Fiscalização considera graves condições de trabalho em usina interditada no Paraná

14/08/2008 - 14h29

Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - As condições de trabalho degradantesflagradas pelo Grupo Especial de Fiscalização Móveldo Ministério do Trabalho e Emprego na Usina Central dePorecatu, no Paraná, estão entre as mais gravesencontradas nos últimos tempos pelos auditores fiscais nosetor sucroalcooleiro brasileiro. A afirmação foi feitahoje (14) pela coordenadora da fiscalização, JackelineCorrijo. Segundo a coordenadora, as investigaçõesjá estão praticamente concluídas, e os auditoresdevem retornar a Brasília neste fim de semana. Asinvestigações tiveram início terça-feira,com base em denúncias recebidas pelo Ministério doTrabalho. Foram flagrados 228 trabalhadores em condiçãoanáloga à de escravos. De acordo com Jackeline, aempresa informou que as verbas rescisórias dessestrabalhadores serão pagas até amanhã (15). Hámais 2.500 trabalhadores com o pagamento atrasado desde julho.Na operação, o grupo de fiscalizaçãomóvel lavrou 153 autos de infração, interditoucinco frentes de trabalho e apreendeu 39 ônibus quetransportavam trabalhadores sem autorização. “Atéagora, nos setores interditados, nenhuma providência foitomada. As empresas não entendem que, quanto mais rápidocorrigirem as distorções, menos prejuízosterão”, afirmou Jackeline.As penalidades que a empresa sofreráserão determinadas nos autos de infração,informou Jackeline. "É precisodeixar claro que interdição não épenalidade”, ressaltou. Depois de receber as multas administrativas cabíveis,a empresa pode recorrer, lembrou a auditora.A fiscalização encontroutrabalhadores sem equipamentos de proteção individualfazendo aplicação de agroquímicos e expostos arisco de vida por intoxicação aguda. “Eles iam parasuas casas com as roupas contaminadas, colocando em risco a vida deseus familiares, sem nenhuma orientação sobre comoproceder”, destacou Jackeline. E eram transportados até afrente de trabalho no mesmo compartimento onde eram levados osprodutos químicos. Nas frentes interditadas não haviasanitários, água fresca, produtos para higienizaçãoou locais adequados para a refeição.A reportagem da Agência Brasil procuroua assessoria da Usina Central de Porecatu, mas não foiatendida.