Governo boliviano começa a divulgar texto da nova Constituição

14/01/2008 - 16h11

Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Durante as atividades pelo início da divulgação do novo texto da constituição da Bolívia em La Paz, o vice-ministro da Coordenação Governamental, Héctor Arce, qualificou os estatutos autonômicos dos departamentos (estados) da região chamada “meia-lua” como a mais séria ameaça à unidade do país.“Estes estatutos que apresentaram são a ameaça mais séria à unidade do país, à integração de nossa pátria, esses documentos foram trabalhados por pessoas que não receberam um mandato popular para redigir nenhum tipo de estatuto de autonomia”, assinalou.O vice-ministro, que abriu as intervenções no evento, foi duro em suas declarações a respeito dos estatutos autonômicos. Ele disse que são o resultado de um grupo de amigos que respondem a setores políticos de oposição. Arce afirmou que os estatutos não representam a vontade popular do povo de Santa Cruz, Tarija, Pando e Beni (que compõem a região da "meia-lua"), mas somente de setores minoritários da direita, com o objetivo de prejudicar o processo de mudança impulsionado pelo presidente da República, Evo Morales.Héctor Arce manifestou aos presentes que é necessário conhecer os estatutos autonômicos para entender o que realmente ocorre no país. Ele destacou que o documento da “meia-lua”, além de atentar contra a unidade do país, deixa vulnerável o disposto na atual Constituição da Bolívia.Já o constituinte Román Loayza rejeitou uma eventual conciliação da nova Constituição com os estatutos autonômicos, como defenderam os prefeitos (como são chamados os governadores, na Bolívia) na última reunião com representantes do Poder Executivo. O parlamentar também que na divulgação da nova constituição, que está sendo realizada em todo o país, se acentuará essa postura com as organizações sociais. “Seria uma traição à pátria”, apontou Loayza.Ontem (13), constituintes de 11 forças políticas se reuniram na cidade de Cochabamba com o presidente Evo Morales e decidiram intensificar a campanha de divulgação do novo texto da Constituição Política do Estado, com a entrega de mais de 2 milhões de exemplares em todo o país.Para tento, devem ser criados um Comitê Nacional e comitês departamentais, para melhorar os níveis de coordenação entre as organizações e instituições para efetivar a campanha, de acordo com informação do porta-voz da bancada do Movimento Ao Socialismo (MAS), Marco Carrillo.Segundo o constituinte, a campanha poderia se estender, inclusive até o início do carnaval, que será celebrado na cidade de Oruro, para distribuir o texto da nova Constituição, de forma que toda a população conheça o seu conteúdo. Além disso, para melhorar o mecanismo de divulgação, serão impulsionadas ações setoriais, com foco em mineiros, comerciantes, profissionais e estudantes.