Marcia Wonghon*
Repórter da Agência Brasil
Recife - Cerca de 100 estudantes acampam,desde ontem (26), com barracas de lona e colchões no prédioda Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na zonaoeste da capital pernambucana. O protesto é contra aaprovação, pelo Conselho Universitário, doaumento do número de vagas na instituição e decursos de graduação, previstos no Programa de Apoio aPlanos de Reestruturação e Expansão dasUniversidades Federais (Reuni), do Ministério da Educação(MEC). Mobilizações estudantis contrárias aoprojeto já ocorreram em outras cinco cidades do país.Durante o início damanifestação houve troca de agressões entrealunos, seguranças e representantes do Conselho Universitário.O estudante de ciências sociais Thiago Santos chegou a serdetido por desacato a autoridade. Conduzido à Superintendênciada Polícia Federal, ele assinou um termo de compromisso e foiliberado.O universitário Rafael Mendesdisse que o movimento estudantil não é contra aexpansão universitária nem o aumento de repasse derecursos federais para a instituição, mas justificouque é necessário ampliar as discussões sobre oReuni. Para o estudante, o programa tem metas que precisam seresclarecidas. “Por exemplo, o repasse de verbas, que estáatrelado ao orçamento do MEC”, comentou.“O Artigo 3ºdo documento indica a liberação de R$ 2 bilhõespara serem repassados nos próximos cinco anos. Não hápossibilidade de esse montante aumentar mesmo com as oscilaçõesda economia – a verba é fixa, ou seja, a universidade teráque ser expandida, melhorar biblioteca, ampliar a contrataçãode professores com um dinheiro que não vai aumentar.Consideramos que a proposta do governo federal não ésólida e coloca em risco o sistema educacional”, observou.Segundo Nunzio Briguglio Filho, assessor de comunicação especial doministro da Educação, Fernando Haddad, a informação do estudante éimprocedente: "Não está especificado em documento nenhum que a verbanão pode ser aumentada".
O reitor Amaro Lins repudiou a formacomo os estudantes conduziram a manifestação. Elealegou que projeto vem sendo debatido desde setembro com toda auniversidade por meio dos conselhos departamentais e centrosacadêmicos. Amaro Lins ingressou na Justiça comuma ação de reintegração de posse doimóvel. Com isso, um oficial de Justiça comunicou aosestudantes que eles precisavam desocupar o prédio da Reitoriaaté o meia-dia de hoje. No entanto, no início da tardeo reitor reuniu o grupo de manifestantes para informar que o batalhãode choque da Polícia Militar não iria retirá-losdo local. Disse que eles poderiam permanecer acampados caso secomprometessem a zelar pelo patrimônio público e nãointerferissem no acesso dos funcionários ao trabalho.“Nãohá interesse em provocar distúrbios”, avaliou Lins.“Os estudantes precisam ter mais conhecimento sobre o Reuni e atépoderão contribuir na definição de um plano deimplantação das ações, a serem executadasentre 2008 a 2012.”
Ficou agendada para segunda-feira(29) à tarde uma reunião entre uma comissão deestudantes e o reitor.