Burocracia é maior problema de imigrantes, afirma pastoral

26/08/2008 - 21h14

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A burocracia brasileira é a maior dificuldade encontrada para que imigrantes consigam trabalhar legalmente no país. Esta é a opinião de Sonia Maria Nunes, assessora da Pastoral do Imigrante de São Paulo, que atende diariamente cerca de 60 estrangeiros que precisam, entre outras coisas, de remédios, comida e até um lugar para dormir.“No Brasil, há muita burocracia”, afirmou Sonia, em entrevista à Agência Brasil. “Para que um estrangeiro regularize sua situação, é exigida uma papelada enorme, que muitas vezes ele não consegue obter.”Ela disse que a maioria dos imigrantes que procura a pastoral, que funciona na Igreja da Nossa Senhora da Paz, região central da capital paulista, é de origem boliviana: “Uns 45 por dia”. Muitos deles, segundo Sonia, teoricamente foram beneficiados por um acordo bilateral que prevê a sua regularização. No entanto, não conseguem providenciar todos os documentos para que isso seja feito.“Estamos lidando com trabalhadores que saíram da Bolívia em condições precárias e que têm um baixo nível de instrução. A exigência inviabiliza a regularização”, disse ela.Jobana Moya, 27 anos, é uma das que sofre com a situação. No Brasil há nove meses, ela ainda não conseguiu se legalizar, mesmo estando casada com um brasileiro. “Preciso de uns documentos impossíveis, que só posso conseguir na Bolívia”, reclama.Para ela, que é da comunidade de sul-americanos em São Paulo, a circulação de latino-americanos entre países do continente deveria ser livre.Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), admite que a burocracia é um dos maiores problemas dos imigrantes que optaram viver no Brasil. Segundo ele, uma nova política de imigração, mais flexível, está sendo elaborada pelo governo, em conjunto com representantes da sociedade. “Sem documentos, esses imigrantes estão fadados à exploração no Brasil”, assinalou.