04/07/2010 - 16h53

Guiné-Bissau precisa resolver problemas internos para receber ajuda externa, diz Lula

 

Luciana Lima
Enviada Especial

Ilha do Sal (Cabo Verde) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil só prestará ajuda econômica à Guiné-Bissau se o país resolver seus conflitos políticos internos. “Saibam os dirigentes de Guiné-Bissau que quanto mais mais divergência tiver, quanto mais brigas internas tiver, mais difíceis serão as ajudas que teriam que vir de outros países, sobretudo dos países mais desenvolvidos”, disse Lula após a Comunidade Econômica dos Estados da África do Ocidente (Cedeao).

Lula cancelou sua viagem ao país, que seria hoje (4), e a reunião com o presidente Malam Bacai Sanhá ocorreu em Cabo Verde. No encontro, o presidente brasileiro convidou Malam Bacai Sanhá para ir ao Brasil para o próximo mês. “O Brasil tem um carinho especial por Guiné Bissau. Estamos esperando em agosto a visita do presidente ao Brasil para ver o tipo de tratamento que a gente pode dar, a ajuda que a gente pode dar para que o país possa sair da situação em que se encontra”, destacou Lula.

A recente história de Guiné-Bissau é marcada por lutas internas pelo poder. O país se tornou independente do regime colonial português em 1956. Desde então, não experimentou tempos de estabilidade política. O presidente Malam Bacai Sanhá venceu as eleições em junho de 2009.

“O que é importante, e eu fiz questão de dizer quando fui a Guiné-Bissau pela primeira vez, é que o país precisa adquirir a maturidade”, comentou Lula. “Um exercício da democracia vai permitir que Guiné Bissau possa desenvolver”, assinalou. Lula diz que Guiné-Bissau precisa resolver conflitos internos para obter ajuda.

O presidente também já manteve conversas com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, para tentar encontrar uma forma conjunta de ajuda ao país. “Semana passada estive com o presidente de Angola, e conversei com o secretário geral da ONU. Nós queremos ajudar Guiné-Bissau, mas para que o Brasil possa ajudar é preciso que o próprio país resolva seus problemas internos”, disse Lula.

 

 

04/07/2010 - 16h36

Soweto expõe desigualdades

Vinicius Konchinski

Enviado especial

 

Joanesburgo (África do Sul) – Soweto foi construído no final do século 19 para servir de residência para os negros proibidos de habitar áreas centrais de Joanesburgo pelas primeiras leis do apartheid. Vinte anos após o fim do regime discriminatório da África do Sul, o bairro que virou símbolo da luta pela igualdade de direitos é um dos mais desiguais de Joanesburgo.

 

Um dos pontos turísticos mais frequentados por estrangeiros, Soweto é área de restaurantes, museus e algumas casas de luxuosas, mas também de favelas, assentamentos e infraestrutura precária. Enquanto alguns aproveitam o desenvolvimento local, outros enfrentam condições que nem o regime do apartheid impôs aos primeiros habitantes do lugar.

 

Taboho Qasone, 20 anos, é um dos milhares de menos favorecidos. Ele mora há cinco anos na favela batizada de Holomisa Camp. Vive com sete pessoas em uma casa construída com pedaços de madeira e lâminas de alumínio, bem diferente das moradias padrão erguidas pelo governo sul-africano nos tempos de segregação. Não tem acesso a energia elétrica, água tratada nem esgoto.

 

“A vida aqui é como você está vendo mesmo”, afirmou ele, ao tentar descrever as condições em que vivem ele e todos os seus cerca de 20 mil vizinhos. “Não tenho muito a dizer.”

 

Em meio a esgoto correndo a céu aberto, galinhas, porcos e crianças, Taboho guiou a reportagem da Agência Brasil em uma visita à Homolisa. Mostrou a pedra em que todos lavam suas roupas e também explicou como é feito uma espécie de carvão com que eles cozinham e aquecem seus barracos. Preferiu, porém, não chegar perto dos 20 banheiros químicos usados por todos os moradores que vivem no local. “Você não vai querer ver isso”, perguntou. “É sujo demais.”

 

Não muito longe da Holomisa Camp, Alice Madlopha, 67 anos, não tem receio de mostrar sua casa. Jardim amplo, quartos grandes, banheiro, cozinha, sala de jantar. Espaço suficiente para abrigar as seis pessoas que vivem ali, na frente de uma das praças mais bem cuidadas de Soweto, a Thokosa Park. Lá, não falta água nem luz. Sobram área verde, ruas asfaltadas, espaço para lazer.

 

“Não saio daqui por nada”, diz ela, apontando para toda a estrutura da qual ela pode desfrutar a poucos metros de sua casa. “Estou em Soweto desde criança e aqui vou ficar até morrer.”

 

Alice ainda lembra do tempo em que foi forçada pelo governo a mudar para Soweto junto com sua família. Ela diz que chegou a viver sete anos em albergues construídos no bairro para abrigar negros que chegavam e não tinham lugar para ficar.

 

Hoje, bem instalada, diz que conseguiu uma posição mais confortável graças ao trabalho de anos dela e de seu ex-marido. Ela espera que mais empregos ajudem os que ainda não alcançaram o mesmo conforto o conquistem. “O problema é o desemprego”, afirma. “Com um emprego, todo mundo vai viver melhor.”

Edição: João Carlos Rodrigues
 

04/07/2010 - 15h13

Sistema de alerta contra cheias poderia ter evitado mortes em Alagoas, diz pesquisadora

Elaine Patricia Cruz

Repórter da Agência Brasil

 

 

São Paulo - Planejamento adequado e cuidados preventivos, como um sistema de alerta contra enchentes, poderiam ter ajudado a evitar as mortes ocorridas por causa das chuvas em Alagoas. Segundo a pesquisadora Maria José Brollo, diretora do Núcleo de Geologia de Engenharia e Ambiental do Instituto Geológico (IG), órgão ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo, o Brasil tem conhecimento técnico adequado para lidar com situações como essas, “mas falta um pouquinho de conexão para enfrentar politicamente esses problemas”.

 

Segundo ela, o ideal seria que as cidades brasileiras, muitas delas reproduzindo as mesmas condições encontradas em Alagoas e crescendo muito próximas às margens dos rios, tivessem um planejamento adequado para evitar que essas áreas fossem ocupadas. Mas com o problema já criado e as cidades localizadas em locais frágeis e suscetíveis a problemas, a solução, de acordo com a pesquisadora, passaria por uma atuação preventiva dos poderes públicos.

 

“Os poderes públicos municipais e estaduais têm que tomar cuidados preventivos para isso. Têm que preparar as populações para enfrentar situações de risco e têm que tomar cuidado para que não haja expansão das áreas de risco”, afirmou Maria José.

 

Entre essas soluções estariam os sistemas de alerta contra enchentes, como as réguas de medida dos rios que já existem em algumas cidades brasileiras. Mas para que elas sejam usadas com eficiência nas áreas de risco será necessário uma conexão entre os poderes públicos. “Não vai ser uma prefeitura pequenininha lá de um lugar distante que sozinha vai conseguir definir isso. Existem ações que precisam ser desenvolvidas pelo governo do estado e envolve interlocução de diversas secretarias, das prefeituras. E existem ações de ordem municipal para a manutenção dos locais, para a manutenção do lixo que não pode ser jogado nos rios e evitando que se formem novas áreas de risco. Todo mundo tem que estar conectado”, defendeu.

 

Três técnicos do Instituto Geológico de São Paulo estiveram na cidade de Santana do Mundaú, em Alagoas, para avaliar as causas da tragédia que destruiu praticamente 70% da área urbana da cidade. O trabalho dos técnicos foi inicialmente definir uma área sem risco de escorregamento ou inundação para instalar cerca de 2 mil barracas para abrigar a população que foi atingida pelas enchentes. “A cidade foi tão destruída que não havia escola, igreja ou qualquer lugar para colocar os desabrigados”, explicou Maria José.

 

Depois desse trabalho, a equipe avaliou um local adequado para a instalação de um novo loteamento para a construção emergencial de casas para os habitantes de Santana do Mundaú e um local para a colocação dos entulhos da cidade. “E, finalmente, eles fizeram recomendações sobre a situação que se encontra lá em termos geológicos, de escorregamento e inundação”. O relatório, já concluído, foi entregue para a Defesa Civil local e para a prefeitura da cidade. Outras equipes do IG de São Paulo também estão indo para as cidades de Branquinha e de União dos Palmares para avaliar os estragos provocados pelas chuvas e apresentarem relatórios que podem auxiliar na reconstrução dessas cidades futuramente.

 

No relatório elaborado sobre as enchentes e a destruição em Santana do Mundaú, os técnicos afirmam que o que ocorreu na cidade foi um fenômeno conhecido como flash flood. “Foi uma inundação rápida, com atingimento muito extenso, com grau de destruição importante causado pela chuva intensa e forte nas cabeceiras. Foi uma chuva histórica, com um volume de água muito grande e que carregou tudo o que tinha pela frente”, explicou Maria José.

 

Edição: João Carlos Rodrigues

 

04/07/2010 - 14h15

Segurança é reforçada durante eleições no México

Da Agência Brasil

 

Brasília - O México vai às urnas hoje (4) para eleger dez governos locais, prefeituras e assembleias regionais. Pela primeira vez em quase duas décadas, a atenção está concentrada não apenas nos resultados, mas também no clima de violência que poderá afetar a votação em alguns estados. Cartéis de droga ameaçaram as campanhas de vários partidos e nesta semana foi assassinado o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao governo de Tamaulipas, Rodolfo Torre Cantú.

 

Segundo a BBC Brasl, até a semana passada, o principal foco de atenção era o resultado das alianças entre os partidos da Revolução Democrática (PRD), de esquerda, e o conservador Ação Nacional (PAN). Algumas pesquisas mostram que a aliança poderia derrotar o PRI em estados onde o partido sempre governou, como Oaxaca e Sinaloa.

 

Mas a morte de Torre Cantú, o mais grave incidente de violência política desde o assassinato do candidato presidencial Luis Donaldo Colosio, em 1994, mudou o cenário. O assassinato demonstra que o crime organizado pretende influir nas eleições, segundo reconheceu o próprio presidente mexicano, Felipe Calderón. Alguns vêem a ofensiva como uma mudança importante na atuação das quadrilhas de narcotraficantes.

 

A segurança foi reforçada durante a campanha em estados com forte presença de narcotraficantes, como Chihuahua, Durango, Sinaloa e Tamaulipas. Nos municípios de Valle de Juarez, uma das principais zonas do tráfico de drogas para os Estados Unidos, o Instituto Eleitoral de Chihuahua pediu apoio da Polícia Federal para vigiar os comícios.

 

O clima de medo e violência é inédito e demonstra o poder do crime organizado no país, segundo analistas. “Este é o grande problema dessas eleições que, sem dúvida, se refletirá nos atos permanentes de violência, como se demonstrou em Tamaulipas”, disse Juan Maria Alponte, catedrático de ciências políticas da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam).

 

Diante das ameaças, o Ministério de Governança assinou um protocolo de segurança com os governos dos estados onde haverá eleições para garantir a segurança dos eleitores.

 

O presidente Calderón convocou um diálogo nacional com todos os partidos políticos para enfrentar as ameaças do crime organizado. O PRD e o PAN já aceitaram o convite, mas o PRI, que governa 19 dos 32 Estados do país, afirmou que só dialoga depois das eleições.

 

Edição: João Carlos Rodrigues

 

04/07/2010 - 14h03

Polônia elege em segundo turno sucessor do presidente morto em acidente de avião

Da Agência Brasil

Brasília - O segundo turno das eleições presidenciais na Polônia começou na manhã hoje (4) com participação popular superior à registrada há duas semanas, quando ocorreu o primeiro turno. De acordo com a agência de notícias argentina Telam, a Comissão Eleitoral informou que 2,52% dos eleitores já haviam votado nas primeiras duas horas após a abertura das urnas. No primeiro turno, apenas 1,85% dos cidadãos poloneses com direito a voto compareceu às cabines eleitorais nas primeiras horas da eleição.

A votação de hoje elegerá o sucessor do falecido presidente Lech Kaczynski. Ele morreu no dia 10 de abril passado, quando caiu o avião que o transportava até cidade russa de Smolensk, a 400 quilômetros de Moscou. Kaczynski se dirigia à localidade russa de Katyn para prestar homenagem aos milhares de oficiais poloneses executados em 1940 pelos serviços secretos soviéticos.

Mais de 30 milhões de poloneses estão aptos a votar neste domingo. Os dois candidatos na disputa são Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do falecido presidente polonês, e o chefe do Parlamento, Bronislaw Komorowski, que exerce interinamente a Presidência.

Kaczynsk, de 61 anos, quer um Estado nacional mais forte, ampliação da assistência social para os mais pobres e a entrada da Polônia no G20, o grupo que reúne os países mais desenvolvidos do mundo. Komorowski, de 58 anos, é candidato do partido do governo Plataforma Cidadã e se dedicará mais à política externa, caso seja eleito.

Edição: João Carlos Rodrigues

 

04/07/2010 - 13h38

Líder religioso do Hezbollah morre aos 75 anos

Da Agência Brasil

Brasília - Morreu hoje (4), em Beirute, o aiatolá Mohammed Hussein Fadlallah, apontado como o principal líder religioso do Hezbollah. A informação é da agência de notícias BBC. Fadlallah tinha uma legião de seguidores.

A trajetória do aiatolá foi marcada por críticas aos Estados Unidos e o apoio à Revolução Islâmica no Irã, em 1979.Quatro anos depois, com a criação do movimento de resistência Hezbollah, Fadlallah foi considerado o líder espiritual do grupo, já que apoiava a visão do grupo contrária à Israel.

De acordo com a BBC, nos últimos anos, o clérigo se afastou do grupo por conta da aproximação do Hezbollah com o Irã, mas continuava a disparar críticas contra a política norte-americana para os conflitos no Oriente Médio.

Fadlallah chegou a aprovar a eleição de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos, conforme a agência de notícias. Em 2009, declarou estar decepcionado com o presidente sob a alegação de que Obama não apresentou empenho para selar a paz na região.

O aiatolá teria escapado de tentativas de assassinato, como a explosão de um carro-bomba em 1985, quando 80 pessoas morreram.

Aos 75 anos, o aiatolá estava com a saúde debilitada e, na última sexta-feira (2), foi internado com quadro de hemorragia interna.

Edição: João Carlos Rodrigues
 

04/07/2010 - 13h18

Antigos albergues servem de abrigo para desempregados em Soweto

Vinicius Konchinski
Enviado especial

Joanesburgo – Durante o apartheid, o governo sul-africano construiu uma série de albergues na periferia de grandes cidades. Soweto, em Joanesburgo, ganhou várias casas grandes, todas iguais, para abrigar migrantes negros que eram proibidos de se hospedar em áreas centrais.

Esses locais ainda fazem parte da paisagem do bairro, apesar de atualmente a maior parte dos imigrantes residir no centro de Joanesburgo. São prédios deteriorados - ainda de propriedade do Estado sul-africano -, hoje habitados predominantemente por desempregados.

Sem condições de pagar por uma moradia, parte dos 25% dos sul-africanos oficialmente sem trabalho se espremem em apartamentos feitos com divisórias construídas por eles mesmos. Dividem quartos, comem em cozinhas improvisadas e esperam por uma oportunidade.

Enquanto isso, pagam 35 rands (R$ 8,20) por mês de aluguel para o governo. Este preço já inclui o valor da água e da luz que eles usam no local.

Sphelele Mvubu, 27 anos, é um dos habitantes de um albergue de Soweto. Ele está desempregado desde fevereiro e diz que viver no albergue é difícil, mas não tão ruim assim.

As moscas com que ele divide a cozinha de seu apartamento é o que mais o incomoda. “A casa [albergue] nem o maior problema. O pior mesmo é a sujeira", diz ele.

Um dos vizinhos de Sphelele, Xolani Mothua, 28 anos, também não reclama do albergue. Lá, diz, não há brigas nem desrespeito. Co-habitante de uma casa de oito moradores, Xolani afirma, porém, que não pensaria duas vezes em sair do albergue se tivesse um emprego.

“Quem não quer ter uma casa de verdade? O problema é achar um emprego para isso”, afirma ele, desempregado há mais de um ano.

 

Edição: João Carlos Rodrigues

04/07/2010 - 11h59

Seleção desembarca por portão alternativo em SP e frustra torcedores

Bruno Bocchini

Repórter da Agência Brasil

 

São Paulo – Parte dos jogadores da seleção brasileira desembarcou hoje (4), por volta das 5h, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Apenas alguns integrantes da comissão técnica usaram a saída convencional para deixar o local. Os jogadores passaram por um portão alternativo e não tiveram contato com a torcida, o que a deixou frustrada. Os atletas que fizeram escala em São Paulo também ficaram em um local isolado do público.

 

“Eu estou aqui desde as 3h. Fiquei triste porque queria um autógrafo do Robinho, mas não consegui. Mais uma vez eles decepcionaram a gente”, disse Victor de Oliveira, 12 anos.

 

A maioria dos torcedores portava faixas e cartazes de apoio à seleção brasileira. “Brasil, obrigado por tudo”, estava escrito em um cartaz. “Independentemente do resultado, eles merecem elogios. Só de estarem lá são campeões. Apesar do resultado, eles venceram”, disse Caiê Golmia, 18 anos,

 

Edição: João Carlos Rodrigues

 

04/07/2010 - 11h23

Eliminação do Brasil da Copa provoca encalhe de R$ 85 milhões em produtos verde-amarelos

Alana Gandra

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro - A eliminação do Brasil da Copa do Mundo da África do Sul resultou em um estoque encalhado de produtos verde-amarelos da ordem de R$ 85 milhões em todo o país, entre camisetas, vuvuzelas, cornetas e outros itens temáticos. A estimativa foi feita hoje (4) pelo professor de marketing de varejo da Fundação Getulio Vargas e diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Daniel Plá. Somente no estado do Rio, segundo ele, R$ 8,5 milhões em estoque devem ficar encalhados.

 

“Os lojistas, de fato, estavam esperando vender ainda muitos produtos verde -amarelos. Agora, fica muito difícil vender, mesmo com até 50% de desconto”, disse Daniel. Ele acha que “até a indústria de televisores vai ser afetada”. Algumas lojas já estão dando desconto de 10% a 15% nos aparelhos, porque esperavam que as vendas continuassem aquecidas até a próxima semana, quando ocorrerá o encerramento da Copa. “Todo mundo esperava que o Brasil fosse até a final.”

 

O saldo, porém, é positivo, destacou Daniel. Ele disse que o comércio tradicional sai ganhando, uma vez que os produtos verde-amarelos representam uma fração reduzida do faturamento do setor: menos de 5% do total. “É quase como uma inversão do que se previa”. A perda de R$ 1 bilhão projetada para o comércio do Rio de Janeiro, caso o Brasil fosse até a final da Copa, ficou estancada, assinalou Daniel. No caso do Brasil como um todo, a perda estimada era de R$ 10 bilhões.

 

Edição: João Carlos Rodrigues

04/07/2010 - 10h51

Desigualdade reflete envolvimento de sul-africanos com Copa do Mundo

Vinicius Konchinski

Enviado Especial

Joanesburgo (África do Sul) – Joanesburgo é uma das três cidades mais desiguais do mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat). As diferenças entre as condições socioeconômicas de sua população são evidentes. Influenciam até na forma com que as pessoas que vivem ali enxergam e se envolvem com a Copa do Mundo sediada pela África do Sul.

 

Apesar de a alegria motivada pela recepção do torneio ser quase unânime entre os sul-africanos, dependendo da área de Joanesburgo e da situação em que vivem os seus habitantes, percebe-se uma aprovação maior ou menor do Mundial. Enquanto moradores de áreas mais nobres vibram com a realização da primeira Copa em um país do Continente Africano, quem vive em locais mais pobres duvida dos seus benefícios.

Essa diferença é percebida até mesmo dentro de determinados bairros da cidade. Em Soweto, por exemplo, negros que conseguiram emergir economicamente após o fim do apartheid vêem a Copa como uma conquista sul-africana. Já os que sofrem com o desemprego e falta de infraestrutura básica dizem que o torneio não representa nada para eles.

“Eu pensava que a Copa traria alguma coisa boa. Mas até agora, nada”, diz Nelly Ntubi, moradora de uma das favelas de Soweto, a Holomisa Camp. Ela mora com outras dez pessoas, quatro delas crianças, em uma casa construída por seu próprio marido usando lâminas de metal. De todos os membros de sua família que dividem a mesma moradia, só ele tem emprego. Nenhum, contudo, tem acesso à água tratada, esgoto ou eletricidade. “Não tenho nem como assistir aos jogos”, afirma ela. “Para mim, a Copa não significa nada.”

A alguns metros da casa de Nelly, porém, outra moradora de Soweto tem uma visão bem mais otimista sobre o Mundial. Beauty Shezi é recém-aposentada e proprietária de uma casa confortável perto de uma das entradas do bairro, num local chamado Diepkloof Extension. Ela afirma não ser fã de futebol, mas acompanha o torneio, principalmente o desempenho das seleções africanas. Para Beauty , a Copa é a chance da África do Sul mostrar ao mundo que as histórias de segregação racial e a violência ficaram para trás. “Todo mundo que vier para cá vai saber que o apartheid é passado. Há um preconceito contra o país. A Copa vai ajudar a acabar com ele.”

Sobre as desigualdades na África do Sul, Beauty acha que isso ainda é um problema a ser solucionado. Para ela, a falta de trabalho e educação acabam empurrando seus compatriotas para a pobreza. Ela espera, entretanto, que o Mundial ajude a resolver isso. “A Copa está gerando empregos e pode dar alguma ajuda a essas pessoas.”

 

Edição: João Carlos Rodrigues

 

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