veteranos https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/163771/all pt-br Supremo mantém arquivamento de ação penal por morte em trote na USP https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-06-06/supremo-mantem-arquivamento-de-acao-penal-por-morte-em-trote-na-usp <p>D&eacute;bora Zampier<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve hoje (6) o arquivamento de a&ccedil;&atilde;o penal contra quatro estudantes acusados de matar o calouro do curso de medicina da Universidade de S&atilde;o Paulo Edison Tsung Chi Hsueh. Ele morreu afogado durante trote dado pelos veteranos do curso em fevereiro de 1999. &nbsp;Com a decis&atilde;o, o STF abriu precedente para que as a&ccedil;&otilde;es penais sejam trancadas pelos tribunais antes mesmo da decis&atilde;o de primeira inst&acirc;ncia. &nbsp;</p> <p> O caso foi reconhecido como repercuss&atilde;o geral, e a decis&atilde;o deve ser aplicada em processos semelhantes em inst&acirc;ncias inferiores. A discuss&atilde;o principal era se o Superior Tribunal de Justi&ccedil;a (STJ), que trancou o processo em 2006, poderia ter tomado essa decis&atilde;o analisando as provas de forma superficial, pois o julgamento de primeiro grau n&atilde;o chegou a ocorrer.</p> <p> Para o Minist&eacute;rio P&uacute;blico, que apresentou o recurso ao Supremo, o STJ desrespeitou dois princ&iacute;pios constitucionais ao arquivar a a&ccedil;&atilde;o. O primeiro, o direito do Minist&eacute;rio P&uacute;blico de acusar. O segundo, o princ&iacute;pio do juiz natural, pois a inst&acirc;ncia correta para analisar as provas seria o Tribunal do J&uacute;ri em S&atilde;o Paulo, e n&atilde;o o STJ. &nbsp;</p> <p> Por placar de 5 votos a 3, a Corte manteve a a&ccedil;&atilde;o arquivada. Formaram a maioria os ministros Rosa Weber, C&aacute;rmen L&uacute;cia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Os tr&ecirc;s &uacute;ltimos entenderam que o STJ tem a compet&ecirc;ncia de trancar a a&ccedil;&atilde;o penal analisando as provas de forma superficial se a den&uacute;ncia n&atilde;o apontar responsabilidades de forma suficiente. &ldquo;Neste caso inexistem elementos id&ocirc;neos que possam justificar a persecu&ccedil;&atilde;o penal dos recorridos&rdquo;, destacou Celso de Mello.</p> <p> Os ministros tamb&eacute;m entenderam que o trancamento n&atilde;o implica o tolhimento do trabalho do Minist&eacute;rio P&uacute;blico. &ldquo;Sen&atilde;o toda vez que tiver decis&atilde;o que tranca a&ccedil;&atilde;o penal (...) o Minist&eacute;rio P&uacute;blico estaria sendo lesado. E a absolvi&ccedil;&atilde;o sum&aacute;ria seria inconstitucional&rdquo;, observou Gilmar Mendes. &nbsp;Para as ministras C&aacute;rmen L&uacute;cia e Rosa Weber, h&aacute; falha t&eacute;cnica no recurso, que n&atilde;o poderia ser apreciado pelo STF porque n&atilde;o trata de quest&otilde;es constitucionais. Elas destacaram, ainda, que esse tipo de recurso n&atilde;o pode ser usado para rever provas.</p> <p> Os votos pela manuten&ccedil;&atilde;o da a&ccedil;&atilde;o penal foram dos ministros Marco Aur&eacute;lio Mello, relator do processo, Teori Zavascki e Joaquim Barbosa, presidente da Corte. Eles entenderam que o STJ extrapolou sua fun&ccedil;&atilde;o ao extinguir a a&ccedil;&atilde;o analisando as provas superficialmente, suprimindo a etapa essencial do Tribunal do J&uacute;ri.</p> <p> Ao final do julgamento, Barbosa fez um duro discurso contra a maioria, pois entendeu que o STF estava impedindo a hist&oacute;ria de ser esclarecida. &ldquo;N&atilde;o ouvi da defesa nenhuma alega&ccedil;&atilde;o de que [os acusados] n&atilde;o participaram daquele ato b&aacute;rbaro. A quem incumbiria examinar, verificar se eles s&atilde;o ou n&atilde;o culpados, j&aacute; que houve morte? O tribunal do j&uacute;ri ou um &oacute;rg&atilde;o burocr&aacute;tico da Justi&ccedil;a brasileira em Bras&iacute;lia, o STJ?&rdquo;</p> <p> Para Barbosa, o Supremo frequentemente se equivoca ao focar em teses jur&iacute;dicas e se esquecer das vitimas. &ldquo;&Eacute; muito comum esquecer o fundo da quest&atilde;o. Um jovem sa&iacute;do de minoria &eacute;tnica brasileira foi v&iacute;tima de uma grande, imensa viol&ecirc;ncia, que resultou em sua morte e na de seus sonhos e dos de sua fam&iacute;lia. &Eacute; isso que dever&iacute;amos estar debatendo&rdquo;, disse ele.</p> <p><em>Edi&ccedil;&atilde;o: N&aacute;dia Franco</em></p> <p><em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir a mat&eacute;ria &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; </em><em><strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> ação penal calouro Justiça Ministério Público stf trote USP veteranos Thu, 06 Jun 2013 20:58:44 +0000 nfranco 722418 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/