Para FMI, desaceleração da economia é inevitável

08/10/2008 - 18h40

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - É tarde demais para evitar a desaceleração da economia. A constatação é do economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard. Segundo previsões da instituição, o Brasil deve crescer 5,2% este ano e 3,5% em 2009 – ainda acima da média mundial, que tem projeção de crescimento de 3,9% em 2008 e 3% no ano que vem."A economia mundial entrou em uma fase de forte desaceleração depois de ser golpeada por dois choques muito intensos: a escalada dos preços do petróleo e de outras matérias-primas e a expansão da crise financeira”, avaliou Blanchard, em coletiva de imprensa, hoje (8), em Washington. Ele lembrou que os países desenvolvidos não passavam por crise tão grave desde os anos 30.Informe divulgado na última segunda-feira pelo FMI sobre Perspectivas da Economia Mundial prevê que, até meados de 2009, o crescimento da economias avançadas será próximo de zero – em alguns casos, como Itália, Espanha e Reino Unido, a expectativa é de retração. Os países emergentes e em desenvolvimento sofrerão menos, mas não estarão imunes. A previsão é de taxas de crescimento bem inferiores às registradas nos últimos anos. “Nenhum país ficará totalmente imune aos efeitos sobre a economia real”, afirmou o economista-chefe do FMI, segundo informações do site oficial da instituição.Blanchard defendeu políticas enérgicas e coordenadas e elogiou a atuação conjunta do Federal Reserve norte-americano, do Banco Central Europeu e dos bancos centrais da Inglaterra, Suécia, Suíça e Canadá. Todos anunciaram, hoje, o corte de juros.Para o economista, o retorno da estabilidade e da credibilidade dos mercados depende de medidas financeiras sistêmicas, como a recuperação do crédito à aquisição de ativos e injeção de capital. Também defendeu a adoção de políticas monetárias e fiscais. "Com a aplicação de políticas dessa natureza é razoável esperar que a recuperação do ritmo de crescimento comece em 2009 e ganhe força em 2010”, previu.