afazeres domésticos https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/146703/all pt-br Mulheres reconhecem que trabalho doméstico é desgastante e desvalorizado https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-03/mulheres-reconhecem-que-trabalho-domestico-e-desgastante-e-desvalorizado <p> Renata Giraldi<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil </em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; As mulheres costumam dizer que cumprem jornadas duplas e triplas diariamente, pois, al&eacute;m da atividade profissional fora de casa, desempenham v&aacute;rias atividades dom&eacute;sticas. Em Bras&iacute;lia, muitas mulheres reclamam que o trabalho dom&eacute;stico &eacute; desgastante e desvalorizado. Independentemente do n&iacute;vel econ&ocirc;mico, da idade e da escolaridade, as queixas s&atilde;o semelhantes.</p> <p> A vendedora de cosm&eacute;ticos Marcela Amaral dos Santos, de 32 anos, casada e m&atilde;e de um menino, relata que &eacute; obrigada a &ldquo;fazer tudo em casa&rdquo; porque n&atilde;o tem dinheiro para pagar uma ajudante. &ldquo;Em casa, fa&ccedil;o as tarefas todas, levo, passo, cozinho. Meu marido at&eacute; ajuda, mas sou eu quem fa&ccedil;o tudo&rdquo;, disse Marcela. &ldquo;&Eacute; um servi&ccedil;o muito desvalorizado porque s&atilde;o v&aacute;rias atividades que n&atilde;o t&ecirc;m reconhecimento. [Sinceramente?] o servi&ccedil;o todo vale R$ 1 mil, no m&iacute;nimo.&rdquo;</p> <p> A dona de casa Maria de F&aacute;tima Cardoso Oliveira, de 61 anos, casada e m&atilde;e de quatro filhos, disse que nunca trabalhou fora e defende que o trabalho dom&eacute;stico seja reconhecido, pois ocupa &ldquo;praticamente todo o tempo&rdquo; de uma pessoa.</p> <p> &ldquo;Nunca trabalhei fora, sempre fui dona de casa. Fazia tudo, lavava, cozinhava. Tudo na casa quem faz sou eu. Meu marido era quem trabalhava, eu mesmo ficava em casa cuidando dos filhos e agora com os netos. A gente em casa faz muita coisa e &eacute; o dia inteiro cuidando disso e daquilo, a gente n&atilde;o tem sossego&rdquo;, disse ela.</p> <p> A aposentada Maria de Lourdes Bispo, de 65 anos, casada e m&atilde;e de quatro filhos, disse que quando trabalhava fora mantinha empregadas em casa, mas agora tem apenas uma diarista duas vezes por semana. &ldquo;Nos outros dias, a gente vai se virando porque somos s&oacute; meu marido e eu em casa. Um dia eu cozinho outro dia &eacute; ele e vamos indo assim&rdquo;.</p> <p> Sem obriga&ccedil;&otilde;es dom&eacute;sticas fixas, a estudante Let&iacute;cia Gomes Sampaio, de 23 anos, disse que, em geral, essas atividades s&atilde;o desempenhadas pela m&atilde;e, mas reconheceu que vez por outra colabora com ela.</p> <p> &ldquo;De vez em quando eu lavo a lou&ccedil;a e fa&ccedil;o comida&rdquo;, ressaltou a estudante. &ldquo;[Acho que] teria de pagar mais do que um sal&aacute;rio m&iacute;nimo, porque &eacute; muita coisa e &eacute; todo o dia. Lavar roupa, fazer comida e cuidar dos filhos. Acho que esse trabalho vale uns R$ 2 mil [por m&ecirc;s].&rdquo;<br /> &nbsp;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Juliana Andrade</em></p> afazeres domésticos Economia mão de obra mulheres Nacional pesquisa PIB professores tarefas domésticas trabalho trabalho doméstico trabalho não remunerado UFF Sat, 03 Nov 2012 12:16:58 +0000 julianas 707091 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/ Incluir trabalho doméstico no cálculo do PIB acaba com invisibilidade de certas atividades, dizem pesquisadores https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-03/incluir-trabalho-domestico-no-calculo-do-pib-acaba-com-invisibilidade-de-certas-atividades-dizem-pesq <p> Renata Giraldi<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil&nbsp;</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; Lavar, passar, fazer comida, cuidar da casa, levar as crian&ccedil;as para escola e todos os detalhes di&aacute;rios da manuten&ccedil;&atilde;o de uma estrutura familiar valem, em m&eacute;dia, R$ 1,5 mil por m&ecirc;s, segundo tr&ecirc;s pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF). Eles concluem tamb&eacute;m que, em m&eacute;dia, as mulheres ocupam em afazeres dom&eacute;sticos o dobro do tempo que os homens gastam com as mesmas tarefas.</p> <p> Com base no estudo de 2001 a 2010, os professores defendem que essas atividades classificadas de &ldquo;trabalho n&atilde;o remunerado e de invisibilidade&rdquo; sejam inclu&iacute;das no c&aacute;lculo do Produto Interno Bruto (PIB) de cada pa&iacute;s. O PIB &eacute; a soma de todos os bens e servi&ccedil;os produzidos na economia de uma na&ccedil;&atilde;o.&nbsp;</p> <p> A proposta dos professores do Departamento de Economia da UFF Hildete Pereira de Melo, Claudio Monteiro Considera e Alberto Di Sabbato esbarra, por&eacute;m, em resist&ecirc;ncias da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU). Segundo os pesquisadores, se os afazeres forem contabilizados, revelar&atilde;o o tamanho dos servi&ccedil;os criados pela m&atilde;o de obra n&atilde;o remunerada. Para chegar ao valor de R$ 1,5 mil, os professores consideraram o gasto m&eacute;dio com a remunera&ccedil;&atilde;o da empregada dom&eacute;stica.</p> <p> A conclus&atilde;o dos pesquisadores, que fazem o estudo desde 2001, &eacute; que no Brasil os afazeres dom&eacute;sticos correspondem a cerca de 12,76% do PIB. Em 2004, por exemplo, representaram R$ 225,4 bilh&otilde;es. Desse total, 82% (cerca de R$ 185 bilh&otilde;es) foram gerados pelas atividades desempenhadas por mulheres.&nbsp;</p> <p> &ldquo;No mundo inteiro est&atilde;o sendo feitos esses c&aacute;lculos para ressaltar [o peso das atividades n&atilde;o remuneradas na economia]. A ideia &eacute; que, ao n&atilde;o se contar no PIB, esses afazeres s&atilde;o desvalorizados pela sociedade. Lembro que &eacute; dito que uma mulher que trabalha em casa n&atilde;o trabalha&rdquo;, disse &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil </strong>Claudio Considera.</p> <p> Hildete Pereira de Melo, que &eacute; coordenadora de Programas de Educa&ccedil;&atilde;o e Cultura da Secretaria de Pol&iacute;ticas P&uacute;blicas para as Mulheres, defende que a inclus&atilde;o dos gastos de atividades n&atilde;o remuneradas no c&aacute;lculo do PIB contribuir&aacute; para acabar com a &ldquo;invisibilidade do trabalho dom&eacute;stico&rdquo;.</p> <p> &ldquo;A iniciativa mudaria a percep&ccedil;&atilde;o da mulher na sociedade. N&atilde;o &eacute; por nada que a sociedade ignora esse tipo de trabalho. H&aacute; um certo obscurantismo nessas tarefas. Milenarmente isso ocorre. Mensurar esses gastos &eacute; mudar a percep&ccedil;&atilde;o, &eacute; empoderar as mulheres em rela&ccedil;&atilde;o ao trabalho n&atilde;o remunerado&rdquo;, disse Hildete Melo.</p> <p> Claudio Considera e Hildete Melo ressaltam que, ao n&atilde;o avaliar as atividades dom&eacute;sticas das pessoas, refor&ccedil;a-se no pa&iacute;s o conceito de &ldquo;invisibilidade&rdquo; que caracteriza esses afazeres e a &ldquo;inferioridade do papel da mulher na sociedade&rdquo;. O estudo dos pesquisadores usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic&iacute;lios (Pnad) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE).&nbsp;</p> <p> Os pesquisadores destacam tamb&eacute;m que, em v&aacute;rios pa&iacute;ses inclusive o Brasil, mulheres optam por ficar em casa e n&atilde;o trabalhar devido &agrave; baixa remunera&ccedil;&atilde;o oferecida no mercado de trabalho. Os professores acrescentam que, nos pa&iacute;ses desenvolvidos, o valor pago para afazeres dom&eacute;sticos &eacute; elevado e nem sempre acess&iacute;vel.&nbsp;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Tereza Barbosa</em></p> afazeres domésticos Economia mão de obra mulheres Nacional pesquisa PIB professores tarefas domésticas trabalho trabalho doméstico trabalho não remunerado UFF Sat, 03 Nov 2012 12:12:25 +0000 julianas 707090 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/