retornos médicos https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/168476/all pt-br Levantamento mostra que um em cada cinco adolescentes interrompe tratamento da aids https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-07-18/levantamento-mostra-que-um-em-cada-cinco-adolescentes-interrompe-tratamento-da-aids <p>Fl&aacute;via Albuquerque<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> &nbsp;</p> <p>S&atilde;o Paulo &ndash; Um levantamento feito pelo Instituto de Infectologia Em&iacute;lio Ribas, refer&ecirc;ncia no tratamento de HIV/aids, mostrou que um em cada cinco dos adolescentes com aids acompanhados pelo hospital abandonou o tratamento no ano passado. Foram avaliados 581 adolescentes, de 12 a 17 anos, dos quais 131 est&atilde;o h&aacute; pelo menos seis meses sem ir ao m&eacute;dico ou sem voltar ao consult&oacute;rio para nova avalia&ccedil;&atilde;o. Dos jovens avaliados, 71 s&atilde;o do sexo masculino e 60, do feminino. A maioria foi infectada pela m&atilde;e durante o parto (transmiss&atilde;o vertical).</p> <p>De acordo com o infectologista Jean Gorinchteyn, do Em&iacute;lio Ribas, durante o per&iacute;odo de observa&ccedil;&atilde;o, os jovens em tratamento deveriam ter comparecido a pelo menos duas consultas, nas quais sua sa&uacute;de seria avaliada e o receitu&aacute;rio fornecido, para que os medicamentos fossem retirados gratuitamente na pr&oacute;pria farm&aacute;cia do instituto.</p> <p>&ldquo;As avalia&ccedil;&otilde;es cl&iacute;nicas devem ser feitas a cada tr&ecirc;s meses. Se ele n&atilde;o vem para a consulta, n&atilde;o recebe a receita e n&atilde;o retira o rem&eacute;dio&gt; Portanto, est&aacute; interrompendo o tratamento. Normalmente, s&atilde;o administradas de tr&ecirc;s a cinco drogas antirretrovirais, algumas combinadas, mas este n&uacute;mero pode ser reduzido a um comprimido s&oacute;, favorecendo muito a ades&atilde;o&rdquo;, explicou o m&eacute;dico.</p> <p> Gorinchteyn ressaltou que, uma vez iniciado o tratamento, ele jamais pode ser interrompido, e os hor&aacute;rios t&ecirc;m de ser seguidos com rigor. Segundo ele, a interrup&ccedil;&atilde;o do tratamento pode tornar o v&iacute;rus resistente &agrave; medica&ccedil;&atilde;o, ou seja, &quot;o v&iacute;rus deixa de ser sens&iacute;vel ao rem&eacute;dio e o organismo n&atilde;o responde ao tratamento&rdquo;.</p> <p>O infectologista informou que o Em&iacute;lio Ribas tem uma estrat&eacute;gia para buscar os pacientes, caso deixem de comparecer aos retornos m&eacute;dicos. A convoca&ccedil;&atilde;o &eacute; sempre direta, por telefone ou por telegrama. &Eacute; preciso avaliar que, apesar de serem menores de idade, que teoricamente teriam um adulto respons&aacute;vel por eles, a maioria desses adolescentes contraiu o HIV por transmiss&atilde;o vertical, na gesta&ccedil;&atilde;o da m&atilde;e contaminada.</p> <p>&ldquo;Isso quer dizer que muitas das m&atilde;es est&atilde;o doentes, ou j&aacute; n&atilde;o est&atilde;o mais vivas para cuidar dessas crian&ccedil;as. S&atilde;o jovens que podem estar sob cuidados de tutores ou respons&aacute;veis que, eventualmente, desconhecem o n&atilde;o comparecimento deles ao ambulat&oacute;rio. Muitas vezes, quando esses respons&aacute;veis foram questionados disseram acreditar que as crian&ccedil;as iam &agrave;s consultas.&rdquo;</p> <p>Para Gorinchteyn, a interrup&ccedil;&atilde;o do tratamento pode ocorrer pelo fato de jovens dessa faixa et&aacute;ria terem dificuldade para encarar uma doen&ccedil;a que precisa de acompanhamento constante e que j&aacute; &eacute; tratada desde o nascimento. &ldquo;Eles tamb&eacute;m recebem uma carga de preconceito, por estarem contaminados, mas sem ter a real culpa por isso. Assim, cria-se a dificuldade de aceita&ccedil;&atilde;o da doen&ccedil;a e das dificuldades de inser&ccedil;&atilde;o social&rdquo;, ressaltou o m&eacute;dico.</p> <p>Assim, os jovens acabam abandonando o tratamento, como se isso pudesse negar a exist&ecirc;ncia da aids, lamentou o m&eacute;dico. No entanto, disse ele, identificar esse tipo de abandono do jovem pelo cuidador n&atilde;o quer dizer exatamente que tenha havido neglig&ecirc;ncia, mas que existe dificuldade do jovem com rela&ccedil;&atilde;o &agrave; doen&ccedil;a e &agrave; necessidade de um tratamento regular, com regras e restri&ccedil;&otilde;es, o que pode ser dif&iacute;cil para uma pessoa dessa faixa et&aacute;ria. Gorinchteyn destacou que nenhuma consulta &eacute; feita sem a presen&ccedil;a de um maior de idade.</p> <p>&ldquo;O que queremos saber agora &eacute; quanto dessa n&atilde;o ades&atilde;o deve-se &agrave; falta de responsabilidade do tutor e quanto se deve &agrave; falta de disponibilidade do pr&oacute;prio paciente. Temos de ter essa parceria muito mais clara com o respons&aacute;vel, que n&atilde;o pode se submeter ao desejo do paciente, que, muitas vezes, encontra desculpas para n&atilde;o comparecer &agrave;s consultas&quot;, acrescentou o m&eacute;dico. Para ele, &eacute; preciso &quot;afinar o comportamento do cuidador&quot; quanto a essa press&atilde;o do paciente.</p> <p>De acordo com o infectologista destacou que &eacute; preciso acolher psicologicamente essas crian&ccedil;as e adolescentes e n&atilde;o se deixar levar pelas desculpas da crian&ccedil;a e levar em conta que sendo tutor &eacute; preciso assumir a responsabilidade do tratamento do menor de idade. Gorinchteyn chamou a aten&ccedil;&atilde;o ainda para o fato de que uma vez que o jovem n&atilde;o tem a preocupa&ccedil;&atilde;o em fazer o tratamento corretamente nada garante que ele v&aacute; ter rela&ccedil;&otilde;es sexuais com prote&ccedil;&atilde;o, podendo ent&atilde;o transmitir o v&iacute;rus.</p> <p><em>Edi&ccedil;&atilde;o: N&aacute;dia Franco</em></p> <p><em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. &Eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> adolescentes antirretrovirais consultório cuidador HIV/aids Instituto Emílio Ribas retornos médicos Saúde vírus HIV Thu, 18 Jul 2013 20:00:08 +0000 nfranco 725950 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/