Crescimento urbano dá novos contornos à cidade de Pequim

19/08/2008 - 18h44

Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - Pequimé uma cidade cosmopolita. Visualmente, não se tem a menor dúvida disso.Arquitetos famosos no mundo todo, como Norman Foster, Jacques Herzog eSteven Holl, deixam sua assinatura na capital do país que não pára decrescer. Lançamentos imobiliários se multiplicam. Pequim é, hoje, acidade com maior número de gruas do planeta.Nãoforam apenas os modernos estádios e ginásios construídos nosúltimos sete anos para os Jogos Olímpicos que deram novos contornosurbanos a Pequim.  A cidade vem mudando de facena medida em que o gigante asiático cresce – e isso já dura 30 anos. Em1978, apenas 18% dos chineses, cerca de 170 milhões, viviam em áreasurbanas. Hoje, 43,9% da população – 577,06 milhões de pessoas – estãonas cidades e a previsão é de que em 2015 o índice chegue a 60%.  Trata-se do mais espantoso processo de urbanização já visto. O que acontece na capital é reflexo disso.Um caso emblemático desse crescimento é o Central Business District, um bairro repleto dearranha-céus, pelo qual circulam Ferraris, Mercedes,Audis, Maseratis e executivos e executivas com sacolas de comprasPrada, Fendi, Louis Vuiton. É lá que está em fase final de construção apolêmica torre da televisão estatal chinesa (CCTV), projetada pelo nãomenos controvertido arquiteto holandês Rem Koolhaas.Tudocomeçou há 18 anos, em 1985, com o lançamento do China World TradeCenter – megacomplexo de 5,6 mil metros quadrados, resultado de umajoint-venture entre o governo chinês e o Shangri-la Hotels e ResortsGroup. O empreendimento de alto padrão entrou em funcionamento em 1990.  “Lançamos um conceito”, resume a diretora assistente da divisão de apartamentos do China World Trade Center, Mindy Leow.Sãoduas torres de escritórios, dois hotéis de quatro e cinco estrelas,duas torres de apartamentos para locação (70% ocupados por executivosque ficam entre um a dois anos no país), um centro de exposições e umshopping center com as principais grifes de luxo do mundo todo. Emconstrução, uma terceira fase da qual faz parte o maior edifício dePequim. O prédio terá 72 andares e abrigará, no topo, um exclusivohotel sete estrelas.Mindyconta que, no começo, como o empreendimento era novidade, o custo paralocação de apartamentos era de US$ 50 a US$ 60 o metro quadrado –caríssimo para os padrões chineses. Com a transformação da região em umsofisticado bairro de negócios e a proliferação de complexossemelhantes, o valor caiu para uma faixa entre US$ 30 e US$ 35.“Naquela época havia muito poucos apartamentos. Agora, especialmentepara as Olimpíadas, ocorreram muitas mudanças. Surgiram edifícios comtodo o tipo de serviços que se pode imaginar”, conta. “Muitosestrangeiros, homens de negócios e investidores estão vindo para cá, omercado chinês é muito grande. Isso é realmente uma competição e cadaum deve fazer o melhor que puder”, afirma. Opreço de tal crescimento, no entanto, é alto. A modernização urbana dePequim se dá às custas da demolição de construções tradicionais, o quejá preocupa os arquitetos chineses. “É uma grande discussão. É umproblema que estamos resolvendo juntos, estamos tentando proteger o mais que podemos”, garante Cao Xiaoxin, do China Architecture Design & Research Group.Ele admite, no entanto, que o crescimento é um caminho sem volta. “Issose chama processo de desenvolvimento da cidade e não é possívelrecusar”, diz. “Acho que Pequim precisa dessa cultura múltipla paramostrar que é uma cidade internacional. Não estamos abandonando atradição, pelo contrário, com base em nossa cultura e história estamosaceitando mais culturas e idéias de fora do país.” A meta do governo dePequim é chegar em 2050 como a principal metrópole do planeta.