Mulheres enfrentam dificuldade para se aposentar na cidade e no campo

02/08/2008 - 17h50

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aaposentada Regina Maria Semião começou a trabalhar comodoméstica aos oito anos de idade. Hoje, com 67 anos eaposentada desde 1999, recebe um salário mínimo deaposentadoria e ajuda outras domésticas de Campinas (SP) a teracesso à Previdência Social. Ela é uma dasmulheres que participa do Seminário Nacional sobre SeguridadeSocial e as Mulheres, em Brasília.Elaconta que após os 18 anos sempre teve a carteira de trabalhoassinada e, por isso, não teve muitos problemas para requerer aaposentadoria. “Precisei comprovar o tempo de contribuição para aPrevidência, mas corri atrás e consegui me aposentar comum salário mínimo que me dá muita felicidade”,afirmou.Diretorada Secretaria Jurídica do Sindicato das TrabalhadorasDomésticas de Campinas e Região, Regina Maria Semião, avalia que teve sorte por conseguir se aposentar. “Hoje, vendo a realidade de dentro do sindicato, percebo que tive sorte. Sempre trabalhei coma carteira assinada, mas vejo a dificuldade que as trabalhadorasdomésticas têm”.Segundoela, a maior parte das domésticas não tem a carteira detrabalho assinada. “Elas vão ter dificuldade para seaposentar depois. E não é só pela aposentadoria,mas pelos acidentes de trabalho. Elas ficam doentes no emprego e nãotêm a Previdência. Então, fica mais difícil para osindicato ajudar. Temos que entrar com um advogado na Justiça”,disse.Deacordo com uma das coordenadoras do Movimento deMulheres Camponesas do Rio Grande do Sul Adriana Mezadri a dificuldade para a mulherse aposentar não está restrita à cidade. Nocampo, segundo ela, as trabalhadoras têm dificuldade para comprovarque vivem do trabalho rural.“Estamosenquadradas como seguradas especiais, com direito a se aposentar com55 anos. Porém, um dos principais problemas é conseguircomprovar comprovar os 13 anos de atividade rural”,afirmou.“Háum número muito grande de mulheres sem documentaçãono campo o que acaba dificultando o acesso à Previdência”,disse Adriana Mezadri. “A nossa luta é por uma PrevidênciaPública, universal e solidária, além dapermanência dos nossos direitos [trabalhadoras rurais] como seguradas especiais”.AdrianaMezadri sugere que seja criada uma taxa sobre as grandes fortunas e sobre as exportações do agronegócio para que o governo possa ampliar o número de mulheres atendidas pela Previdência Social.