Possibilidade de ajuste na Selic opõe economistas

13/03/2008 - 21h22

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A hipóteselevantada pela ata da última reunião do Comitê dePolítica Monetária (Copom), de avaliar possíveisajustes na taxa básica de juros (Selic), encontra respaldoentre os agentes financeiros. Primeira manifestaçãonesse sentido veio em nota pública da AssociaçãoNacional das Instituições de Crédito,Financiamento e Investimento (Acrefi), depois da divulgaçãopelo Banco Central (BC) da ata da última reunião docomitê, que ocorreu nos dias 4 e 5. No manifesto, ovice-presidente da Acrefi, José Arthur Assunção,enfatiza que "o atual cenário de expansão docrédito e do consumo, combinado com incertezas externas,indica que é momento de o BC incluir um viés de alta nataxa Selic já na próxima reunião do colegiado".A próxima reunião está marcada para os dias 15 e16 de abril.Assunção lembra que, apesar do fatoda Selic ter permanecido em 11,25% ao ano desde setembro do anopassado ainda ser unanimidade no mercado, a ata deixou claro que oCopom considera a possibilidade de o crescimento do consumo levar aum descompasso entre os ritmos de expansão da demanda e daoferta agregada.Ele ressaltou a preocupação doCopom no sentido de que "o forte crescimento da economia tragacom ele riscos de um repique inflacionário". Nesse caso,acrescentou, "o viés de alta seria a melhor forma debaixar a tensão dos agentes econômicos, deixandoevidente para o mercado que o BC não dará tréguaspara a inflação em momento algum".Amanifestação do dirigente da Acrefi foi rebatida,porém, pelo diretor da Associação Nacional deExecutivos de Finanças, Administração eContabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. Eleacredita que os juros de mercado podem subir mais, uma vez que osbancos elevaram os custos dos serviços em janeiro e fevereiro,em parte por conta da expectativa dos agentes econômicos quantoa eventuais elevações da taxa Selic.Miguel Josédisse que o repique dos juros bancários foi reflexo tambémdo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras(IOF), que no início do ano dobrou para 3% ao ano nasoperações de crédito para pessoa física,mais a criação de IOF adicional de 0,38% no custoefetivo dos empréstimos. A isso somaram-se ainda, segundo ele,as incertezas externas provocadas pela crise dos empréstimoshabitacionais de segunda linha nos Estados Unidos.Ele disseque a Anefac constatou aumento em quatro das cinco modalidades deoperações com pessoas físicas, e a taxa médiade juros, que era de 7,23% ao mês em janeiro, passou para 7,25%ao mês em fevereiro (131,62% ao ano). Nas operaçõesde crédito com pessoas jurídicas, todas as modalidadesaumentaram e a taxa média cobrada das empresas tambémsubiu de 4,11% ao mês em janeiro para 4,13% ao mês emfevereiro (62,52% ao ano).