desaparecidos na ditadura militar https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/162792/all pt-br Livro apresenta 1.200 casos de camponeses mortos e desaparecidos na ditadura militar https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-05-24/livro-apresenta-1200-casos-de-camponeses-mortos-e-desaparecidos-na-ditadura-militar <p>Luciano Nascimento<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; Cerca de 90 trabalhadores rurais sem terra acompanharam, nesta sexta-feira (24), o&nbsp; lan&ccedil;amento do livro <em>Camponeses Mortos e Desaparecidos: Exclu&iacute;dos da Justi&ccedil;a de Transi&ccedil;&atilde;o</em>. A obra pretende auxiliar a Comiss&atilde;o Nacional da Verdade (CNV) no reconhecimento oficial de 1.196 casos de camponeses mortos e desaparecidos no campo em fun&ccedil;&atilde;o das diversas formas de repress&atilde;o pol&iacute;tica e social entre setembro de 1961 e outubro de 1988, per&iacute;odo indicado pela Lei 9.140/1995 &ndash; a primeira a reconhecer que pessoas foram assassinadas pela ditadura militar (1964-1985).</p> <p> Apesar do n&uacute;mero expressivo (3,5 vezes acima do total de reconhecidos oficialmente como mortos por persegui&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica), apenas 51 casos foram analisados pela Comiss&atilde;o Especial de Mortos e Desaparecidos Pol&iacute;ticos (CEMDP) e, desses, 29 tiveram a causa da morte relacionada &agrave; quest&atilde;o pol&iacute;tica.</p> <p> &ldquo;&Eacute; importante para os trabalhadores rurais, para os camponeses brasileiros recuperar essa hist&oacute;ria, porque muito dessa hist&oacute;ria ainda &eacute; atual e o estado tem a responsabilidade de apurar os crimes e, com a Comiss&atilde;o da Verdade, fazer com que isso seja colocado a limpo&rdquo;, disse o coordenador do projeto Direito &agrave; Mem&oacute;ria e &agrave; Verdade, Gilney Viana, da Secretaria de Direitos Humanos da Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica (SDH), que elaborou o estudo que resultou no livro em parceria com a Comiss&atilde;o Camponesa da Verdade.&nbsp;</p> <p> De acordo com o livro, h&aacute; mortes durante o regime militar e tamb&eacute;m durante o regime civil. Quatro pessoas foram assassinadas antes do golpe de abril de 1964; 756 foram mortas durante a ditadura (sendo 432 na abertura pol&iacute;tica ap&oacute;s 1979); e 436 ap&oacute;s mar&ccedil;o de 1985, na transi&ccedil;&atilde;o civil (governo Sarney). Segundo o documento, o aumento da viol&ecirc;ncia no campo a partir da distens&atilde;o e ao longo da chamada Nova Rep&uacute;blica tem a ver com a organiza&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica dos trabalhadores rurais.</p> <p> Os estados que acumulam o maior n&uacute;mero de pessoas assassinadas (lideran&ccedil;as ou n&atilde;o) s&atilde;o o Par&aacute; (342 mortes); o Maranh&atilde;o (149 mortes); a Bahia (126 mortes); Pernambuco (86 mortes) e Mato Grosso (82 mortes). Mais de 96% dos assassinados eram homens.</p> <p> Grande parte das mortes n&atilde;o ocorreu pelas m&atilde;os dos &ldquo;agentes do Estado&rdquo; (policiais e militares), 15% do total (177 casos); mas por &ldquo;agentes privados&rdquo; (mil&iacute;cias e pistoleiros contratados). Na avalia&ccedil;&atilde;o de Viana, a participa&ccedil;&atilde;o de agentes do Estado nem sempre &eacute; t&atilde;o clara porque, no campo, a repress&atilde;o acabava sendo exercida pelos latifundi&aacute;rios. &quot;O poder do Estado l&aacute; era delegado a um fazendeiro, a um coronel que atuava &agrave;s vezes como preposto da ditadura. &Eacute; uma situa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica que exige uma nova interpreta&ccedil;&atilde;o da lei [que criou a Comiss&atilde;o dos Mortos e Desaparecidos Pol&iacute;ticos no Brasil]&quot;, defendeu.</p> <p> Sem-terra de Parauapebas no Par&aacute;, Francisco Moura, regi&atilde;o que permanece campe&atilde; em conflitos pela posse da terra, relata que alguns casos permanecem na mem&oacute;ria das novas gera&ccedil;&otilde;es. &ldquo;Como n&oacute;s moramos na regi&atilde;o que &eacute; das mais conflituosas hoje na quest&atilde;o da luta pela terra, n&oacute;s conhecemos muito a hist&oacute;ria de alguns desses personagens que est&atilde;o no livro&rdquo;, disse.</p> <p> A obra foi encaminhado &agrave; Comiss&atilde;o Nacional da Verdade que, na ter&ccedil;a-feira (21), fez o <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-21/comissao-da-verdade-apresenta-balanco-de-um-ano-de-atividades" target="_blank">balan&ccedil;o&nbsp; de seu primeiro ano </a>de atividades.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> camponeses mortos Cidadania Comissão Nacional da Verdade desaparecidos da regime militar desaparecidos na ditadura militar ditadura militar regime militar Sat, 25 May 2013 01:00:53 +0000 fabio.massalli 721520 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/