Enade divide opiniões de estudantes de ensino superior

09/11/2008 - 8h57

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Criado em 2004, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes(Enade), divide opiniões de universitários. Hoje (9), 564 mil alunos participam da prova, que éobrigatória. Quem não fizer o exame, corre o risco de o estudante ficar sem diploma. Para o coordenador-geral do Enade, Webster Cassiano,a avaliação enfrenta cada vez menos resistência dos estudantes. “Na prática, essa resistência étraduzida em boicotes à prova. E hoje eles são muitoraros”, afirma.Na edição de 2007, o percentual deestudantes que boicotaram o exame foi de2,29%, entre 189 mil alunos. Os participantes que optam pelo boicote comparecem à avaliação,mas não respondem às questões como forma deprotesto. A posição a favor ou contra varia entre osalunos das instituições públicas e particulares:em 2007, o índice de boicote nas privadas foi de 0,76%, contra7,88% nas públicas.A aluna Ana Carolina Vieira, de 19 anos, éuma dos estudantes que participa do exame hoje domingo e aprova a avaliação. Ela cursa engenharia de telecomunicações no Instituto deEducação Superior de Brasília (Iesb) e esperaque o Enade traga respostas sobre a qualidade do ensino."Acho importante participar para poder avaliarse a qualidade do ensino que eu estou recebendo é mesmo boa.Independentemente de ser obrigatório ou não, euparticiparia de qualquer forma”, afirma.Pedro Paulo Rosa, de 23 anos, também foiconvocado a participar do exame neste domingo, mas é contra a avaliação. Formando do curso de geografia daUniversidade de Brasília (UnB), ele não considera o Enade ummétodo eficaz de avaliação. Ele vaiboicotar a prova, assim como alguns de seus colegas de curso.“A decisão não éunanimidade entre os estudantes do curso, são opçõesindividuais. O boicote é uma forma de manifestar que nãoestamos contentes com esse método e que o MEC deveria repensaro modelo”, defende.Para ele, a avaliação daqualidade do ensino precisa levar mais em conta aspectos como aprodução científica do corpo docente e osprojetos desenvolvidos pela faculdade. A União Nacional dosEstudantes (UNE) também é contra o Enade e defende oboicote.A opção pelo participação no exame tambémvaria de curso para curso. Em 2007, o maior índice de boicote foiregistrado entre os estudantes de serviço social (12,62%). Jáo curso com menor percentual foi tecnologia em agroindústria, com 0,16%.O formando do curso de engenharia em telecomunicações do Iesb, Adriano Moura, considera fundamental haver mecanismo de avaliação paracontrolar a qualidade do ensino superior. Ele faz a prova hoje, mas critica a metodologia do exame.“Fazer só uma avaliação nocomeço e outra no fim não mensura o conhecimento do aluno. Oideal seria uma avaliação seriada, até mesmopara o estudante ter um feedback do ensino que estárecebendo e quem sabe até migrar para outra instituição.”Para Moura, a prova também nãodeveria ser obrigatória. Ele lembra que ao final do curso oaluno tem outras prioridades e muitos podem não darimportância ao Enade.“Eu, por exemplo, estou me dedicando integralmente àmonografia, que apresento na segunda-feira. Mesmo assim faço o Enadeneste domingo. Acho que o resultado do exame fica comprometido com essaobrigatoriedade”, opina.