou antes que eles fossem retidos porque não hámais “trabalho de inteligência” a ser feito.A última prisãofoi a do ex-prefeito do município de Boa Viagem (CE), AntonioArgeu. Ele voltava de uma viagem a Brasília quando foisurpreendido no aeroporto de Fortaleza. Nas últimas eleiçõesele concorreu novamente à prefeitura da cidade pelo PMDB eficou em terceiro lugar. Argeu teria dado R$ 100 mil àquadrilha para financiar a escavação do túnel epor essa participação recebeu R$ 4 milhões.“Esse furto ao BancoCentral acabou se transformando em um vetor de variados outros crimesassociados a ele. Nós tivemos seqüestros, mortes e muito dessedinheiro foi usado para o tráfico de drogas, compra de armas efinanciamento de outros crimes do mesmo modelo”, aponta o delegado.Segundo ele, outros assaltos a banco no mesmo formato - que estavam sendo planejadosem Maceió (AL), Porto Alegre (RS) e Assunção, noParaguai - foram evitados a partir das investigações daOperação Touperia. Em Porto Alegre foram 28 presos naescavação de um túnel, sendo que trêsdeles também estavam envolvidos no roubo de Fortaleza. Cerca de sete policiais civis também foram presos por extorsão aos envolvidos no crime. Os três bandidos que chefiaram o assalto tiveram destinos diferentes. Luiz Fernando Ribeiro foimorto, Antônio dos Santos, o Alemão, foi preso e Moisésda Silva continua foragido. Este último tem envolvimento em vários outroscrimes e é o bandido mais procurado pela Polícia de SãoPaulo, segundo Celso.Dos cerca de R$ 50milhões recuperados, R$ 20 milhões foram emespécie e o restante por bens confiscados. “É muitodifícil que possamos recuperar mais. Quanto mais tempo passa,mais difícil é recuperar porque o bem levado ébastante volátil, é dinheiro vivo. Quando falamos em R$50 milhões de um total de R$ 164 [milhões] as pessoas acham que épouco, mas diante do que isso representa em valores, é uma dasmaiores apreensões que a PF fez em todos os tempos”, explicaCelso.A operação, que é considerada uma das maiores já realizadas pela PF, mobilizou de 200 a 300 policiais. Pelo grandenúmero de envolvidos no crime, a polícia dividiu o proceso em células e grupo de investigações. A tática foi usada parapreservar o sigilo da investigação e acelerar ojulgamento. Ao total, os bandidos foram separados em 13 células, de acordo com o envolvimento de cada membro no crime. “Se fosse tudo em ummesmo processo, o primeiro advogado de defesa de um dosindiciados ia ter acesso ao restante dos nomes dos investigados, aosdetalhes das investigações e tudo estaria comprometido,explica Celso.