Merss comemora eleição em Joinville

27/10/2008 - 20h48

Amanda Cieglinski
Enviada especial
Joinville (SC) - Cinco candidaturasforam necessárias para que Carlito Merss (PT) levasse aprefeitura de Joinville. Hoje (27), em seu primeiro dia como prefeitoeleito, deu entrevistas, fez reuniões com sua equipe decampanha e recebeu cumprimentos pela vitória. Apesar damistura de cansaço e euforia, ele aindaestá preocupado com “as coisas de Brasília”. Eleitotrês vezes deputado federal, ele segue amanhã para acapital para as últimas ações no Congresso. Ementrevista à Agência Brasil, Merss analisa o cenáriopolítico do estado e comemora o fato de ter vencido em todosos bairros de Joinville. “Eu gosto muito de ser deputado, mas gostomais de ser prefeito. Eu acho”, prevê. Agência Brasil: Nos próximosdias as atenções são voltadas para Joinville oua cabeça em parte ainda está em Brasília?Carlito Merss: Eu viajo para Brasíliaamanhã. Sou relator setorial da Comissão deInfra-Estrutura e temos uma reunião amanhã à tarde. Eujá apresentei meu relatório preliminar, mas vamos verse há necessidades de modificação [noorçamento para 2009] com essa crise. Talvez seja precisomexer, mas em termos de orçamento não há muito oque mudar. A minha única preocupação é aarrecadação reduzir muito, mas todos os númerosindicam que não. Com a força do nosso mercado interno,essa possibilidade é muito remota. ABr: Agora que éprefeito, teme que a crise possa reduzir a arrecadaçãoe dificultar a gestão?Merss: Essa é uma crisemundial da hipocrisia capitalista. Há muito tempo oseconomistas mais sérios têm alertado que se a gentecontinuasse a fazer subprimes ia dar nisso. Claro que a economia realacaba sofrendo. O fundamental para a gente é manter a inflaçãosob controle e o salário acima da inflação. Issomantém o mercado interno, que é o que nos segura hátrês anos. Em Joinville, boa parte das indústrias sãopara exportação, mas outras são voltadas para omercado interno. A crise preocupa sim, mas a as açõesestão sendo tomadas rapidamente, não podemos ésuspender o crédito. Óbvio que uma cidade como a nossapode sofrer eventualmente, mas se afeta em alguns setores, recuperaem outros.ABr: Além de terminaro trabalho na Comissão de Infra-estrutura, pretende fazeralgo mais ainda como deputado?Merss: Até o final doano temos outras votações importantes, acho que vamoschegar a um acordo sobre a reforma tributária. Tambémestou finalizando as minhas emendas. Já me comprometi com obispo aqui de Joinville em ver um valor para a Fazenda Esperança,aquele projeto para a recuperação de dependentesquímicos que o papa visitou em Guaratinguetá. A idéiaé fazer duas fazendas aqui, uma para homem e outra mulher. ABr: Como vai ser o processo de transição entre o governo Tebaldi e o seu?Merss: Acabamos de confirmarum grupo de cinco pessoas que vão fazer parte de uma comissãoe representar essa transição em um primeiro momento. Éum grupo oficial que falaria em nome da transição.Temos que ver a forma como isso será feito, eu ainda nãosei. As secretarias eu só devo definir até meados dedezembro, vamos conversar com calma com os partidos aliados.ABr: Qual é a suaavaliação política das eleições emJoinville e em Santa Catarina?Merss: O PT cresceu no estado,apesar de dizerem o contrário. Nós perdemos aprefeitura de Itajaí que era importante e nãoconseguimos recuperar Blumenau e Chapecó [que foram governadaspelo PT até 2004]. Mas aumentamos para 35 as prefeituras petistasno estado. Nós crescemos. Não foi um resultadomagnífico, mas não foi para ninguém. Aqui, porexemplo, o Luiz Henrique [governador do estado] foi derrotado.ABr: Por pelo menos dez anoso PMDB e o PSDB dominaram a política local, você foiderrotado quatro vezes. O que mudou na cabeça do eleitorJoinvillense para eleger o primeiro prefeito petista?Merss: Foi o mesmo queaconteceu no Brasil em 2002 , as pessoas perderam o medo [do PT].Aqui por muito tempo foi trabalhado de forma sistemática acampanha anti-PT. O resultado, portanto é reflexo do que estáacontecendo no país todo: o emprego melhorou, as condiçõessociais melhoraram, não há motivos para ter medo. Hojenão existe desemprego em Joinville, o problema équalificar a mão-de-obra.ABr: O que o fez quererconcorrer pela quinta vez à prefeitura, se já tinha uma carreira firmada como deputado federal?Merss: Eu gosto de serdeputado, mas gosto mais de ser prefeito. Eu acho né [risos].O fato de você saber que uma ação minha, umavontade política do meu governo, pode fechar lá uma valade esgoto a céu aberto ou que com vontade política eusando bem o orçamento você resolve o problema dasfilas nos hospitais, isso é demais. Para quem gosta da vidapública, o que mais da prazer é ver o resultado. Oexecutivo tem essa vantagem. No legislativo você fica meses pramudar uma vírgula em uma lei e depois ninguém dábola. Acho que o executivo, da forma como governamos, com aparticipação do povo, vai me dar muito mais prazer.