Seminário defende programa de crédito diferenciado para empresário negro

05/02/2005 - 16h16

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Estimular a concessão de crédito para empresários afro-descendentes foi uma das idéias sustentadas no seminário de Incubação de Empreendedores Afro-brasileiros, realizado no final de janeiro em Brasília. Uma das políticas apresentadas defende um programa de crédito financeiro disponibilizado à empresários negros, a ser desenvolvido pela secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Banco do Brasil e Associação Nacional dos Coletivos de Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros (Anceabra).

Para o subsecretário João Nogueira da Seppir existe uma ausência histórica de cultura empreendedora afro-descendente e garante que o governo quer incentivar e fortalecer essa forma de ação. "Sabemos que no país temos 45% de população negra e só 2 ou 3% de empresários negros, o que representa praticamente nada. A idéia é que possamos dar esse salto inicial de tal modo que dentro de um ou dois anos tenhamos condição de fazer outra modalidade de investimento mais arrojado e com isso estaremos também fortalecendo a idéia empreendedora da comunidade negra como um todo", afirma.

Nogueira diz que o acesso à conta corrente e ao crédito é muito menor pela população negra. Segundo ele, essa população, além de estar fora das oportunidades do trabalho assalariado de forma diferente da população branca, está também com dificuldades maiores em relação ao crédito. "Eles procuram menos, até porque sofreram muita discriminação ao buscar o crédito. Então, isso é uma cultura de discriminação do serviço prestado e por outro uma dificuldade maior da população negra a esse serviço", afirma.

O presidente da Anceabra, João Bosco, acredita que exista uma falta de cultura dos grandes bancos para o pequeno e médio empresário e isso é maior em relação a comunidade negra. "O Banco do Brasil e a Caixa Econômica até estão se esforçando, mas não têm uma cultura hoje para atender o pequeno e o médio", destaca.

Bosco diz que o mercado afro-descendente é emergente e que busca o crédito para gerar emprego, renda e desenvolvimento para o país. "Teria que se definir uma linha de crédito específica à comunidade afro-brasileira que tenha como ponto de vista a nossa história", diz. Na sua opinião, "o que nos falta é: cultura empreendedora, preparação comercial, desenvolvimento para isso e principalmente oportunidade de crédito", completa.