No Rio, adolescente acusa soldados do Exército de tortura

06/11/2008 - 17h16

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um adolescente de 16 anos acusa soldados do Exército de tortura. A vítima registrou queixa na 33ª Delegacia de Polícia, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, ontem (5) acusando cinco soldados da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada de o terem espancado e jogado um spray no rosto e no corpo, provocando queimaduras de primeiro e segundo graus.O adolescente contou que havia pulado o muro do quartel junto com um colega de 20 anos para fumar maconha e que ambos correram ao serem avistados pelos militares. Ele, no entanto, não conseguiu fugir e foi alcançado, sendo então torturado.O serviço de Relações Públicas do Comando Militar do Leste informou, por telefone, que o caso já está sendo apurado e que se ficarem comprovadas as agressões por parte dos soldados, eles serão punidos.O adolescente foi medicado no hospital estadual Albert Schweitzer, em Realengo, e liberado. Hoje cedo, a família o levou para exame de corpo delito no Instituto Médico Legal em Campo Grande, também na zona oeste. A irmã da vítima, Vanessa Araújo, disse que o adolescente teve um ferimento profundo no olho esquerdo e que os médicos do hospital Albert Schweitzer disseram que há risco de perda da visão. Segundo ela, as queimaduras serão tratadas no hospital do Andaraí, na zona norte da cidade, para onde o jovem foi levado.“Meu irmão ficou muito machucado e agora a gente quer saber quem vai se responsabilizar por essa agressão”, reclamou Vanessa.Em junho deste ano, onze militares do Exército foram acusados de envolvimento com a morte de três jovens do Morro da Providência, zona portuária da cidade. Segundo a denúncia, que foi recebida pela Justiça Militar em agosto, os militares, que faziam a segurança das obras do Projeto Cimento Social, de reforma de casas do local, são acusados de entregarem três jovens moradores da favela a traficantes do Morro da Mineira, controlado por uma facção criminosa rival. Os três apareceram mortos no dia seguinte. Além da denúncia militar, os acusados também estão sendo processados pela Justiça Federal por três homicídios triplamente qualificados.