Economista atribui alta do IPC-S ao efeito câmbio

10/11/2008 - 14h03

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, atribuiu hoje (10) a elevação deste indicador ao "efeito câmbio". O IPC-S da última semana ficou em 0,58%, na maior alta desde a terceira semana de julho (0,67%). “Essa aceleração ocorreu mais por conta da pressão do câmbio do que em função da demanda pelos produtos, e isso deve continuar até o fechamento do ano”, disse o economista.Para ele, o fato de a inflação estar se acelerando, não pela corrida às compras, mas pelo repasse da valorização do dólar, tem fundamentado as previsões sobre a possibilidade de um corte na taxa básica de juros (Selic), na última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para dezembro. Os analistas ouvidos pelo pelo Banco Central para a publicação do boletim Focus, divulgado hoje, acenaram com a possibilidade as chances de a taxa baixar de 13,75% para 13,25%.O analista técnico e diretor da Enfoque, Fausto de Arruda Botelho, no entanto, considera pouco provável uma alteração na taxa diante de todo o cenário que se desenha na economia mundial por causa da crise financeira. Botelho informou que, no início deste mês, o dólar comercial valorizou 37% sobre o valor mais baixo registrado no ano, que foi em R$ 1,56 em 1º de agosto último.Segundo ele, até então, a mais baixa cotação havia sido registrada em 17 de janeiro de 1999 (R$ 1,54). Nesse período, o país passou a adotar a política do câmbio flutuante. Já o valor máximo foi atingido em 23 de outubro com R$ 2,53, uma valorização de 62,60%.Ao analisar a evolução do câmbio nos últimos anos, Botelho observou que o pico máximo de desvalorização do real ocorreu em 10 de outubro de 2002. “O dólar comercial chegou a bater em torno de R$ 4, cotado a R$ 3,99”, lembrou o economista. Naquela época, o que levou a essa alta foi o temor do mercado com a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.