Governantes avançam no diálogo em La Paz e voltam a se reunir dia 14

08/01/2008 - 16h44

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após dez horas e meia de discussão, terminou hoje (8) a primeira reunião entre o governo da Bolívia e os nove prefeitos departamentais (equivalentes aos nossos governadores, mas com menos autonomia) em busca de uma saída para a crise política vivida pelo país. Segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI), que é estatal, os prefeitos de oposição se mostraram satisfeitos com os resultados dessa primeira rodada de diálogo e parabenizaram o presidente Evo Morales por sua disposição em firmar acordos.O governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, defendeu a formação de uma comissão que possa viabilizar acordos sobre os temas fundamentais, como a nova Constituição da Bolívia, o Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos (IDH) e os estatutos autonômicos. “Creio que foi uma reunião sincera e necessitamos de uma saída política para essa crise”, disse.A Constituição e os estatutos autonômicos são documentos aprovados recentemente pelo governo federal e pelas prefeituras oposicionistas, respectivamente, que estão no cerne da crise vivida pelo país (leia mais), pois os departamentos rejeitam a Constituição e o governo federal diz que os estatutos são ilegais.O IDH é um imposto que taxa as empresas petrolíferas em 32% da arrecadação, com distribuição dos recursos arrecadados para departamentos, municípios, universidades e o Tesouro nacional. No ano passado, o governo Evo Morales decidiu desviar 30% desse montante (com exceção do que é destinado às universidades) para o programa Renda Dignidade, que paga renda vitalícia a pessoas com mais de 60 anos. A medida deve ser implantada em 1º de fevereiro.O prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas, assinalou que foi uma reunião prolongada, com avanços importantes que serão avaliados na próxima segunda-feira. “Há vontade de avançar no diálogo e isso é o importante”.Já o prefeito de Tarija, Mario Cossío, ressaltou que todos estão se colocando à disposição para encontrar soluções. “O fato de o governo estar disposto a discutir alguns temas da Constituição é um avanço muito importante que possibilita um acordo nacional”.O ministro da Presidência, Juan Jamón Quintana (espécie de braço direito do presidente), qualificou a reunião como “frutífera” ao sair do Palácio Quemado, sede do governo. Ele informou que o presidente Evo Morales baseou o diálogo em oito pontos: unidade do país, institucionalidade, papel do Estado na economia, apoio ao processo de mudança no marco da legalidade, aprofundamento do processo democrático com autonomias, o programa Renda Dignidade, busca de uma lei sobre administração regional e respeito à propriedade pública e privada.O ministro afirmou que o acordo deve ser nacional e com a participação de outros atores sociais. “Esperamos seguir tecendo o grande acordo nacional com todos os setores e nessa linha estamos trabalhando com os governadores”, afirmou Quintana.Amanhã haverá reunião de equipes técnicas e na próxima segunda-feira, os governadores e o presidente voltarão a se encontrar.