Protesto contra fábricas de celulose chega a Buenos Aires

14/01/2008 - 15h22

Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Membros da Assembléia Ambientalista da cidade argentina de Gualeguaychú farão amanhã (15) um protesto contra as fábricas de celulose às margens do rio Uruguai em Buenos Aires, capital da Argentina. É o que afirmou hoje (14) à agência argentina Telam um porta-voz da assembléia, José Pouler.“A idéia é distribuir folhetos no terminal da empresa Boquebús, junto às Assembléias do Povo, para que os turistas que viajam por essa via até o Uruguai conheçam o efeito futuro das fábricas daquele país”, explicou Pouler.Os manifestantes de Gualeguaychú, no estado argentino de Entre Ríos, e de assembléias portenhas partirão ao meio-dia (horário local) para “demonstrar que a luta continua” contra a finlandesa Botnia e outras fábricas de celulose projetadas, acrescentou. “Vamos entregar folhetos da [organização ambientalista uruguaia] Unam sobre o porquê do não á fábrica e um folheto próprio com o plano da localização das outras duas unidades no Uruguai”, disse o porta-voz.As três fábricas de celulose são a espanhola Ence, que aceitou mudar sua localização, Botnia, já em funcionamento em frente a Gualeguaychú, e a também finlandesa Stora Enzo, no estado uruguaio de Durazno, “onde já compraram terrenos para reflorestar”, afirmou.“O plano mostra que, por sua localização, o efeito combinado [sobre o meio ambiente] das três fábricas alcançará um raio de 100 quilômetros na redondeza, em áreas do Uruguai e da Argentina com mais de 20 milhões de habitantes”, assegurou Pouler. O porta-voz da Assembléia de Gualeguaychú destacou que “a luta continua porque a controvérsia não terminou”.“Está demonstrado que a solução é política. Os governos de Tabaré [Vázquez, presidente uruguaio] e Cristina [Kirchner, presidente argentina] podem solucionar a controvérsia quando deixarem de jogar às escondidas, como têm feito até agora”, afirmou.Enquanto em Gualeguaychú persiste o bloqueio ininterrupto das estradas para o Uruguai, Pouler disse que entre hoje e amanhã os ambientalistas de Concordia poderiam reiniciar cortes transitórios e os de Colón retomarão esta noite bloqueios rotativos.No caso de Colón, poderia ser iniciado outro corte de passagem por tempo indeterminado, caso as diversas assembléias que participam do protesto entrem em acordo. Comerciantes de Colón cujas vendas dependem dos turistas rechaçam os bloqueios por tempo indefinido entre esta cidade de Entre Ríos e a uruguaia Paysandú.Pouler informou ainda que hoje será realizada uma reunião regional, de participantes das assembléias tanto argentinos quanto uruguaios, a fim de projetar medidas em suas cidades de origem para o dia 26 de janeiro, Dia Mundial de Luta contra a Globalização.