Obras de 120 artistas contam a história da Era JK

17/12/2002 - 22h07

Brasília, 17/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - A arte indígena e o estilo contemporâneo lado a lado. A Semana de Arte Moderna de 1922 e a religiosidade do barroco no século 18 juntos. A ligação entre esses estilos, que representam diferentes épocas da história brasileira, está em uma pessoa: Juscelino Kubitschek. É o que revela a exposição "JK – Uma Aventura Estética", aberta hoje no Conjunto Cultural da Caixa, em Brasília. A mostra traz 120 obras de artistas brasileiros e, segundo o curador Cláudio Pereira, representa o caminho que a arte nacional percorreu para que se chegasse à modernidade de Brasília e os passos trilhados por essa arte depois de JK. "Tentamos buscar tanto a fonte que gerou a modernidade da capital federal como as manifestações que surgiram no momento posterior a Juscelino", afirmou o curador.

A explicação de Cláudio Pereira é confirmada pela forma como as obras estão dispostas na mostra. Os quadros, desenhos, fotos, esculturas e maquetes que compõem a exposição foram organizados em sete núcleos, que situam as obras de acordo com os períodos em que surgiram. Assim, o curador lembra que as cores e formas da pintura moderna "Figura Mitológica" foram elaboradas pelo pintor Di Cavalcanti há 33 anos, mas mantêm um diálogo direto com a obra metálica "Série Esferóide" que representa a arte contemporânea de Darlan Rosa, elaborada em 2002. "Di Cavalcanti traz a modernidade que caracteriza Brasília. A Série Esferóide, o balanço entre o cheio e o vazio, caracterizando os espaços abertos presentes no planejamento da capital do País. Tudo isso mostra que a Brasília idealizada por Juscelino serve como um elo que une as representações da mostra", explicou.

Para a filha do ex-presidente, Maria Estela Kubitschek, o aceno que Juscelino dá no quadro "Retrato de JK", do pintor Frederico Bracher, não vai apenas para Minas Gerais, ao contrário do que é retratado na obra. O aceno do ex-presidente vai para a arte produzida em todo o Brasil, já que ele incentivou a produção nos diferentes campos da arte: música, pintura, arquitetura e escultura. "O lado de grande estadista sempre foi revelado. Mas ele também foi um artista. Não por produzir obras de arte, mas por apoiar a atuação de artistas da sua geração e por influenciar movimentos posteriores", declarou Maria Estela. As palavras do escritor e cartunista Ziraldo expressam a mesma opinião. "A exposição mostra como Juscelino se importou com a arte brasileira".

O apoio de Ziraldo não se restringiu a declarações. Ele também escreveu um livro para crianças, contando a infância de JK e sua relação com Brasília. No livro "Nonô e o quadradinho", Ziraldo traz uma história fictícia com o Juscelino real. "Inventei um menino que viu um quadradinho e colocou tudo o que era de valor para ele nesse quadrado. Quando ele chegou à presidência, resolveu colocar uma capital naquele espaço", disse o escritor.

O lançamento do livro faz parte do projeto educativo lançado com a exposição. Por meio do projeto, crianças de escolas brasilienses também poderão ver as obras, que integram o acervo da Caixa Econômica Federal, do Banco Central e de coleções particulares, a partir de visitas monitoradas por uma contadora de histórias. A exposição encerra oficialmente as comemorações do centenário de JK.