Silvana Kruz Braga https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/149034/all pt-br Estudantes da periferia de São Paulo encenam espetáculos para defender cultura de paz https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-12-05/estudantes-da-periferia-de-sao-paulo-encenam-espetaculos-para-defender-cultura-de-paz <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/27/gallery_assist709430/prev/AgenciaBrasil051212MCSP2.JPG" style="margin: 8px; width: 300px; float: right; height: 225px" />Camila Maciel<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia</em></p> <p class="rtejustify"> S&atilde;o Paulo - &ldquo;Nada &eacute; defeito, nem qualidade. Tudo &eacute; humano e bem diferente. Assim, assado, todos s&atilde;o gente. Cada um na sua e n&atilde;o faz mal. Diversidade &eacute; o que &eacute; legal&rdquo;. O trecho do<em> rap </em>produzido por alunos do ensino m&eacute;dio de uma escola estadual de S&atilde;o Paulo &eacute; exemplo de como o discurso da toler&acirc;ncia tem chegado de forma diferente a 27 escolas paulistanas. Os 430 alunos que participaram da segunda edi&ccedil;&atilde;o do Projeto Di&aacute;logo com o Teatro apresentaram hoje (5), no bairro do Cap&atilde;o Redondo, o resultado das atividades sobre cultura de paz feitas pelo Instituto Sou da Paz.</p> <p class="rtejustify"> &ldquo;Mudar a viol&ecirc;ncia que est&aacute; l&aacute; fora pode come&ccedil;ar aqui dentro. Todo mundo passa pela escola, e o aprendizado daqui a gente leva pra sempre&rdquo;, disse o aluno do 3&ordm; ano Reifra Ara&uacute;jo, 17 anos. Ele apresentou a pe&ccedil;a <em>Diversidade &Eacute; que &Eacute; legal </em>junto com os colegas da Escola Estadual Rep&uacute;blica do Panam&aacute;, no Jardim S&atilde;o Lu&iacute;s, tamb&eacute;m da zona sul da cidade.</p> <p class="rtejustify"> O projeto, que come&ccedil;ou em escolas das regi&otilde;es central, norte e oeste, chegou a &aacute;reas de alto &iacute;ndice de viol&ecirc;ncia. &ldquo;Historicamente, essa regi&atilde;o&nbsp;[a zona sul] continua sendo a que mais morre gente&rdquo;, destacou Cainan Baladez, coordenador do projeto Di&aacute;logo com o Teatro. Esta edi&ccedil;&atilde;o re&uacute;ne comunidades de Parais&oacute;polis, Cap&atilde;o Redondo, Jardim &Acirc;ngela e Jardim S&atilde;o Luiz. As apresenta&ccedil;&otilde;es ocorrem no Centro Educacional Unificado (CEU) do Cap&atilde;o Redondo.</p> <p class="rtejustify"> O Instituto Sou da Paz, que encabe&ccedil;a a iniciativa em parceria com a Secretaria de Estado da Educa&ccedil;&atilde;o, acredita que a escola &eacute; espa&ccedil;o privilegiado para tratar o tema da viol&ecirc;ncia. &ldquo;A escola &eacute; um dos primeiros grandes espa&ccedil;os de conviv&ecirc;ncia. &Eacute; onde existe o conflito, mas ele deve ser encarado como algo natural, esperado. Temos a oportunidade de discutir como solucionar estas quest&otilde;es de forma dialogada, pac&iacute;fica&rdquo;, defendeu Ricardo Melo, coordenador da &aacute;rea de preven&ccedil;&atilde;o do instituto.</p> <p class="rtejustify"> Os estudantes foram orientados por 48 professores-mediadores que participaram de 12 encontros de forma&ccedil;&atilde;o com a coordena&ccedil;&atilde;o do projeto. No retorno &agrave;s escolas, eles apresentaram a proposta aos alunos de discutir e formatar uma cena sobre o tema da cultura de paz. &ldquo;Para falar de paz, eles acabam utilizando os exemplos cotidianos de viol&ecirc;ncia&rdquo;, explica a professora Silvana Kruz Braga, que coordenou os trabalhos na escola Rep&uacute;blica do Panam&aacute;.</p> <p class="rtejustify"> Xingamentos, brigas nos intervalos, intrigas, desrespeito entre colegas e professores e uso do celular foram alguns dos assuntos abordados pelos estudantes nos espet&aacute;culos. A turma da Andressa Karoline Souza, 17 anos, escolheu um tema que afeta especialmente as novas gera&ccedil;&otilde;es: o <em>cyberbullying</em> [pr&aacute;tica que envolve o uso da internet para agredir ou agir de forma hostil com colegas]. &ldquo;A gente viveu essa situa&ccedil;&atilde;o na nossa escola e quis mostrar isso na pe&ccedil;a. &Eacute; uma forma de retomar a hist&oacute;ria e explicar direitinho como tudo aconteceu&rdquo;, explicou Andressa.</p> <p class="rtejustify"> Tiffany &eacute; a personagem principal do espet&aacute;culo O que todos veem, alguns enxergam. &ldquo;Ela passa por uma situa&ccedil;&atilde;o dif&iacute;cil, porque um v&iacute;deo da intimidade dela foi parar na internet&rdquo;, conta a estudante. Na pe&ccedil;a, Andressa repassa o v&iacute;deo para toda a escola e cr&iacute;ticas &agrave; atitude da colega. &ldquo;Ningu&eacute;m fez quest&atilde;o de saber a verdade dela. Na vida real, a menina precisou sair da escola. N&atilde;o teve viol&ecirc;ncia f&iacute;sica, mas foi at&eacute; mais grave&rdquo;, avalia.</p> <p class="rtejustify"> Cainan Baladez, o coordenador do projeto, ressalta que o trabalho feito nas escolas n&atilde;o deve ser o &uacute;nico instrumento para constru&ccedil;&atilde;o de uma cultura de paz. &ldquo;A escola &eacute; reflexo [da viol&ecirc;ncia] na sociedade, mas tamb&eacute;m &eacute; produtora. Ela deve ser vista como priorit&aacute;ria para quebrar esse ciclo de viol&ecirc;ncia, mas, na sua forma atual, ainda n&atilde;o consegue fazer isso&rdquo;, avalia.</p> <p class="rtejustify"> A professora M&aacute;rcia Rodrigues, da Escola Estadual Waldir Rodolpho de Castro, no Cap&atilde;o Redondo, ficou surpresa com o n&iacute;vel de aprofundamento sobre o tema que os alunos alcan&ccedil;aram. &ldquo;Trabalhar o tema com teatro facilitou bastante. No discurso, as coisas n&atilde;o apareciam. Quando a gente vai para cena, aparece muito mais conte&uacute;do do que s&oacute; na fala&rdquo;, relatou. Ela conta que, apesar de terem selecionado o tema do <em>bullying</em> para a encena&ccedil;&atilde;o, outros temas fizeram parte do debate, como homofobia e autoritarismo de professores.</p> <p class="rtejustify"> O coordenador do projeto avalia que a principal conquista da iniciativa &eacute; romper com a l&oacute;gica de encontrar os culpados para o problema da viol&ecirc;ncia na escola. &ldquo;Havia uma leitura reducionista da viol&ecirc;ncia escolar. A preocupa&ccedil;&atilde;o era procurar e punir o culpado. Normalmente, a fam&iacute;lia era a mais apontada. A gente faz o trabalho de transformar para uma vis&atilde;o mais sist&ecirc;mica, identificando as v&aacute;rias causas. &Eacute; preciso atuar com esse olhar. O que explode como viol&ecirc;ncia nasce em outro lugar, normalmente n&atilde;o &eacute; no ato em si&rdquo;, defendeu.</p> <p> &nbsp;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o Beto Coura</em></p> Andressa Karoline Souza Cainan Baladez Diversidade é que é legal Educação Escola Estadual República do Panamá Instituto Sou da Paz Professora Márcia Rodrigues Projeto Diálogo com o Teatro Reifra Araújo Silvana Kruz Braga Wed, 05 Dec 2012 19:27:49 +0000 alberto.coura 709425 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/