Estudo aponta que acesso gratuito à internet atinge poucas pessoas no país

12/08/2007 - 17h05

Bárbara Lobato e Kelly Oliveira
Da Agência Brasil
Brasília - O desempregado SérgioOliveira, de 45 anos de idade, começou a descobrir o mundo da informática na cidade de Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília, por meio de umprojeto de inclusão digital e de acesso a tecnologias dainformação chamado Casa Brasil.Há três semanas freqüentando aulas deinformática, ele conta queainda não conseguiu assimilar o conteúdo, pois considera o curso superficial. “Para quemnão tem acesso é muito válido, porque as pessoasmais carentes têm a possibilidade acesso ainternet. Estou tentando adquirir mais conhecimentos. É muitocheio de siglas e superficial. Se fosse mais popular,a gente pegaria melhor o conteúdo. Falta material pra a gente acompanhar melhoro que o professor está falando na aula”.Embora tenha dificuldades em lidar com a tecnologia, Oliveira é um dospoucos a terem acesso gratuito à internet no Brasil. Segundouma pesquisa da Rede de Informação TecnológicaLatino-Americana (Ritla), asiniciativas de democratização do acesso à redemundial de computadores atingem uma pequena parcela da população.O estudo foi feito em parceria com o Ministério daEducação (MEC) e o Instituto Sangari, com base em dados daPesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2005.  De acordo com o levantamento, somente 2,1% das pessoas com idade a partir de 10 anos disseram ter freqüentado um centro gratuito; 10,5% usaram a rede em domicílio; e 4,6% em centros pagos. Dentre o grupo menor renda, apenas 0,9% utilizou centros gratuitos frente aos 4,5% dapopulação mais rica.Na escola, o uso dainternet também é baixo. Segundo a pesquisa, apenas 5,4% da populaçãocom 10 anos de idade ou mais declararou usar a internet na escola.Apesar dobaixo índice, o secretário de Educação aDistância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowski, está otimistacom a possibilidade de instalação de laboratóriosde informática em todas as 142mil as escolas públicas do paísaté 2010. A meta está no Plano Nacional de Educação.De acordo com ele, atualmente todas as escolas do ensino médiodo Brasil têm acesso a laboratórios de informática.“Vamos atualizar esses laboratórios. Junto com os estados,vamos oferecer mais capacitação e mais conteúdo”.No caso das escolas doensino fundamental, em 2008 deverão ser entregues 13,5mil laboratórios de informática. “Existe uma mudançana estratégia. Estamos privilegiando os municípios maiscarentes do ponto de vista educacional”.Segundo ele, a exclusão digital é “gravíssima”,mas o primeiro passo é promover a “alfabetizaçãodigital” nas escolas.O sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, daRitla, avalia que a proposta do PlanoNacional de Educação pode ajudar, mas nãoresolve totalmente a o problema da exclusão digital. “Temmuita gente que não vai à escola e precisa da internet.Precisa das duas políticas, na escola e social, com centrosde inclusão digital como existem no Peru e na Argentina, quesão subsidiados pelo governo em vários locais públicose por preços muito baixos”.Na opinião dele, falta uma política nacional de inclusãodigital. “Praticamente não temos uma políticanacional de inclusão digital. Temos alguns programas, públicose privados, mas são poucos e insuficientes”.