Ex-refém das Farc deve rever o filho em até duas semanas

11/01/2008 - 15h55

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Emmanuel, o menino concebido e nascido em cativeiro, fruto da relação entre a ex-refém das Farc Clara Rojas e um guerrilheiro, deve começar uma aproximação com a sua verdadeira família em “um prazo não maior do que duas semanas”, anunciou hoje (10) o ministro de Proteção Social da Colômbia, Diego Palacio. As informações são da Agencia Telam.O ministro indicou que essa aproximação será feita preservando a integridade psicológica do menino. Ele tem hoje três anos e nove meses e foi separado de sua mãe quando tinha oito meses. Também serão respeitados os aspectos legais, uma vez que ele está sob o cuidado do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF). Especialistas como a psicóloga Lucía Nieto, da Fundação País Livre, que luta contra o sequestro, advertiram que a aproximação de Emmanuel com Clara Rojas e os demais familiares deve ser progressiva e sutil, pois há risco de traumas. Segundo a psicóloga, o assunto passa inclusive pelo nome, pois a criança se auto-identifica como Juan David Gómez. “Não esperem que, chamando de Emmanuel, o menino responda em seguida”, advertiu a especialista.A partir desse raciocínio, o ministro Palacio defendeu que o processo não seja acelerado, e deixou nas mãos da Defensoria da Família a decisão de entregar “temporariamente” Emmanuel à família Rojas.Um laboratório espanhol confirmou ontem (9), por meio de testes de DNA, que Juan David, entregue ao Instituto de Bem-Estar por um homem que disse ser seu tio, é o filho de Clara Rojas, libertada pelas Farc depois de cinco anos e 11 meses de sequestro. O ministro descartou que, depois da solidez das provas de DNA feitas com amostras da avó e de um tio do menino, sejam necessários novos exames com amostras da própria mãe.Rojas, de 44 anos, ex-candidata à Vice-Presidência da Colômbia por um partido ecologista, disse, em Caracas, que deseja se encontrar com o filho o mais breve possível e que o chamará de Emmanuel, tal como decidiu quando ele nasceu, no meio da selva, com o apoio de enfermeiros das Farc. “Estou viva por ele e espero que ele também por mim”, afirmou. Ela se absteve de dar detalhes sobre o pai da criança, de quem só disse que não voltou a receber notícias.Emmanuel, ou Juan David, é o símbolo da operação que terminou com a liberação de Rojas e da ex-parlamentar Consuelo González. As Farc separaram o menino da mãe e o levaram a um hospital do Estado, mas a Defensoria do departamento de Guaviare, ao ver as más condições em que estava, decidiu entregá-lo ao ICBF, que o enviou a um refúgio em Bogotá, capital colombiana.O ocorrido foi descoberto em dezembro, quando os guerrilheiros pretendiam recuperar o garoto para cumprir com o compromisso de o entregar ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O ministro Diego Palacio confirmou que o menino precisará de uma nova cirurgia para corrigir a fratura do braço que sofreu durante o parto. Esse detalhe foi fundamental para a identificação.