Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O primeiro encontro doPainel Intergovernamental sobre Mudança Climática(IPCC, na sigla em inglês) na América Latina resultou emsugestões para pesquisadores e formuladores de políticaspúblicas brasileiros encaminharem a discussão dasmudanças climáticas no país. Durante aúltima quinta-feira e ontem (25 e 26), ambientalistas e membros do IPCCdiscutiram a relação dos impactos do aquecimento globalaplicadas a contextos nacionais, como os desafios da eficiênciaenergética, da gestão de resíduos e dapreservação das florestas.As conclusõesdos grupos de trabalho poderão orientar as diretrizes daparticipação brasileira na Conferência das Partessobre o Clima (COP), marcada para dezembro em Bali (Indonésia).Na ocasião, a Organização das NaçõesUnidas (ONU) pretende iniciar a fase de negociaçõespara o período pós-2012, quando termina a primeiraetapa de compromissos do Protocolo de Quioto.O estabelecimento demetas de redução de gases de efeito estufa para paísesem desenvolvimento – a exemplo do que já acontece nas naçõesricas – deverá ser um dos principais temas da reuniãoda ONU. "A questão das metas ainda é vista como umtabu, mas é necessário pensar sobre o tema. Temos quecomeçar a discuti-las no longo prazo", ponderou opesquisador José Marengo, membro do IPCC."Em algum momentovamos ter que pensar em metas de redução ou dedesmatamento. O clima não é propriedade do governo, dasuniversidades ou das empresas, é de todos nós",acrescentou.Além daformulação e adoção de políticaspúblicas urgentes para mudanças climáticas, ospesquisadores apontaram a necessidade de mudanças culturaispara alavancar melhores resultados na mitigação(redução) de gases de efeitos estufa. "Identificamosa necessidade de maior conscientização sobre mudançasclimáticas. A ligação entre o conhecimento dosproblemas e o comportamento de consumidores individuais ainda nãoé tão clara", observou o pesquisador do IPCC LeoMeyer, que coordenou o grupo de trabalho sobre políticaspúblicas e oportunidades de mitigação durante areunião.Como exemplos demudanças de comportamento, a professora Suzana Kahn, uma dasrepresentantes brasileiras no painel intergovernamental, citou aredução da frota de veículos particulares einvestimentos em transporte coletivo, temas discutidos sob aperspectiva dos biocombustíveis. Um dos estudos apresentadosaponta possibilidade de mistura de até 25% de etanol nagasolina, o que reduziria a emissão de dióxido decarbono (CO2) – gás considerado um dos grandes vilõesdo aquecimento global."Concluímosque apenas trocar de combustível não é solução,a diferença vai ser a mudança da matriz modal do uso detransporte: deixar o individual e incentivar uso de transportescoletivos", destacou Kahn.Organizado pelaSecretaria de Estado e Meio Ambiente do Rio de Janeiro e pelaCompanhia Vale do Rio Doce, o encontro reuniu membros do IPCC eambientalistas para debater as recentes conclusões sobreimpactos do aquecimento global.