Opositores a Morales fazem manifestações a seis dias do referendo

05/08/2008 - 18h54

Da Agência Brasil

Brasília - Dirigentes cívicos e manifestantes bolivianos do departamento de Tarija, contrários ao governo de Evo Morales, enfrentaram-se hoje (5) com a polícia, quando tentavam chegar ao aeroporto, a um hotel que abrigava representantes da imprensa estrangeira e à sede da Empresa Nacional de Telecomunicações (Entel), de acordo a Agência Telam, da Argentina. A cidade deveria ter sido sede de um encontro entre Morales e os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez.Pela manhã, o grupo impediu a entrada dos funcionários da Entel nas dependências da estatal. Em seguida, outro grupo tentou desalojar funcionários e jornalistas do governo venezuelano. Um ameaça parecida com a que impediu a chegada de Morales ontem (4) a Sucre, obrigando-o a suspender a viagem que faria para presidir os atos do aniversário cívico nacional.Além dessas manifestações, a seis dias do referendo revogatório de mandato, marcado para domingo (10), líderes da oposição estão em greve de fome, segundo a BBC Brasil. Eles exigem que o governo volte a repassar parte da receita da venda do petróleo para as regiões produtoras. Os recursos oriundos do imposto são destinados pelo governo ao pagamento de uma bolsa de US$ 28 mensais para aposentados. A greve começou no domingo (3) e pode chegar a cinco dos nove departamentos.Em Santa Cruz, além do retorno de 30% do Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos (IDH), os grevistas também se manifestam em defesa do prefeito, Rubén Costas, que foi convocado pela Justiça por causa do referendo pela autonomia do departamento.A oposição nega que a greve seja uma tentativa de boicote ao referendo revogatório. No domingo, os eleitores vão decidir se querem ou não a continuidade do mandato do presidente e de oito dos nove prefeitos, cinco da oposição.De acordo com as regras definidas pela Justiça Eleitoral boliviana, o político que tiver um índice de rejeição superior aos votos que teve na eleição de dezembro de 2005 deve deixar o cargo.O presidente Morales criticou a oposição e ainda fez piada, afirmando que eles aderiram à greve para perder peso. “Sinto que não estão fazendo greve de fome, estão fazendo dieta, temos que ajudá-los”, disse.O governo de Morales enfrenta também uma onda de protestos de uma das principais centrais sindicais do país, a Central Obrera Boliviana, que bloqueou estradas e convocou greves em Cochabamba, Sucre, La Paz e Oruro.