Campo de Ourique https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/153648/all pt-br Economista teme que recessão afete coesão social em Portugal https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-02-11/economista-teme-que-recessao-afete-coesao-social-em-portugal <p> Gilberto Costa<br /> <em>Corresponde da EBC</em></p> <p> Lisboa &ndash; A situa&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica de <a href="http:// http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-11/austeridade-fiscal-diminui-atividade-economica-e-aumenta-desigualdade-social-em-portugal">Portugal</a> e a perspectiva de corte nos gastos de prote&ccedil;&atilde;o social podem minar a coes&atilde;o da sociedade portuguesa. Os riscos s&atilde;o assinalados nas conclus&otilde;es do texto sobre proje&ccedil;&otilde;es econ&ocirc;micas de Portugal que comp&otilde;em o Boletim de Econ&ocirc;mico de Inverno 2012 do Banco de Portugal (BdP, o banco central portugu&ecirc;s) sobre as <a href="http://www.bportugal.pt/pt-PT/EstudosEconomicos/Publicacoes/BoletimEconomico/Publicacoes/bol_inverno12_p.pdf">proje&ccedil;&otilde;es econ&ocirc;micas</a>.</p> <p> Segundo o documento, o desafio do desenvolvimento econ&ocirc;mico passa pela conscientiza&ccedil;&atilde;o dos agentes econ&ocirc;micos e sociais da necessidade e dos benef&iacute;cios de reformas que assegurem n&iacute;veis de bem-estar compat&iacute;veis com a manuten&ccedil;&atilde;o do consenso institucional e da coes&atilde;o social.</p> <p> Para a economista, Manuela Silva as medidas em vigor no Or&ccedil;amento do Estado 2013 j&aacute; interferem na coes&atilde;o social. &ldquo;Mexer arbitrariamente nas remunera&ccedil;&otilde;es dos funcion&aacute;rios ou dos pensionistas &eacute; introduzir um fator de desconfian&ccedil;a na rela&ccedil;&atilde;o com o Poder P&uacute;blico e isso &eacute; una perda consider&aacute;vel e que ningu&eacute;m faz c&aacute;lculo de quanto representa em ternos de coes&atilde;o social&rdquo;, diz, se referindo &agrave; medida que alterou o pagamento dos subs&iacute;dios de f&eacute;rias e de Natal (13&ordm; sal&aacute;rio) de funcion&aacute;rios p&uacute;blicos e pensionistas para diminuir o impacto do aumento de impostos.</p> <p> O sentimento de perda de confian&ccedil;a no Estado a que se refere a economista &eacute; facilmente verificado nas ruas de Lisboa. &ldquo;Eu j&aacute; nem penso que terei reforma [aposentadoria] sequer. Isso revolta, acho injusto! Dizem que a Seguridade Social n&atilde;o vai ter dinheiro. Se n&atilde;o vai ter dinheiro, porque eu estou [dando] meu dinheiro para eles, se quando chegar a ninha idade [de aposentar] eu n&atilde;o vou ter?&rdquo;; questiona Cristiana Almeida, dona de um caf&eacute; no bairro de Campo de Ourique.</p> <p> Cristiana cita a situa&ccedil;&atilde;o da m&atilde;e, que ainda n&atilde;o &eacute; aposentada e, sem conseguir emprego e tendo mais de 60 anos tenta viver com o seguro desemprego de 390 euros (cerca de R$ 1.050) - 30 euros a menos que recebia em dezembro. &ldquo;Trabalhei e sempre fui fiel ao Estado. No final, levo isso&rdquo;, queixa-se Natividade Moreira (m&atilde;e de Cristiana); que tem outra filha morando na Inglaterra porque n&atilde;o consegue emprego com o enfermeira em Portugal.</p> <p> Fora os riscos &agrave; coes&atilde;o social e de falta de confian&ccedil;a no Estado; a economista Manuela Silva assinala que a crise econ&ocirc;mica tem alterado os arranjos familiares. Al&eacute;m dos parentes que imigram, tem sido comum os filhos voltarem a morar com os pais. Segundo ela, h&aacute; at&eacute; &ldquo;fam&iacute;lias que retiram os pais dos lares [de idosos] para aproveitar a pens&atilde;o [deles] e [complementar a renda familiar]&rdquo;. A economista prepara para depois do carnaval a confer&ecirc;ncia <a href="http://www.economiacomfuturo.org//pages/pt/entrada.php">Economia com Futuro</a> para discutir os problemas da crise e as perspectivas de Portugal.</p> <p> A renda das fam&iacute;lias tem sido afetada com o desemprego e com o aumento de gastos, como por exemplo o pagamento de despesas antes cobertas pelo Estado - que agora exige (conforme o tipo de doen&ccedil;a, atendimento e rem&eacute;dio) maior contrapartida dos usu&aacute;rios do sistema nacional de sa&uacute;de p&uacute;blica.</p> <p> A previs&atilde;o do BdP &eacute; que o quadro econ&ocirc;mico continue ruim ao longo do ano e s&oacute; volte a melhorar em 2014. &ldquo;As proje&ccedil;&otilde;es para a economia portuguesa apontam para a manuten&ccedil;&atilde;o, em 2013, do quadro recessivo&rdquo;. Segundo a avalia&ccedil;&atilde;o, al&eacute;m de mudan&ccedil;as no Estado social o pa&iacute;s &nbsp;vive um &ldquo;processo de reestrutura&ccedil;&atilde;o do setor produtivo&rdquo; que &ldquo;n&atilde;o deixar&aacute; de implicar tamb&eacute;m a destrui&ccedil;&atilde;o de postos de trabalho&rdquo;.</p> <p> Para o governo essa reestrutura&ccedil;&atilde;o produtiva que ocasiona desemprego &eacute; necess&aacute;ria e &eacute; a sa&iacute;da para a perda de competitividade das empresas em Portugal. Da mesma forma, a diminui&ccedil;&atilde;o do Estado social &eacute; o meio escolhido para diminuir os desequil&iacute;brios entre a receita e a despesa p&uacute;blica; e evitar a necessidade de mais endividamento. &ldquo;A perda de competitividade registada na primeira d&eacute;cada do s&eacute;culo 21 &eacute; a par do aumento do endividamento p&uacute;blico e privado, um dos principais desequil&iacute;brios a corrigir&rdquo;, disse h&aacute; poucos dias o ministro das Finan&ccedil;as, V&iacute;tor Gaspar, em evento na Associa&ccedil;&atilde;o Industrial Portuguesa.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Tereza Barbosa</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. 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