Brasil fecha com o Bird o primeiro empréstimo do governo Lula

29/03/2003 - 18h07

Brasília, 29/3/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e o presidente do Banco Mundial (Bird), James Wolfensohn, assinaram hoje o primeiro empréstimo do Banco Mundial ao Brasil no governo Lula, no valor de US$ 505 milhões, em apóio ao programa brasileiro de reformas do setor de desenvolvimento humano. Estiveram presentes à solenidade de assinatura, na residência ofical da Granja do Torto, o presidente da República e 10 ministros, além do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, e do diretor do Banco Mundial para o Brasil, Vinod Thomas.

Palocci explicou que o empréstimo estará à disposição do governo já na próxima segunda-feira, nas contas do Tesouro Nacional, e que ele terá margem fixa baseada na Libor (juros básicos de referência internacional do Reino Unido, correspondente à Selic), que está em torno de aproximadamente 1,3%. O empréstimo deverá ser pago em 10 anos, incluindo um prazo de carência de 7,5 anos.

O ministro ressaltou que esse empréstimo é de grande importância por dar respaldo e reconhecimento ao país. Acrescentou que existem dois tipos de empréstimos concedidos por organismos multilaterais. Um, como o que foi acionado hoje, respaldando ações de governo, e o outro, destinado a financiar projetos específicos. Até o final do governo, o Bird deverá oferecer empréstimos no valor de 4 bilhões de dólares, sendo 1 bilhão a cada ano, além de outros 6 bilhões de dólares que serão destinados a projetos específicos.

Com relação a renovação ou não de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Palocci afirmou que a decisão será tomada no final deste ano, observando que o contrato atual com o Fundo desenvolve de maneira equilibrada. "Muitas vezes, há uma preocupação em relação aos investimentos diretos estrangeiros, mas se o governo colocar essa questão junto às questões das contas correntes e do balanço de pagamento, vamos verificar que a evolução é significativamente positiva para o Brasil", salientou.

Palocci afirmou que, desde o final do ano passado, a economia nacional fez um ajuste nas contas externas que trouxe um defícit de contas concorrentes de 4,7% para 1,6%, um ajuste significativo. "Poucos países do mundo, que enfrentaram choques dessa natureza, conseguiram fazer um ajuste significativo em um espaço tão curto", enfatizou.

De acordo com o ministro, o empréstimo terá reflexos na economia do país, aliado ao conjunto de medidas que estão sendo adotadas Ele lembrou que as consequências ainda não são mensuráveis. Durante a reunião, foram discutidas as consequências econômicas da guerra no Iraque, e Palocci afirmou que, ao contrário de indicarem mudanças na rota definida pelo Brasil, as conversas reforçaram o caminho adotado até agora pelo país. Não só pelos sinais dos indicadores econômicos, mas porque a política ajustada vai garantir que o país atravesse o conflito da melhor maneira possível", garantiu.

O Banco Mundial trabalha com o Brasil desde de 1949, e já financiou mais de 32 bilhões de dólares para projetos no país. A atual carteira de investimentos do Banco Mundial no Brasil inclui 50 projetos, totalizando mais de 4,5 bilhões de dólares em compromissos. O banco já fez mais de 300 empréstimos para promover a redução da pobreza e o desenvolvimento social e econômico do país. (Paula Medeiros e