CUT defende que crise seja discutida com foco no emprego

05/11/2008 - 19h03

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Central Únicados Trabalhadores (CUT) divulgou hoje (5), em evento realizado em SãoPaulo, uma análise sobre a crise financeira internacional, solicitandoque o debate sobre o assunto tenha como foco o emprego. Do estudo,assinado por membros da entidade e do Departamento Intersindical deEstatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), constam 20sugestões de medidas que deveriam ser tomadas pelo governo para que ostrabalhadores não sejam prejudicados com os possíveisefeitos das turbulências do mercado."Os trabalhadoresnão podem pagar pelo o que aconteceu no sistema financeiro", afirmou o presidente nacional da CUT, ArthurHenrique. “Ostrabalhadores acabam sendo os mais prejudicados em um momento decrise como este”, complementou o secretário-geral daentidade, Quintino Severo. “Queremos apresentar algumas alternativaspara enfrentarmos o problema.”De acordo com osestudo, algumas dessas alternativas são: a ratificaçãoda Convenção 158 da OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), que muda as regras para demissãosem justa causa; a redução da carga horária detrabalho de 44 horas para 40 horas semanais; e a ampliação depolíticas para geração de emprego,principalmente, na agricultura familiar.“Com mais empregos,temos mais gente trabalhando, mais renda, mais consumo”, disse o presidente da entidade. “Assim, entramos em um círculo virtuosopara combater a crise.”Arthur Henrique destacou outra sugestão CUT, apresentada no estudo, que é a ampliaçãodos investimentos, inclusive os sociais e de transferência derenda. Ele defendeu que o governo federal reduza o superávitprimário e use esse dinheiro em obras, como as do Programa deAceleração do Crescimento (PAC); amplie a capacidade deempréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES); e flexibilize a Lei deResponsabilidade Fiscal para que estados, municípios efederação aumentem seus investimentos.Na análise daCUT e do Dieese, outras duas medidas sugeridas têm caráteremergencial. A primeira é a criação de um planode renegociação de dívidas de pequenas empresase trabalhadores. Com isso, inadimplentes voltariam a pagar suascontas e o dinheiro voltaria a circular. Já a segundaé a desoneração de produtos básicos, comoalimentos e remédios, para que a população maispobre não sinta os impactos da alta do dólarfrente o real.A entidade sugere ainda mudanças na política monetária, ofortalecimento do Mercosul e mais rigor quanto aocumprimento do papel social dos bancos. Também éexigido que todo o dinheiro público dado a bancos, como formade ajuda, seja devolvido aos cofres do governo para ser usado em favor da sociedade.“O discurso dogoverno parece ser bom. Porém, ainda não há nadade concreto no papel”, disse Arthur Henrique, ressaltando que a MedidaProvisória 443, editada para dar mais liberdade de açãoa bancos, não traz obrigações sobre contribuiçõesdestinadas à sociedade.Ainda segundo o presidente da CUT, a entidade já solicitou audiências com membros do governo ecom o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entregar oestudo. Ele afirmou tambémque a CUT marcou para o dia 3 de dezembro, em Brasília, a realização de uma marcha que terá como tema os impactos da crise financeira na vida dostrabalhadores. É a 5ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora.