Superávit primário de janeiro a julho deste ano é o maior desde 1991

27/08/2008 - 14h35

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O superávitprimário (receita menos despesas, excluídos gastos comjuros) do setor público (União, estados, municípiose empresas estatais) chegou a R$ 12,109 bilhões em julho,acumulando no ano R$ 98,225 bilhões e R$ 120,254 bilhõesem 12 meses. Os resultados são os mais elevados para taisperíodos, segundo dados da série histórica doBanco Central, iniciada em 1991. De janeiro a julho, esse valor representa 6,01% doProduto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviçosproduzidos no país. No mesmo período do ano passado, osuperávit primário foi de R$ 79,578 bilhões, ou5,50% do PIB. Em 12 meses, o superávit primáriorepresenta 4,38% do PIB. A meta para o superávit primárioneste ano é de 3,8% do PIB, mas o governo se comprometeu afazer um esforço extra de 0,5%.Nos sete primeiros meses do ano, o governo central(governo federal, Banco Central e Previdência) contribuiu comR$ 68,451 bilhões, o maior valor para o período. Osgovernos regionais (estaduais e municipais) também registraramo maior valor da série de janeiro a julho: R$ 22,063 bilhões.Os governos estaduais bateram ainda recorde no período, com R$20,101 bilhões. Os governos municipais contribuíram comR$ 1,962 bilhões e as empresas estatais economizaram R$ 7,711bilhões.No acumulado do ano, o pagamento de juros dadívida pública chegou a R$ 106,803 bilhões,contra R$ 92,941 bilhões registrados no mesmo períodode 2007. O valor dos sete meses deste ano é o maior para operíodo, assim como o pagamento de juros apenas no mêsde julho – R$ 18,777 bilhões. De acordo com o chefe do Departamento Econômicodo Banco Central, Altamir Lopes, um dos motivos é o aumentodos índices de inflação no mês passado.“Tem uma maior incidência de índices de preçostanto na composição da dívida, quanto do pontode vista da elevação desses índices, e temtambém apreciação cambial de 1,59% [ao longodo mês]. Isso contribui para uma menor valorizaçãodos ativos indexados a câmbio.” Em 12 meses, o pagamento de juros de R$ 173,394bilhões é o mais elevado da série e representa6,31% do PIB, o maior percentual desde outubro de 2007 (6,35%).Nos sete meses do ano, as receitas menos despesas,incluído o pagamento de juros, geraram déficit nominalde R$ 8,578 bilhão, o valor mais baixo desde julho de 1993 (R$1,547 bilhões). No mesmo período de 2007, as receitasmenores do que as despesas levaram a um déficit nominal de R$13,363 bilhões.No mês de julho, também foiregistrado déficit nominal de R$ 6,668 bilhões, o maiorvalor desde julho de 2006 (R$ 7,840 bilhões). No mesmo mêsdo ano passado o valor foi de R$ 6,184 bilhões do mesmo mêsdo ano passado.A relação entre dívidalíquida do setor público (União, estados,municípios e empresas estatais) e Produto Interno Bruto (PIB),soma de todos os bens e serviços produzidos no país,foi de 40,6% em julho. Em maio, esse percentual estava em 40,4% doPIB. Em valores, a dívida chegou a R$ 1,192 trilhão nomês passado.De acordo com Lopes, contribuição davalorização do PIB, corrigido pelo Índice dePreços de Mercado – Disponibilidade Interna (IGP-DI), foimenor. Por isso, a relação entre dívida e PIBfoi maior. “Quando temos uma aceleração do índice,esse PIB valorizado tende a crescer mais. À medida que tem umaretração, o PIB cresce a uma taxa menor". SegundoLopes, a expectativa é de manutenção da relaçãoentre dívida e PIB em 40,6% neste mês.