Crise de confiança derruba Bovespa

02/10/2008 - 21h44

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Uma crise de confiança no pacote de ajudaaos bancos dos Estados Unidos resultou hoje (2) em uma queda 7,34% da Bolsa deValores de São Paulo (Bovespa). O projeto aprovado ontem pelo Senadonorte-americano não entusiasmou os investidores, de acordo com economistasconsultados pela Agência Brasil, que acabaram fugindo do mercado nacional ecausando, além da baixa das ações, a elevação do dólar frente ao real.“O pacote chegou à Câmara com cem páginas e foi rejeitado.Foi ao Senado e ganhou 400 páginas de modificações. Ninguém sabe se ele terá amesma eficiência”, explicou Manuel Enriquez, professor da Faculdade de Economiae Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP). “A confiança doinvestidor foi drenada após a rejeição da Câmara.”“O receio do investidor é muito grande”, complementouMarcelo Pereira, da TAG Investimentos. “O governo americano pode até intervirna liquidez do mercado financeiro, mas hoje a maior causa das quedas na Bovespaé a falta de confiança e a preocupação com as conseqüências da crise na economiareal.”Segundo eles, o atual cenário impossibilita qualquerprojeção de ganho para as aplicações, o que afugenta ainda mais osinvestidores. “Ninguém imaginava que a Bovespa cairia hoje, mas caiu”, disseEnriquez. “Não é possível arriscar previsões.”Ambos acreditam que o pacote será aprovado na Câmara e queisso elevará o patamar da Bovespa durante algum período. Entretanto, não sabem qualserá  tamanho do “alívio”. “Não acreditoque a Bovespa recuperará as perdas do ano até dezembro”, afirmou Pereira.Desde maio, quando o Ibovespa atingiu os 73 mil pontos diasapós o Brasil ser considerado um investment grade, a Bolsa de São Paulotem registrado seguidas quedas. Apesar de ter alterado dias de alta e baixa,nos últimos cinco meses, o índice já teve desvalorização de 36%.Esses resultados impulsionaram também a alta do dólar.Desde 1° agosto, a moeda subiu 30%, saltando dos R$ 1,55 para R$ 2,03. Com estacotação, ela voltou a valer o mesmo que valia em agosto doano passado.