Há muito mito sobre a cana-de-açúcar, diz presidente da Unica

19/11/2008 - 19h40

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Por estar sob os holofotes graças ao seu desempenho excepcional no mercado internacional, a cana-de-açúcar tem sido associada a inverdades, segundo o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Marcos Jank. Ele  participou hoje (19) de um painel na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, em São Paulo."Há muito mito no Brasil sobre o nosso produto", afirmou Jank. Segundo ele, o cultivo de cana-de-açúcar não é responsável pela derrubada de florestas. "A cana é um produto perecível e que só pode ser transportada em uma distância de até 40 quilômetros. Não faz sentido dizer que estamos derrubando a floresta", ressaltou. Segundo Jank, o setor é favorável à criação de um zoneamento do governo federal "exatamente para não acusarem a cana de desmatar florestas". "Um ambientalista disse que era a favor da plantação de cana em áreas já desmatadas. Somos contra para não dizerem que derrubamos a Amazônia ou avançamos sobre o Pantanal ou que somos responsáveis pela alta dos preços dos alimentos".De acordo com o presidente da Unica, o progresso da indústria açúcareira e de etanol afeta outros setores da economia, como a automobilística e a petrolífera e por isso há tanta expeculação sobre o produto. Segundo Jank, outro mito que envolve o setor é o de trabalho escravo. "Temos problemas sim, mas o trabalho em condições análogas ao de escravo é uma exceção, não uma regra. Quando se divulga isso até parece que no Brasil acorrentamos pessoas. O que temos aqui são as condições degradantes de trabalho", afirmou. Jank ressaltou que os salários dos trabalhadores do cultivo da cana está aumentando gradativamente se comparado com outras culturas e que a indústria presente em cerca de 20 estados da federação tem poucos casos autuados e nenhum transitado em julgado [com sentença definitiva]. "Queremos o reconhecer as melhores práticas e qualificar os empregados para nossa própria indústria para mostrar que estas denúncias são casos isolados". O presidente da Unica acredita que uma forma de acabar com os mitos é investir em comunicação sobre o setor. "E temos que ter também diálogo para banir as inverdades", completou. Para ele, outra maneira de acabar com as inverdades sobre a cana é discutir novos critérios para sua produção e comercialização. "É preciso ter equilíbrio baseado em conhecimento real e estatistícas sobre estes critérios", disse. Segundo Jank, as empresas do hemisfério sul também devem participar das conversas sobre a sustentabilidade. "Hoje há condições diferentes para quem produz etanol ou açúcar, mas a cana é a mesma para todos os produtos. É preciso pensar em critérios para a cana pensando nos impactos econômicos, sociais e ambientais, que são os três pilares da sustentabilidade", completou.