Atenção básica à saúde diminuiu mortalidade infantil em município mineiro

07/08/2008 - 8h01

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Há oito anos, o município de Janaúba, na região Norte de Minas Gerais, registrava um índice de mortalidade infantil de 31 para cada mil nascidos vivos. Em 2008, esse índice é de 4,1. Para o secretário de Saúde do município, Helvécio Albuquerque, a implantação de uma estratégia de atenção básica foi a responsável pelo resultado positivo. O acesso universalizado, o atendimento integral e continuado e a condução do usuário para outros pontos do sistema de saúde são os princípios básicos desse tipo de política, que se pauta pela atuação de profissionais de saúde em comunidades geograficamente definidas, o que facilita uma prestação de serviço mais humanizada. No Brasil, a atenção básica foi implantada pelo Programa Saúde da Família, criado em 1993 e se tornou uma política de Estado em 2006. Em Janaúba, a primeira equipe do Programa Saúde da Família (cujo nome oficial agora é Estratégia Saúde da Família) foi instalada em 1999 e, desde então, ajudou a organizar e centralizar o sistema de saúde em rede. A estratégia coordena o sistema de forma integral, do nascimento da pessoa e por todos os lugares por onde ela passa durante a vida, explica o secretário, que participa em Brasília da 3ª Mostra Nacional de Produção em Saúde da Família.Com esse acompanhamento rotineiro e contínuo, Albuquerque diz que é possível proteger aqueles que têm mais risco de adoecer e morrer, especialmente crianças e gestantes. “Porque mortalidade infantil é morte anunciada e, se você tem essa morte anunciada em frente a você, sabe que pode impedi-la; a única estratégia que no Brasil tem dado resposta e no nosso município é uma verdade, é a Estratégia Saúde da Família”.Hoje, Janaúba conta com 20 das 28,3 mil equipes do Saúde da Família que atuam no Brasil. Cada uma delas é composta por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Em alguns locais, essas equipes também podem contar com profissionais de saúde bucal. “Essa equipe trabalha numa área geográfica definida e ela conhece os problemas daquela população, não só os problemas de saúde, os problemas clínicos, mas também o que condiciona a saúde das pessoas”, como analfabetismo e desemprego, explica o diretora do Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde (MS), Claunara Mendonça.Claunara defende os princípios da atenção básica como forma de melhorar o atendimento à população. “Quando uma pessoa tem um problema de saúde e vai direto no especialista ou numa emergência, ela não vai ser vista ao longo do tempo, não vai ser vista de forma integral, incluindo também as condições de saúde, o que condiciona a doença, isso é específico da atenção primária”, diz.A especialista dá o exemplo da criança que cai na escola e bate a cabeça. No posto de saúde, que é uma unidade da atenção primária, ela é analisada, os pais vão ser orientados e a criança vai ficar em observação. “Essa mesma criança, se for para um neurologista, num serviço de pronto-atendimento, muito provavelmente já vai receber uma tomografia, uma ressonância magnética, porque todas as batidas de cabeça que vão para os especialistas [em geral] são mais graves, então [o especialista] vai usar outras tecnologias”, afirma. A secretária argumenta que os problemas que vão para a atenção primária podem ter um tempo de espera, “porque se conhece aquele indivíduo, se conhece aquela família e se pode dizer 'volta amanhã que eu vou te ver e vou ver como você está'”.De acordo com números do Ministério da Saúde, nos 15 anos do Saúde da Família, a mortalidade infantil teve uma queda de mais de 50%. De 1993 até agora, também cresceu o número de beneficiados. Em 1994 eram 1 milhão de pessoas, em 1998, 10 milhões e, oito anos depois, 90 milhões. Em 2007, os 218,3 mil agentes comunitários fizeram 337,6 milhões de visitas e o número de pessoas cadastradas chegou a 103,3 milhões. Para 2011, a meta do ministério é chegar a uma cobertura de 70% da população brasileira. Atualmente, 49% dos brasileiros são atendidos pelo Saúde da Família.