Oposição exige demissão do primeiro-ministro do Timor Leste

24/01/2008 - 16h27

Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor LesteIndependente (Fretilin), Mari Alkatiri, exigiu hoje (24) a demissão doprimeiro-ministro Xanana Gusmão e a convocação de eleições legislativasantecipadas no Timor Leste em 2009. “Temos mantido contatos informaiscom a AMP”, a Aliança para Maioria Parlamentar que apóia o governo,anunciou Alkatiri numa entrevista coletiva em Díli, capital do país.O secretário-geral da Fretilin ressalvou que se tratam de contatos"como cidadãos" entre dirigentes da oposição e dos partidos que apóiamo governo. "Que isto não seja entendido como acordo. Não há acordo. Nema Fretilin quer integrar o governo", esclareceu Mari Alkatiri.A Fretilin venceu as eleições legislativas de 30 de junho de 2007, semmaioria absoluta. O chefe de Estado, José Ramos-Horta, indicou XananaGusmão para formar o governo com o apoio da AMP, que reúne os outrosquatro partidos mais votados.Mari Alkatiri e o presidente do partido, Francisco Guterres "Lu Olo",lembram que o seu partido "não reconhece a constitucionalidade" do Executivo liderado por Xanana Gusmão. "Não queremos só criticar.Queremos saídas", declarou."O governo já demonstrou não saber governar", acusou oex-primeiro-ministro, ao fazer um retrato demolidor do primeirosemestre do executivo. "Tem um Orçamento [Geral do Estado] sem plano euma execução do orçamento sem relatório", acusou Mari Alkatiri.Entre outras acusações ao governo de Xanana Gusmão, o líder da Fretilinenumerou "a incompetência generalizada, a caça às bruxas, oesbanjamento, a corrupção generalizada e nepotismo e a interferênciainaceitável na justiça"."A crise é a desestruturação do Estado", afirmou também Mari Alkatiri."Não têm plano nem têm programa. Pensam que a única forma é transformarEstado em instituição de misericórdia, dando esmolas", disse.Mari Alkatiri acrescentou que o governo da AMP compromete aindependência nacional ao "criar novas dependências". "Vamos ter um país depensionistas e um povo que vive de subsídios".Em relação à política do governo para os desabrigados da crise de 2006,"o dinheiro é insuficiente e não há um programa claro". Mari Alkatiriafirmou que "os únicos desabrigados que regressaram foram os do [campodo] Jardim [em Díli], para Ermera (zona central do Timor Leste)", no final de dezembro de 2007.Sobre as acusações feitas recentemente num vídeo de Alfredo Reinado,ex-comandante da Polícia Militar em fuga da justiça, Mari Alkatiriconsiderou-as "sérias, vindas de uma pessoa que era um instrumento dequem ele alega". No vídeo, Alfredo Reinado acusa Xanana Gusmão de ter"planejado" a crise de 2006.