Batalhão de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar Rota https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/169779/all pt-br Julgamento do Massacre do Carandiru é retomado com apresentação de vídeos e a leitura de peças https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-08-01/julgamento-do-massacre-do-carandiru-e-retomado-com-apresentacao-de-videos-e-leitura-de-pecas <p>Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; Ap&oacute;s um intervalo de uma hora, determinado pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo com o final do depoimento do tenente-coronel Salvador Modesto Madia, o julgamento do Massacre do Carandiru foi retomado na noite de hoje (1) com a apresenta&ccedil;&atilde;o de um v&iacute;deo que apresenta reportagens jornal&iacute;sticas sobre o massacre, entre elas, um trecho do programa <em>Caminhos da Reportagem</em>, da <strong>TV Brasil</strong>, especial que tem como tema os 20 anos do Massacre do Carandiru. Depois ainda dever&aacute; ser apresentado um outro v&iacute;deo e ser&aacute; feita a leitura de pe&ccedil;as (documentos, laudos ou depoimentos de pessoas sobre o caso).</p> <p> Amanh&atilde; (2) est&atilde;o previstos os debates entre a defesa e os promotores. Em seguida, os sete jurados ir&atilde;o se reunir para decidir se condenam ou absolvem os policiais. A previs&atilde;o &eacute; que o resultado do julgamento seja divulgado durante a madrugada de s&aacute;bado (3).</p> <p> Esta &eacute; a segunda etapa do julgamento, onde 25 policiais militares s&atilde;o acusados pela morte de 73 detentos que ocupavam o terceiro pavimento (ou segundo andar) do Pavilh&atilde;o 9 da Casa de Deten&ccedil;&atilde;o Carandiru. Na primeira etapa do julgamento, que foi desmembrado em quatro etapas, 23 policiais militares, tamb&eacute;m todos da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foram condenados pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento.</p> <p> Toda a a&ccedil;&atilde;o para reprimir a rebeli&atilde;o no Carandiru, em 1992, resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos. O epis&oacute;dio &eacute; considerado como o maior massacre do sistema penitenci&aacute;rio brasileiro.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> armas de fogo Batalhão de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar Rota disparos ex-capitão Valter Alves Mendonça Fórum Criminal da Barra Funda Massacre do Carandiru Nacional Salvador Modesto Madia Fri, 02 Aug 2013 00:13:52 +0000 fabio.massalli 727160 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/ “O povo adora a Rota”, diz tenente-coronel que está sendo julgado pelo Massacre do Carandiru https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-08-01/%E2%80%9C-povo-adora-rota%E2%80%9D-diz-tenente-coronel-que-esta-sendo-julgado-pelo-massacre-do-carandiru <p>Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; Ap&oacute;s quase seis horas de depoimento, acabou por volta das 19h40 o depoimento do tenente-coronel Salvador Modesto Madia no julgamento do Massacre do Carandiru. Com isso, o juiz decretou um intervalo de 45 minutos antes de reiniciar os trabalhos, com a leitura de pe&ccedil;as e a apresenta&ccedil;&atilde;o de v&iacute;deos. Amanh&atilde; (2) est&atilde;o previstos os debates entre a defesa e os promotores e a decis&atilde;o dos sete jurados.</p> <p> Madia &eacute; um dos 25 policiais e ex-policiais militares da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) que s&atilde;o acusados pela morte de 73 detentos que ocupavam o terceiro pavimento (ou segundo andar) do Pavilh&atilde;o 9 da extinta Casa de Deten&ccedil;&atilde;o Carandiru. Em 1992, quando ocorreu o massacre, Madia era tenente da Rota.</p> <p> Durante o depoimento, o tenente-coronel negou que ele ou a sua tropa sejam respons&aacute;veis pelas mortes dos detentos. &ldquo;Sei que n&oacute;s n&atilde;o fizemos [n&atilde;o matamos]&rdquo;, disse. Os 25 policiais se dizem inocentes pelas mortes dos detentos e insistem na tese de que houve a necessidade de invas&atilde;o da Pol&iacute;cia Militar no local. Dos 25 policiais acusados, cinco prestaram depoimentos e todos falaram que houve confronto entre policiais e presos, que culminou em mortos e feridos. Outros 18 se mantiveram em sil&ecirc;ncio e dois deles n&atilde;o acompanham os trabalhos do j&uacute;ri porque est&atilde;o doentes.</p> <p> No dia do massacre, disse Madia, ele chegou ao pres&iacute;dio carregando um rev&oacute;lver e uma metralhadora. Ao entrar na penitenci&aacute;ria, ouviu muitos gritos, barulhos e estampidos. E lembrou ter feito alguns disparos, mas n&atilde;o soube precisar quantos. Segundo ele, a situa&ccedil;&atilde;o no pres&iacute;dio, naquele dia, foi extremamente tensa, &ldquo;a maior adrenalina que j&aacute; passou na vida&rdquo;.</p> <p> Durante interrogat&oacute;rio feito por promotores e por sua advogada de defesa, Ieda Ribeiro de Souza, o tenente-coronel comentou tamb&eacute;m sobre o per&iacute;odo em que comandou a Rota, entre <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-01/policia-militar-paulista-matou-229-pessoas-no-primeiro-semestre " target="_blank">novembro de 2011 e setembro de 201</a>2. Na &eacute;poca em que esteve no comando da Rota, a tropa de elite de S&atilde;o Paulo matou 48 pessoas entre janeiro e junho de 2012, segundo n&uacute;meros da Ouvidoria da Pol&iacute;cia. O n&uacute;mero representou aumento de 20% em compara&ccedil;&atilde;o a igual per&iacute;odo do ano anterior.</p> <p> Segundo Madia, as pessoas s&oacute; falam do aumento do n&uacute;mero de homic&iacute;dios, mas se esquecem de que, no per&iacute;odo em que comandou o &oacute;rg&atilde;o, houve um grande n&uacute;mero de apreens&otilde;es de drogas e de armas. &ldquo;Batemos, literalmente, de frente com o crime organizado. De verdade. Fizemos in&uacute;meras apreens&otilde;es, mas s&oacute; se fala do n&uacute;mero de letalidade&rdquo;, disse.</p> <p> Madia tamb&eacute;m falou do apre&ccedil;o que a popula&ccedil;&atilde;o de S&atilde;o Paulo tem pela Rota. &ldquo;O povo adora a gente&rdquo;, disse ele, ressaltando que a tropa de elite paulista entra nas regi&otilde;es, principalmente perif&eacute;ricas, onde o Estado n&atilde;o chega e negou a ideia de que a Rota seja um instrumento policial criado para matar. &ldquo;A Rota, antes de matar, ela prende, ajuda as crian&ccedil;as, faz partos&rdquo;, disse.&nbsp;</p> <p> &ldquo;Dizem que n&oacute;s [policiais] perseguimos pretos e pobres. Mas olhe para eles [Madia apontou para os policiais no plen&aacute;rio que tamb&eacute;m s&atilde;o r&eacute;us, alguns deles negros], que se aposentam com R$ 2,7 mil por m&ecirc;s&rdquo;, falou, em tom exaltado. Esta mesma afirma&ccedil;&atilde;o foi feita por Madia em dois momentos de seu depoimento. No segundo deles, os policiais negros da corpora&ccedil;&atilde;o - e que tamb&eacute;m s&atilde;o r&eacute;us - se levantaram em sinal de aprova&ccedil;&atilde;o ao que o coronel falou. Um deles, ao sentar-se, come&ccedil;ou a chorar. O juiz reprovou o comportamento dos r&eacute;us e pediu para que eles n&atilde;o se manifestassem.</p> <p> Madia foi o quinto policial militar a ser ouvido nesta segunda etapa do julgamento do Carandiru. Ontem (1), em 15 horas de depoimentos, foram ouvidos o major Marcelo Gonzales Marques, o tenente-coronel Carlos Alberto Santos, o ex-capit&atilde;o Valter Alves Mendon&ccedil;a e o tenente Edson Pereira Campos.</p> <p> Toda a a&ccedil;&atilde;o para reprimir a rebeli&atilde;o no Carandiru, em 1992, resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos. O epis&oacute;dio &eacute; considerado como o maior massacre do sistema penitenci&aacute;rio brasileiro. Na primeira etapa do julgamento do Carandiru, que foi desmembrado em quatro etapas, 23 policiais militares, todos da Rota, foram condenados pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> armas de fogo Batalhão de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar Rota disparos ex-capitão Valter Alves Mendonça Fórum Criminal da Barra Funda Massacre do Carandiru Nacional Salvador Modesto Madia Thu, 01 Aug 2013 23:36:27 +0000 fabio.massalli 727155 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/ Tenente-coronel da Rota diz que "nem ele e nem seus homens" mataram os detentos no Carandiru https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-08-01/tenente-coronel-da-rota-diz-que-nem-ele-e-nem-seus-homens-mataram-os-detentos-no-carandiru <p>Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; O julgamento do Massacre do Carandiru prossegue na tarde de hoje (1) com o depoimento do tenente-coronel Salvador Modesto Madia que, no ano do massacre, em 1992, era tenente da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Madia &eacute; um dos 25 policiais militares que s&atilde;o acusados pela morte de 73 detentos que ocupavam o terceiro pavimento (ou segundo andar) do Pavilh&atilde;o 9 do Carandiru.</p> <p> Durante uma hora e meia, Madia foi interrogado pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo. Neste momento, ele &eacute; interrogado pelos promotores e ainda falta ele ser inquirido pela advogada que o defende, Ieda Ribeiro de Souza. Os policiais se dizem inocentes e insistem na tese de que houve confronto entre policiais e presos no dia do massacre. A defesa tamb&eacute;m alega que n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel individualizar as condutas dos policiais, ou seja, dizer qual policial matou quais ou quantos presos.</p> <p> Durante o depoimento, Madia negou que ele ou a sua tropa sejam respons&aacute;veis pelas mortes dos detentos. &ldquo;Sei que n&oacute;s n&atilde;o fizemos [n&atilde;o matamos]&rdquo;, disse ele. &rdquo;N&atilde;o admito desvio de conduta. Se tivesse ocorrido isso [no dia do massacre], eu prenderia [o policial] por desvio de conduta naquele exato momento&rdquo;, falou. &ldquo;Passados 21 anos, queria que o senhor falasse em quem eu dei um tiro&rdquo;, disse, se dirigindo ao juiz.&nbsp;</p> <p> Madia comandou a Rota entre <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-01/policia-militar-paulista-matou-229-pessoas-no-primeiro-semestre" target="_blank">novembro de 2011 e setembro de 2012 </a>e foi afastado pelo governo, que alegou que a mudan&ccedil;a era rotineira.</p> <p>Segundo Madia, a a&ccedil;&atilde;o no Carandiru, no dia 2 de outubro de 1992, foi &ldquo;a maior adrenalina que j&aacute; passou em vida&rdquo;. &ldquo;Naquela noite, no quartel [ap&oacute;s a a&ccedil;&atilde;o no pres&iacute;dio], estava um clima tenso. Nunca t&iacute;nhamos vivido uma situa&ccedil;&atilde;o como essa&rdquo;, disse. &ldquo;Pensa que eu voltei para casa [naquele dia] feliz? Ou que eu tomei um copo de sangue? Dizem que n&oacute;s [policiais] perseguimos pretos e pobres, mas olhe para eles [ele aponta para os policiais no plen&aacute;rio, que tamb&eacute;m s&atilde;o r&eacute;us, alguns deles negros], que se aposentam com R$ 2,7 mil por m&ecirc;s&rdquo;, falou, em tom exaltado.</p> <p> Quando o juiz perguntou a Madia quem, ent&atilde;o, matou os detentos, pois 111 foram mortos naquele dia no Carandiru, o tenente-coronel respondeu: &ldquo;N&atilde;o fui eu e n&atilde;o foram os meus homens&rdquo;. O juiz ainda lhe perguntou se policiais militares mataram os detentos e ele se limitou a dizer: &ldquo;N&atilde;o sei&rdquo;.</p> <p>Sobre a a&ccedil;&atilde;o policial, o tenente-coronel contou que n&atilde;o tinha conhecimento sobre a planta do pavimento que iria invadir, mas havia um plano de invas&atilde;o, reconheceu. Ap&oacute;s um pr&eacute;vio planejamento, ficou estabelecido que a equipe que ele comandava iria para o terceiro pavimento (segundo andar). Enquanto subia as escadas para o segundo andar, ele contou ter ouvido muito barulho vindo dos presos. &ldquo;Quanto mais subia, mais o barulho e os estampidos iam aumentando. E aumentando muito&rdquo;. &quot;A&iacute; j&aacute; deu para sentir que a tropa come&ccedil;ou a disparar&quot;, disse.</p> <p> Madia &eacute; o quinto policial militar a ser ouvido nesta segunda etapa do julgamento do Carandiru. Ontem (1), em 15 horas de depoimentos, foram ouvidos o major Marcelo Gonzales Marques, o tenente-coronel Carlos Alberto Santos e o ex-capit&atilde;o Valter Alves Mendon&ccedil;a. O &uacute;ltimo a ser ouvido foi o tenente Edson Pereira Campos, que disse que segurava um dos escudos de amianto para proteger a tropa no momento da invas&atilde;o. &quot;Meu escudo foi atingido por um proj&eacute;til, mas o equipamento evitou que os PMs fossem atingidos&rdquo;, disse. Dezoito policiais usaram o direito estabelecido pela Constitui&ccedil;&atilde;o e se mantiveram em sil&ecirc;ncio. Dois policiais que tamb&eacute;m s&atilde;o acusados e est&atilde;o sendo julgados, apresentaram atestado m&eacute;dico e n&atilde;o participam presencialmente do julgamento.</p> <p> Ap&oacute;s o depoimento de Madia, o julgamento prosseguir&aacute; com a leitura de pe&ccedil;as e exibi&ccedil;&atilde;o de dois v&iacute;deos. Amanh&atilde; (2) est&atilde;o previstos os debates entre a defesa e os promotores. Em seguida, os sete jurados ir&atilde;o se reunir para decidir se condenam ou absolvem os policiais.</p> <p> Toda a a&ccedil;&atilde;o para reprimir a rebeli&atilde;o no Carandiru, em 1992, resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos. O epis&oacute;dio &eacute; considerado como o maior massacre do sistema penitenci&aacute;rio brasileiro. Na primeira etapa do julgamento do Carandiru, que foi desmembrado em quatro etapas, 23 policiais militares, todos da Rota, foram condenados pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> armas de fogo Batalhão de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar Rota disparos ex-capitão Valter Alves Mendonça Fórum Criminal da Barra Funda Massacre do Carandiru Nacional Salvador Modesto Madia Thu, 01 Aug 2013 20:11:00 +0000 fabio.massalli 727121 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/ Major que atuou no Carandiru diz que viu clarão dos tiros disparados por presos https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-07-31/major-que-atuou-no-carandiru-diz-que-viu-clarao-dos-tiros-disparados-por-presos <p>Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; A segunda etapa do julgamento do Massacre do Carandiru prossegue na noite de hoje (31) com o depoimento do major Marcelo Gonzales Marques, que era tenente da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) na &eacute;poca em que o massacre ocorreu, em outubro de 1992. Marques &eacute; um dos 25 policiais que est&atilde;o sendo julgados pela morte de 73 detentos que ocupavam o terceiro pavimento (ou segundo andar) do Pavilh&atilde;o 9 da antiga Casa de Deten&ccedil;&atilde;o do Carandiru e, em seu depoimento, disse que viu os detentos disparando armas de fogo. &ldquo;Era tiro. Vi o clar&atilde;o dos disparos&rdquo;, declarou.</p> <p> Por volta das 16h, disse Marques, os policiais da Rota receberam o comando de ir ao Carandiru. L&aacute;, os oficiais da Pol&iacute;cia Militar, entre eles o pr&oacute;prio Marques, participaram de uma reuni&atilde;o na sala da diretoria da Casa de Deten&ccedil;&atilde;o, onde tamb&eacute;m estavam ju&iacute;zes, o diretor do Carandiru, Jos&eacute; Ismael Pedrosa, e o coronel Ubiratan Guimar&atilde;es, que comandou a opera&ccedil;&atilde;o no dia do massacre. Em depoimento, Marques contou que Pedrosa informou sobre o que estava acontecendo no Pavilh&atilde;o 9 e falou da necessidade de interven&ccedil;&atilde;o da Pol&iacute;cia Militar.</p> <p> Segundo Marques, os diretores do Carandiru temiam que a rebeli&atilde;o no Pavilh&atilde;o 9 se espalhasse para outros pavilh&otilde;es do complexo penitenci&aacute;rio e que ocorressem muitas mortes entre os presos devido ao conflito entre duas fac&ccedil;&otilde;es que buscavam o controle do local. &ldquo;Houve a rebeli&atilde;o, que come&ccedil;ou no in&iacute;cio da tarde. Os funcion&aacute;rios foram postos para fora do local pelos presos e tinham duas fac&ccedil;&otilde;es criminosas rivais. N&atilde;o havia mais condi&ccedil;&otilde;es da administra&ccedil;&atilde;o intervir&rdquo;, disse, informando o que ouviu da dire&ccedil;&atilde;o do pres&iacute;dio na &eacute;poca.</p> <p> &ldquo;Falou-se na possibilidade de que os presos estivessem armados com armas de fogo, armas brancas e agulhas e saquinhos com sangue contaminados com [o v&iacute;rus] HIV&rdquo;, acrescentou. Marques disse que a diretoria do pres&iacute;dio tamb&eacute;m contou sobre a possibilidade dos policiais encontrarem presos feridos ou mortos, em decorr&ecirc;ncia de brigas entre os presos, quando entrassem no Pavilh&atilde;o 9.</p> <p> Ap&oacute;s ouvir o relato da dire&ccedil;&atilde;o do pres&iacute;dio, narrou Marques, o coronel Ubiratan usou um r&aacute;dio, equipamento de comunica&ccedil;&atilde;o que era utilizado na &eacute;poca pela Pol&iacute;cia Militar, para conversar com o ent&atilde;o secret&aacute;rio de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, Pedro Franco de Campos. &ldquo;Pelo que pude perceber, o secret&aacute;rio disse ao coronel que a ordem de entrada [no Carandiru] ficaria a crit&eacute;rio dele [do coronel]&rdquo;, falou.</p> <p> A Rota se preparou para entrar no local. A ideia inicial era que a Rota fosse a &uacute;ltima tropa a entrar no Pavilh&atilde;o 9. Quando avisaram as tropas que havia se instaurado um caso de exce&ccedil;&atilde;o no pres&iacute;dio, por causa dos disparos com armas de fogo feitos pelos presos, a proposta inicial foi abandonada e a Rota foi a primeira a entrar no local, equipada com metralhadoras e rev&oacute;lveres. Estabeleceu-se ent&atilde;o que a Rota ficaria no terceiro e no segundo pavimentos. Nos pavimentos superiores ficariam os policiais do Grupo de A&ccedil;&otilde;es T&aacute;ticas Especiais (Gate) e do Comando de Opera&ccedil;&otilde;es Especiais (COE).</p> <p> Quando seu grupo entrou no pavilh&atilde;o, contou Marques, deparou-se com objetos sendo arremessados pelos presos das janelas, tais como privadas, m&aacute;quinas de escrever e sacos de urina e de fezes. &ldquo;Os presos tamb&eacute;m lan&ccedil;aram armas brancas na nossa dire&ccedil;&atilde;o&rdquo;, falou.</p> <p> Os presos haviam obstru&iacute;do a entrada do pavilh&atilde;o com m&oacute;veis e colch&otilde;es e, ap&oacute;s a retirada dessa barricada, contou Marques, ele viu presos feridos no acesso &agrave;s escadas que levavam a cada um dos pavimentos. &ldquo;Os presos sangravam&rdquo;, disse, relatando tamb&eacute;m ter ouvido estampidos de armas de fogo. Os policiais do seu grupo seguiram, ent&atilde;o, pelas escadas, ao terceiro pavimento, onde tamb&eacute;m ouviram estampidos de balas.</p> <p> No pavilh&atilde;o, segundo Marques, houve pelo menos tr&ecirc;s confrontos entre policiais e presos. No primeiro deles, ele contou que os presos dispararam contra os policiais. &ldquo;Era tiro. Vi o clar&atilde;o dos disparos&rdquo;, disse, ressaltando que os presos tamb&eacute;m atiravam objetos contra eles, tais como barras de ferro. No primeiro confronto, ele contou ter visto um primeiro policial ferido. &ldquo;Seguimos pela esquerda [do pavimento] e, na virada, houve outro confronto. Os presos atiraram contra n&oacute;s&rdquo;. No terceiro confronto, o embate foi corpo a corpo. &ldquo;Nesse momento eu fui esfaqueado no antebra&ccedil;o direito&rdquo;, falou.</p> <p> Ap&oacute;s os tr&ecirc;s confrontos, os policiais conseguiram conter a movimenta&ccedil;&atilde;o dos presos e eles voltaram para suas celas. Toda a a&ccedil;&atilde;o no Carandiru, segundo Marques, durou entre 15 ou 20 minutos. Os policiais acusados se dizem inocentes e que agiram no Carandiru em leg&iacute;tima defesa.</p> <p> Antes do depoimento de Marques, meio da tarde de hoje, 18 dos 25 policiais que s&atilde;o acusados foram ouvidos pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo e se mantiveram em sil&ecirc;ncio e n&atilde;o responderam a nenhuma das perguntas feitas pelo juiz ou pelos promotores do caso. Apenas o sargento Roberto Alves de Paiva confirmou a pergunta feita pelos promotores sobre se tinha ficado ferido na a&ccedil;&atilde;o policial no Carandiru e mostrou a marca de bala que tem no antebra&ccedil;o. Os promotores mostraram a ele um laudo da &eacute;poca que dizia que ele tinha sido baleado no bra&ccedil;o, mas Paiva disse que o laudo era mentiroso. Tr&ecirc;s outros policiais ainda devem ser ouvidos na noite de hoje (31). Outros dois apresentaram atestado m&eacute;dico e n&atilde;o est&atilde;o presenciando o julgamento, embora tamb&eacute;m estejam sendo acusados.</p> <p> Pela manh&atilde;, o ex-capit&atilde;o Valter Alves Mendon&ccedil;a foi interrogado. Em depoimento, ele disse que, ao entrar no segundo andar (terceiro pavimento), viu clar&otilde;es de disparos de armas de fogo vindos dos presos, ouviu estampidos e sentiu o impacto de tiros no escudo que carregava. O ex-capit&atilde;o disse que entrou em dois confrontos com os presos e chegou a ser ferido. &ldquo;Levei pauladas e estiletadas. A paulada foi na perna e fui cortado por estiletes no bra&ccedil;o&rdquo;, disse.</p> <p> Toda a a&ccedil;&atilde;o para reprimir a rebeli&atilde;o em 1992 resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos, ficando conhecida como o maior massacre do sistema penitenci&aacute;rio brasileiro. Nesta etapa, est&atilde;o sendo julgados 25 policiais militares acusados. At&eacute; segunda-feira (29), falava-se em 26 r&eacute;us, mas o Tribunal de Justi&ccedil;a (TJSP) confirmou ontem (30) que um deles morreu. Na primeira etapa do julgamento do Carandiru, que foi desmembrado em quatro etapas, 23 policiais militares, todos da Rota, foram condenados pela morte de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> armas de fogo Batalhão de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar Rota disparos ex-capitão Valter Alves Mendonça Fórum Criminal da Barra Funda Massacre do Carandiru Nacional Thu, 01 Aug 2013 00:26:56 +0000 fabio.massalli 727059 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/ Ex-capitão da PM diz que presos do Carandiru entraram em confronto e efetuaram disparos de armas de fogo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-07-31/ex-capitao-da-pm-diz-que-presos-do-carandiru-entraram-em-confronto-e-efetuaram-disparos-de-armas-de-f <p><img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/25/gallery_assist717831/prev/ABr080413MCSP-11.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 2px; float: right;" /><br /> Fernanda Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; O primeiro r&eacute;u interrogado na segunda etapa do julgamento do Massacre do Carandiru, ex-capit&atilde;o Valter Alves Mendon&ccedil;a, prestou esclarecimentos hoje (31) em plen&aacute;rio sobre sua atua&ccedil;&atilde;o durante a rebeli&atilde;o do Pavilh&atilde;o Nove da Casa de Deten&ccedil;&atilde;o.</p> <p> Ele disse que ao, entrar no segundo andar (terceiro pavimento),&nbsp; viu clar&otilde;es de disparos de armas de fogo vindos dos presos, ouviu estampidos e sentiu o impacto de tiros no escudo que carregava. Valter informou ainda que, ap&oacute;s o confronto, chegou a recolher duas armas que pertenceriam aos presos. Nenhum disparo, segundo ele, teria sido efetuado de fora para dentro das celas.</p> <p> Durante o julgamento, que come&ccedil;ou ao meio-dia no F&oacute;rum Criminal da Barra Funda, Valter disse que era capit&atilde;o da 3&ordf; Companhia do 1&ordm; Batalh&atilde;o de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). Ele integrava o turno vespertino, que inciava os trabalho &agrave;s 15h e encerrava &agrave;s 23h, tendo como responsabilidade cuidar das ocorr&ecirc;ncias de maior destaque. Ele contou que, naquele 2 de outubro de 1992, foi informado sobre um princ&iacute;pio de rebeli&atilde;o no Carandiru, mas orientou sua tropa, que fazia patrulhamento na zona norte da cidade, para que n&atilde;o se aproximasse do pres&iacute;dio e aguardasse ordens.</p> <p> Valter disse que por volta das 15h daquele dia, foi acionado pelo comandante da opera&ccedil;&atilde;o na Casa de Deten&ccedil;&atilde;o para que desse apoio para conter a rebeli&atilde;o. O ex-capit&atilde;o e sua tropa chegaram no pres&iacute;dio &agrave;s 16h. L&aacute;, Valter disse ter percebido o nervosismo do ent&atilde;o diretor do Carandiru, Jos&eacute; Ismael Pedrosa. &ldquo;Ele andava de um lado para o outro, eu percebi que ele [Pedrosa] queria interven&ccedil;&atilde;o. Disse que o Pavilh&atilde;o Nove estava incontrol&aacute;vel&rdquo;. Segundo Valter, a maior preocupa&ccedil;&atilde;o do ex-diretor era que a rebeli&atilde;o chegasse ao Pavilh&atilde;o Oito, onde estariam os presos mais perigosos, e tamb&eacute;m que houvesse fuga em massa.</p> <p> Nesse momento, o coronel Ubiratan Guimar&atilde;es recebeu, por telefone, autoriza&ccedil;&atilde;o do secret&aacute;rio de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, Pedro Franco de Campos, para ingressar no pres&iacute;dio. Segundo Valter, o chefe de seguran&ccedil;a Moacir dos Santos j&aacute; tinha conversado com os presos e teria dito que o di&aacute;logo seria imposs&iacute;vel.</p> <p> Assim, os policiais definiram a estrat&eacute;gia de entrada das tropas. &Agrave; frente, estava o 2&ordm; Batalh&atilde;o de Choque com escudeiros e o efetivo da Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam), com cerca de 130 homens. Atr&aacute;s, seguiram as tropas do 3o Batalh&atilde;o, tamb&eacute;m com escudeiros. De acordo com Valter, a Rota ficou por &uacute;ltimo, com 14 equipes. O ex-capit&atilde;o declarou que comandou a metade do efetivo, com 7 equipes. Segundo ele, a Rota ingressou no segundo andar (terceiro pavimento).</p> <p> Valter relatou que, assim que entrou no pres&iacute;dio, num espa&ccedil;o de 40 metros entre o port&atilde;o e o p&aacute;tio de acesso, havia outra barricada em chamas sendo apagada pelos bombeiros. A fuma&ccedil;a preta, contou ele, entrou pelos corredores e fez com que a visibilidade ficasse reduzida. Nesse momento, ele disse que encontrou quatro corpos, um deles sem cabe&ccedil;a. Ao ser questionado pela promotoria sobre o porqu&ecirc; de ter contado apenas hoje da exist&ecirc;ncia de um preso sem cabe&ccedil;a, Valter disse que&nbsp; &ldquo;talvez, naquela &eacute;poca, n&atilde;o tenha achado relevante contar&rdquo;.</p> <p> Portando uma submetralhadora 9 mil&iacute;metros e um escudo (sem nenhum equipamento de prote&ccedil;&atilde;o individual), Valter disse ter ingressado com sua equipe de 30 homens em um corredor de 5 metros de largura e 40 metros de comprimento. Esse teria sido o &uacute;nico lugar onde o ex-capit&atilde;o e sua tropa teriam atuado.</p> <p> &ldquo;Passamos por muita &aacute;gua e chegamos no primeiro andar. Eu subi para o outro lance de escada, tinha mais obst&aacute;culos e ingressamos no segundo andar. Ao dar os primeiros passos, a 7 metros, eu vi clar&otilde;es, ouvi estampidos e senti impactos no meu escudo. Neste momento, efetuei disparos. O sargento Cavalcante tomou um tiro e caiu gritando de dor. Eu recolhi duas armas e tentei prosseguir&rdquo;, disse Valter.</p> <p> O ex-capit&atilde;o disse que entrou em dois confrontos com os presos e chegou a ser ferido. Levei pauladas e estiletadas. A paulada foi na perna e fui cortado por estiletes no bra&ccedil;o&rdquo;. Contra sua equipe, nos dois confrontos, ele diz que foram disparados oito tiros. Valter declarou que n&atilde;o viu disparos do corredor, feitas por policiais, para dentro das celas. &ldquo;Fiquei l&aacute; [no corredor] por 15 minutos, no m&aacute;ximo&rdquo;, disse ele.</p> <p> Ap&oacute;s o ocorrido, Valter disse que levou presos e policiais feridos em sua viatura ao Pronto-Socorro de Santana. &ldquo;Eu fui medicado e liberado, retornei para o pres&iacute;dio, mas n&atilde;o pude mais entrar&rdquo;. O ex-capit&atilde;o disse, al&eacute;m disso, que recolheu de 10 a 12 presos mortos. Quanto aos policiais, Valter disse que viu dois sargentos, dois soldados e um major serem feridos no confronto. Valter informou ainda que duas armas de presos foram apreendidas por ele.</p> <p> Toda a a&ccedil;&atilde;o para reprimir a rebeli&atilde;o em 1992 resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos, ficando conhecida como o maior massacre do sistema penitenci&aacute;rio brasileiro. Nesta etapa, est&atilde;o sendo julgados 25 policiais militares acusados. At&eacute; segunda-feira (29), falava-se em 26 r&eacute;us, mas o Tribunal de Justi&ccedil;a (TJ-SP) confirmou ontem (30) que um deles j&aacute; morreu.</p> <p> At&eacute; agora, a segunda fase do julgamento j&aacute; ouviu testemunhas como o ex-governador de S&atilde;o Paulo Luiz Antonio Fleury Filho, o ex-secret&aacute;rio de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica Pedro Franco de Campos e o perito Osvaldo Negrini Neto. Se o cronograma for mantido, amanh&atilde; (1), o julgamento continua com a leitura de pe&ccedil;as e exibi&ccedil;&atilde;o de v&iacute;deos. Para sexta-feira (2), est&aacute; programado o in&iacute;cio da fase de debate entre acusa&ccedil;&atilde;o e defesa. A decis&atilde;o dos jurados deve sair na madrugada de sexta-feira para s&aacute;bado (3).</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Denise Griesinger<br /> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave;</em><strong><em> Ag&ecirc;ncia Brasil</em></strong><br /> &nbsp;</p> armas de fogo Batalhão de Choque das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar Rota disparos ex-capitão Valter Alves Mendonça Fórum Criminal da Barra Funda Justiça Massacre do Carandiru Wed, 31 Jul 2013 17:27:27 +0000 deniseg 727010 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/