Candidatos apostam no corpo-a-corpo em Salvador

25/10/2008 - 13h49

Luciana Lima
Enviada Especial
Salvador - Depois de terem se enfrentado em um debate tenso, na noite de ontem (25), com troca de ofensas e provocações, os candidatos à prefeitura deSalvador, João Henrique Carneiro (PMDB) e Walter Pinheiro (PT), dedicaram osábado para fazer uma verdadeira maratona de corpo-a-corpo. Acompanhado do governador Jaques Wagner, Pinheiro visitou, pela manhã, uma das mais tradicionais feiras de Salvador, a Feira de SãoJoaquim. À tarde, ele investiu no contato com osmoradores do subúrbio, em uma caminhada no bairro Cajazeiras. Depois,participará de uma carreata do Vale do Canela até o Abaeté, passando pela orlada capital baiana,  onde tenta conquistar os votos dos eleitores da classe média.João Henrique visitou, pela manhã, o mercadodo Rio Vermelho. À tarde, participou de uma carreata, saindo do Diquedo Tororó, no centro da cidade, em direção à orla.O debate foi uma sucessão de exemplos de desequilíbrio e deprovocações entre os dois candidatos que pertencem a partidos da base dogoverno. A disputa pelo “apadrinhamento” do presidente Luiz Inácio Lula daSilva esteve presente em todos os blocos.No primeirobloco, João Henrique lembrou que seu partido, o PMDB, é a sustentação dogoverno. “O PMDB é esse partido forte, robusto, que sustenta o governo. Quandoo presidente Lula deu preferência à nossa candidatura, eles entraram emdesespero, ficaram enciumados”, provocou o atual prefeito, que tenta areeleição. Pinheiro devolveu. "O presidente Lula tem demonstrado suaconfiança, quando nos chama para discutir as propostas para a cidade. Isso temacontecido nas obras do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento], no Bolsafamília. Alias, muita gente, que hoje o apóia foi contra o Bolsa Família”, alfinetou Pinheiro, referindo-se a Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), candidatoderrotado no primeiro turno e que declarou seu apoio a João Henrique.No segundo bloco, a disputa pela imagem de Lula veio deforma mais explícita, na pergunta feita pelo prefeito: “O presidente Lulagravou 94 mensagens personalizadas para candidatos do PT, inclusive na Bahia.Por que não gravou mensagem de apoio especificamente falando o nome do senhor?”,questionou. O petista respondeu: “O presidente Lula mais que gravoumensagem. Ele está inserido no nosso programa. A nossa relação não é depropaganda, não é só para campanha. Tanto é que fui escolhido como vice-líderdo seu governo. Conheço toda a estrutura do Orçamento. Tenho experiência emBrasília”. Outro traço do debate foi a crítica feita por Pinheiro deque o prefeito João Henrique tem o hábito de colocar a culpa nos outros pelasobras e dos projetos não realizados em Salvador. Essa idéia foi repetida novevezes pelo candidato petista que, durante a campanha, disse que João Henriquecomeçou a realizar as obras nos últimos quatro meses antes da campanha. “Deveser peculiar do candidato botar a culpa nos outros”, comentou o petista. João Henrique destacou que o PT esteve em seu governoaté abril deste ano e, portanto, não teria o direito de dizer que os projetosnão caminharam. Em certo momento, o prefeito usou de ironia: “Eu só posso darrisada. Eles [os petistas] ficaram 40 meses no meu governo. Saíram porinteresse eleitoreiro, para disputar eleição. Ocuparam quatro secretarias emais de 200 cargos de confiança. E eu, tinha total confiança. O senhor meajudou, sim. Mas assuma também as coisas ruins. As coisas ruins na gestão do PT.Foram poucas, mas aconteceram, estamos até hoje tentando recuperar”, disse oprefeito.