Violência após eleição no Quênia deixa cerca de 300 mortos

02/01/2008 - 12h17

Juliana Cézar Nunes*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os resultados das eleições no Quênia levaram o país a umaonda de violência que já deixou cerca de 300 mortos. Desde domingo (27), quase80 mil de quenianos deixaram suas casas e até mesmo o país com medo de ataques.Pelo menos 35 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram queimadas vivasnuma igreja em Kiamba, perto da cidade de Eldoret.A União Africana mediará a crise política e humanitária. Deacordo com o Itamaraty, até agora, não há registro de brasileiros entre asvítimas. Cerca de 120 residem no país – a maioria atua em empresas,representações diplomáticas e organizações internacionais.Apesar de não ter participado da organização das eleiçõesou enviado observadores, o Brasil tem ampliado os esforços para a cooperaçãopolítica e o intercâmbio comercial com o Quênia. Os dois países defendem umareforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Desenvolvem também projetosem parceria nas áreas de combate à aids e biocombustíveis.Entre 2004 e 2007 (até outubro), a corrente de comércio (exportações eimportações) entre Brasil e Quênia passou de US$ 20,2 milhões para US$ 49,9milhões. O país africano exerce liderança política e econômica no continente.Nos últimos dois anos, registrou um crescimento de 9% no ProdutoInterno Bruto (PIB), segundo relatório da agência de inteligêncianorte-americana (CIA).A instabilidade política, no entanto, preocupa a comunidadeinternacional. O candidato derrotado pelo presidente reeleito Mwai Kibaki,Raila Odinga, questiona o resultado das eleições. Segundo a Comissão Eleitoral, Mwai Kibaki, do Partido deUnidade Nacional (PNU), obteve 4,5 milhões de votos, enquanto Raila Odinga, doMovimento Democrático Laranja (ODM), recebeu 4,3 milhões.O porta-voz dogoverno queniano, Alfred Mutua, disse que nas próximas semanas as manifestaçõespúblicas estão proibidas, apesar de a oposição ter convocado para amanhã (3)uma grande ação de protestos em todo o país. Já o líder da oposição pediu à população queniana para protestar "pacificamente"contra os resultados. "Apelamos a uma ação em massa, uma ação em massapacífica", afirmou Odinga, em entrevista coletiva na capital Nairobi.A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice,e o ministro britânico das Relações Exteriores, David Miliband, também lançaramhoje um apelo aos dirigentes quenianos para que "demonstrem espírito decompromisso"."Seguimos de perto os acontecimentos no Quênia nas últimas 48 horas.Felicitamos o povo queniano pela sua ligação à democracia. No entanto, existeminformações independentes que apontam para irregularidades sérias no processode recontagem [dos votos]", diz o texto assinado por Rice e Miliband.