Ibama adia leilão de "bois piratas"

04/08/2008 - 14h07

Bianca Paiva
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decidiu adiar o leilão das mais de 3 mil cabeças de gado apreendidas pela Operação Boi Pirata, que estavamarcado para amanhã (5). Segundo a assessoria de imprensa, ainda não há data prevista para uma nova tentativa devenda do rebanho.Não houve compradores nos três primeiros leilões organizados pelo Ministério do Meio Ambiente. Na primeira tentativa de leilão, foi exigido R$ 4,9 milhões como preço mínimo. No leilão seguinte, o lance foi de R$ 3,1 milhões. Na terceira tentativa, o Ibama tentou reduzir o preço mínimo para R$ 1,4 milhões, mas uma liminar impediu o deságio.O gado foi apreendido na Operação Boi Pirata, noinício de junho. Os animais eram criados ilegalmente na EstaçãoEcológica da Terra do Meio, no município de Altamira no Pará, e vãopermanecer lá até que sejam vendidos.A reportagem da Agência Brasil esteve na Estação Ecológica da Terra do Meio e verificou que o gado sofre com a estiagem. A equipe de repórteres visitou três dos dez pastos da fazenda.Num deles, avistou uma concentração de urubus.  No local, também haviaduas carcaças de animais.O Ibama espera também que o Tribunal Regional Federal da 1ªRegião derrube a liminar que impediu o deságio de 60% no último leilão.Na última quinta-feira (30), a Procuradoria do Instituto entrou com umpedido de reconsideração das duas liminares concedidas pelo TRF aofazendeiro Lourival Novaes Medrado dos Santos, proprietário dosanimais. Mas, como como a decisãodo Tribunal ainda não saiu, o órgão decidiu adiar o leilão.Além de impedir o deságio no terceiro leilão, ofazendeiro também conseguiu suspender o perdimento do rebanho que haviasido decretado pela Justiça Federal em Altamira. Isso quer dizer que ogado fica sub júdice, ou seja, ele pode ser vendido, mas caso a Justiçaentenda que o rebanho pertence ao antigo dono, o governo terá quecompensar o prejuízo do fazendeiro.Com isso, o dinheiro arrecadado, caso os animais sejamvendidos, vai ter que ser depositado judicialmente até que saia asentença. E o governo vai ter que esperar o resultado do julgamentopara que seja destinado ao Fome Zero.No recurso apresentado ao TRF, a Procuradoria doIbama argumentou que “insistir nas tentativas de alienar o gadoapreendido a um preço completamente inflacionado é o mesmo que tornarinócua a própria decisão que autorizou a realização do leilão, já que,por óbvio, jamais aparecerão compradores”.