identidade nacional https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/153750/all pt-br Na América Latina, rádio cumpriu papel de integração, dizem especialistas https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-02-13/na-america-latina-radio-cumpriu-papel-de-integracao-dizem-especialistas <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/27/gallery_assist711153/prev/AgenciaBrasil130213EQUIPAMENTO%20USADO%20PELA%20R%C3%81DIO%20NACIONAL%20DA%20COL%C3%94MBIA%20NA%20D%C3%89CADA%20DE%201950124.jpg" style="float: right; width: 300px; height: 225px;" />Leandra Felipe<br /> <em>Correspondente da EBC<br /> </em></p> <p> Bogot&aacute; - Na hist&oacute;ria dos pa&iacute;ses latino-americanos, o r&aacute;dio cumpriu um papel de integra&ccedil;&atilde;o e foi um instrumento para consolidar a identidade nacional e cultural de cada na&ccedil;&atilde;o, apontam especialistas.</p> <p> O surgimento das emissoras de r&aacute;dio ocorreu entre as d&eacute;cadas de 1920 e 1930. Na Am&eacute;rica Latina, as primeiras r&aacute;dios comerciais e estatais foram orientadas e incentivadas por pol&iacute;ticas de governo em meio a guerras, planos nacionalistas e regimes militares.<br /> &nbsp;&nbsp;<br /> Coordenadora da fonoteca da R&aacute;dio Nacional da Col&ocirc;mbia (emissora p&uacute;blica colombiana), a historiadora Dora Brausin, observa que h&aacute; semelhan&ccedil;as entre os momentos vividos pelos pa&iacute;ses &agrave; &eacute;poca e a maneira como o r&aacute;dio foi utilizado.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/27/gallery_assist711153/prev/Dora%20Brausin%2C%20historiadora%20e%20coordenadora%20da%20Fonoteca%20da%20Radio%20Nacional%20da%20Col%C3%B4mbia.JPG" style="width: 300px; height: 225px; float: left; margin: 5px;" />Segundo ela, tudo come&ccedil;ou com os radioamadores, aficionados pelas transmiss&otilde;es radiof&ocirc;nicas, que transmitiam, entre outras coisas, &oacute;peras. &ldquo;Depois, as emissoras foram surgindo, ou criadas pelos governos, ou com apoio estatal, quando n&atilde;o privadas. Quase todas foram orientadas ao desenvolvimento regional&rdquo;, detalha a pesquisadora.</p> <p> A primeira transmiss&atilde;o radiof&ocirc;nica da regi&atilde;o ocorreu na Argentina, em agosto de 1920. O m&eacute;dico Enrique Tel&eacute;maco e tr&ecirc;s amigos conseguiram transmitir direto do Teatro Coliseo, em Buenos Aires, a &oacute;pera <em>Parsifal</em>. Ali surgiu tamb&eacute;m a primeira emissora do pa&iacute;s, a L.O.R R&aacute;dio Argentina.</p> <p> Pelo r&aacute;dio, o pa&iacute;s acompanhou a posse do presidente argentino Marcelo de Alvear, em 1922, e, no ano seguinte, a chamada &ldquo;luta do s&eacute;culo&rdquo;, entre os boxeadores Jack Dempsey e Luis &Aacute;ngel Firpo, direto de Nova York, nos Estados Unidos.</p> <p> No M&eacute;xico, a primeira r&aacute;dio surgiu em 1921, na cidade de Nuevo L&eacute;on, capital do estado de Monterrey. No ano seguinte, o presidente do pa&iacute;s, &Aacute;lvaro Obreg&oacute;n, concedeu incentivos fiscais &agrave; instala&ccedil;&atilde;o de emissoras privadas com a ideia de &ldquo;integrar o pa&iacute;s&rdquo;. Em 1923 foi inaugurada a r&aacute;dio XEB, na capital mexicana.</p> <p> Na Venezuela, a primeira esta&ccedil;&atilde;o surgiu em 1926, durante a ditadura de Juan Vicente G&oacute;mez. A Ayre come&ccedil;ou a operar em Caracas, com not&iacute;cias e humor. A emissora era dirigida pelo coronel Arturo Santana, que recebeu do governo venezuelano permiss&atilde;o para explorar a primeira emissora do pa&iacute;s.</p> <p> No Peru, a LIMA OAX-AM foi inaugurada em 1925. Em princ&iacute;pio, privada, a emissora foi estatizada, anos depois, e se tornou a R&aacute;dio Nacional do Peru. &nbsp;</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/27/gallery_assist711153/prev/DSC_0792.jpg" style="float: right;" />Na Col&ocirc;mbia houve algumas transmiss&otilde;es em Barranquilla, regi&atilde;o do Caribe colombiano, mas considera-se que a primeira r&aacute;dio do pa&iacute;s foi a estatal HJN, criada em 1929 pelo governo de Miguel Abad&iacute;a M&eacute;ndez.</p> <p> A emissora era ligada ao Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o e oferecia uma programa&ccedil;&atilde;o que alternava m&uacute;sica cl&aacute;ssica e boletins de not&iacute;cias, transmitidas de Bogot&aacute; ao restante do pa&iacute;s.</p> <p> &ldquo;Al&eacute;m de integrar a Col&ocirc;mbia, que tinha uma infraestrutura bastante prec&aacute;ria naquela &eacute;poca, a HJN serviu para refor&ccedil;ar a unidade do governo central e para manter o pa&iacute;s coeso, no momento em que viv&iacute;amos um conflito com o Peru&rdquo;, avalia a historiadora.</p> <p> De maneira geral, nas d&eacute;cadas de 1940 e 1950, as esta&ccedil;&otilde;es da regi&atilde;o viveram sua &ldquo;era dourada&rdquo;. O r&aacute;dio passa a ser ouvido nas casas, com programa&ccedil;&otilde;es dominicais de not&iacute;cias, radioteatros (radionovelas) e programas infantis.</p> <p> Durante os regimes militares, o r&aacute;dio serviu para difundir a pol&iacute;tica nacionalista de cada pa&iacute;s. Segundo a pesquisadora colombiana, houve isen&ccedil;&atilde;o de impostos para a compra de equipamentos pelas emissoras para melhorar a transmiss&atilde;o.</p> <p> &ldquo;A R&aacute;dio Nacional da Col&ocirc;mbia, por exemplo, transmitia os programas enviados pelos Estados Unidos. E do mesmo modo no Peru, Chile e outros pa&iacute;ses, que viveram sob regimes ditatoriais militares, apoiados pelo governo norte-americano&rdquo;, comenta Dora. &nbsp;</p> <p> Na Am&eacute;rica Latina, o r&aacute;dio tamb&eacute;m foi instrumento de educa&ccedil;&atilde;o. Algumas emissoras ofereciam cursos de alfabetiza&ccedil;&atilde;o e de profissionaliza&ccedil;&atilde;o. Isso ocorreu na Argentina, no M&eacute;xico, na Col&ocirc;mbia e em quase todo o continente. Atualmente, o ve&iacute;culo &eacute; bastante usado em plataformas educativas em Cuba e na Guatemala.</p> <p> Em meados dos anos 1980 e na d&eacute;cada de 1990, as emissoras latino-americana tamb&eacute;m come&ccedil;aram uma fase de maior intera&ccedil;&atilde;o e maior participa&ccedil;&atilde;o do ouvinte. E, atualmente, com a internet e o r&aacute;dio digital, o ve&iacute;culo vive um momento de transi&ccedil;&atilde;o.</p> <p> Segundo a professora Perla Olivia Rodr&iacute;guez, da Universidad Nacional Aut&oacute;noma do M&eacute;xico, o car&aacute;ter educativo e de difus&atilde;o cultural &eacute; o que permite que o r&aacute;dio se mantenha &ldquo;vivo&rdquo; nesse novo formato, integrado a novas linguagens, como a internet.</p> <p> &ldquo;Na era digital, o desafio do r&aacute;dio moderno &eacute; gerar conte&uacute;dos cada vez mais afinados com as necessidades da popula&ccedil;&atilde;o. Conte&uacute;dos que possam ser aproveitados de maneira interativa, como <em>podcasts</em>, sempre focando no desenvolvimento regional latino-americano&rdquo;, defende Perla.</p> <p> A pesquisadora colombiana Dora Brausin concorda com Perla quanto ao valor do r&aacute;dio, principalmente das emissoras p&uacute;blicas, na era digital. A estatal colombiana est&aacute; digitalizando todos os seus arquivos, conservados desde a funda&ccedil;&atilde;o da emissora, em 1940.</p> <p> Segundo Dora, a R&aacute;dio Nacional da Col&ocirc;mbia alcan&ccedil;a 80% do pa&iacute;s. Alguns ouvintes relatam que a programa&ccedil;&atilde;o &eacute; o &uacute;nico contato que eles t&ecirc;m com a capital, Bogot&aacute;, e com as informa&ccedil;&otilde;es de outras regi&otilde;es.</p> <p> &ldquo;Mesmo nos lugares em que a internet chega melhor que o nosso sinal, recebemos retorno dos ouvintes que nos escutam no <em>site</em> da emissora. Isso &eacute; fruto do servi&ccedil;o que oferecemos, e vejo isso acontecer no Brasil e nos demais pa&iacute;ses do continente. Se mantivermos o foco no cidad&atilde;o, o r&aacute;dio seguir&aacute; perto da popula&ccedil;&atilde;o latino-americana&rdquo;, destaca Dora.</p> <p> &nbsp;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: L&iacute;lian Beraldo</em></p> <p> &nbsp;</p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; </em><strong><em>Ag&ecirc;ncia Brasil</em></strong></p> América Latina Argentina Colômbia Dora Brausin emissoras identidade nacional integração Internacional Perla Olivia Rodríguez população rádio Transmissão Wed, 13 Feb 2013 10:54:13 +0000 lilian.beraldo 713774 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/