Mercado de trabalho não pode ser objetivo em centros públicos de acesso à internet, dizem especialistas

12/08/2007 - 17h54

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A aprendizagem do usoda internet e da informática em centros públicos de acesso não deve visar simplesmente à profissionalizaçãopara o mercado de trabalho."Não ésó chegar lá e sair com a expectativa de que vaiconseguir emprego. É preciso trabalhar com o protagonismosocial", diz o diretor do instituto dePesquisas e Projetos Sociais Tecnológicos (Ipso), CarlosSeabra. "Por exemplo, uma dona de casa fazer seu orçamentodoméstico em uma planilha eletrônica, o desempregomandar seu currículo por e-mail, o jovem usar o computadorpara fazer música em MP3”.Para o secretárioadjunto da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informaçãodo Ministério do Planejamento, Rodrigo Assunção,os centros devem oferecer monitorespara orientar os usuários a resolverem problemas com o uso datecnologia. “Os melhores centros fazem isso muito bem. Existe umuso constante que a cada dia desafia as pessoas a resolverem novosproblemas por meios da tecnologia oferecida. A profissionalização é uma dimensão pequena dos processos. Em alguns casos,muito eficaz. Mas o uso da internet nos centros públicostem a ver com buscar direitos, com informação, comprodução de conteúdo”.Segundo o coordenador de umadas unidades do projeto de inclusão digital CasaBrasil, Eliseu Pessanha, apesar de o mercado de trabalhoexigir conhecimentos sobre informática e internet, énecessário promover a cidadania. Na unidade do projeto emCeilândia (DF), os usuários aprendem a usar o computador eequipamentos de imagem e som. “Não temos o objetivo depreparar as pessoas para o mercado de trabalho. Elas aprendemdesde como operar equipamentos até a edição dasimagens e do som, com a filosofia da comunicaçãocomunitária. A pessoa faz uma reflexão críticada utilização desses instrumentos”, afirmou Pessanha.Para desempregadoSérgio Oliveira, de 45 anos de idade, o importante é adquirirconhecimentos. “Não adiante só o diploma. É acapacidade de a pessoa aprender e desenvolver. Se não tiverisso, não adianta dez diplomas”, avalia ele, que participa de um curso deinformática na Casa Brasil de Ceilândia.